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Policiais impedem avanço de manifestação contra Maduro em Caracas, na Venezuela — Foto: Carlos Jasso/Reuters

Venezuela tem dia de protestos contra e a favor do regime de Maduro

As manifestações foram convocadas pelo presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, e pelo presidente Nicolás Maduro, em meio ao agravamento da crise no país.

Opositores e apoiadores do regime de Nicolás Maduro foram às ruas neste sábado (9) para protestar na Venezuela, em meio ao agravamento da crise no país, que vive um problema de falta de energia em diversas regiões há várias horas.

Enquanto várias áreas do país ainda sofrem com o apagão, que afetou inclusive o estado brasileiro de Roraima, opositores do presidente foram às ruas de Caracas para pedir sua renúncia e melhores condições de vida. Houve confrontos com a polícia.

Juan Guaidó, líder da oposição e presidente autoproclamado, esteve presente na manifestação e discursou para a multidão durante cerca de trinta minutos. “Não há nenhuma opção para sair disso que não seja pela mobilização na ruas”, disse.Juan Guaidó faz pronunciamento durante protesto contra Maduro em Caracas — Foto: Cristian Hernandez/AFPJuan Guaidó faz pronunciamento durante protesto contra Maduro em Caracas — Foto: Cristian Hernandez/AFP

Já os partidários de Maduro se reuniram para protestar contra o que avaliam ser um processo de “sabotagem” à Venezuela. Eles levaram cartazes com mensagens de apoio ao presidente. Durante o ato, Nicolás Maduro criticou ataques às estações elétricas venezuelanas que, segundo ele, seriam a origem do apagão que já dura mais de 45 horas em alguns estados do país.Nicolás Maduro participa de ato a favor de seu governo após apagão nacional — Foto: Manaure Quintero/ReutersNicolás Maduro participa de ato a favor de seu governo após apagão nacional — Foto: Manaure Quintero/Reuters

“Fui informado de que houve um processo de falha geral do serviço elétrico. A partir daquele segundo tomei as rédeas. Nós fizemos a manobra de recuperação que geralmente é feita. Mas nós vivemos há anos em uma guerra elétrica”, disse Maduro em sua primeira aparição pública desde o início do blecaute.

Confrontos em protesto contra Maduro

Quando os manifestantes começaram a se reunir para começar a manifestação, a polícia impediu a concentração, alegando que as pessoas poderiam protestar apenas em outra zona da cidade de Caracas. A polícia chegou a utilizar bombas de gás lacrimogêneo contra os participantes do protesto.

Além disso, três pessoas que carregavam estruturas para erguer uma plataforma no local foram detidas pela polícia, de acordo com a agência de notícias EFE. A plataforma seria utilizada para discurso do líder de oposição Juan Guaidó.

Em confrontos com policiais, os opositores de Maduro gritavam “fora”, “assassinos”, “sim, se pode” e “não tenho medo”. Houve empurrões entre agentes e manifestantes. Uma idosa chegou a desmaiar e foi carregada por policiais.

Em meio aos confrontos, no entanto, diversos participantes do protesto tentavam convencer os policiais a aderirem à manifestação contra o governo. “A polícia bate em nós, embora sofra da mesma calamidade”, disse à Reuters Lilia Trocel, que tem 58 anos e é comerciante. “Eu ainda não tenho energia e perdi parte da minha comida.” Manifestante é carregada por policial durante protesto contra Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela — Foto: Carlos Garcia Rawlins/ReutersManifestante é carregada por policial durante protesto contra Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela — Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Um manifestante disse a repórteres que Maduro é responsável pela grave crise econômica pela qual a Venezuela está passando, dizendo estar “cansada” de lidar com a emergência. “Fora, Maduro, não o queremos. Isso tem que acabar, já basta”, afirmou, sem se identificar.

Outra manifestante disse à Reuters que protesta pela falta de remédios e serviços básicos, como luz e água. “Precisamos de liberdade, e isso diz alguém que era revolucionária e se cansou”, afirmou emocionada.

Apoiadores de Maduro Manifestante pró-Maduro leva cartaz com imagens de Hugo Chavez e Simon Bolívar. — Foto: Cristian Hernandez / AFPManifestante pró-Maduro leva cartaz com imagens de Hugo Chavez e Simon Bolívar. — Foto: Cristian Hernandez / AFP

Caracas também teve manifestações em apoio ao presidente venezuelano. Os participantes levaram cartazes com imagens do ex-presidente Hugo Chavez e de Simon Bolívar. “Contra o amor de Chavez não poderão”, dizia um deles. A manifestação também teve a presença de representantes da milícia bolivariana venezuelana, que apoia Maduro.  Protesto a favor de Maduro em Caracas, na Venezuela — Foto: Cristian Hernandez / AFP

Protesto a favor de Maduro em Caracas, na Venezuela — Foto: Cristian Hernandez / AFP

Líderes convocaram manifestações

A manifestação contra o governo foi convocada pelo presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó. Maduro também pediu que seus partidários que manifestassem nas ruas.

Em seu perfil no Twitter, Guaidó voltou a incentivar a manifestação neste sábado. “Acham que nos vão meter medo hoje, mas vão levar uma surpresa do povo e da rua”, escreveu.

O presidente autoproclamado, reconhecido por cerca de 50 países, afirmou ainda que não é mais possível “conter um povo que está decidido a concretizar a interrupção da usurpação”, em referência à permanência de Maduro na presidência.

Já Maduro usou sua conta no Twitter neste sábado para dizer que “os bolivarianos e bolivarianas erguem orgulhosamente a bandeira nacional com suas 8 estrelas, em conformidade com a vontade do Libertador Simón Bolívar”

“Nossa bandeira continuará a voar livre e vitoriosa. Viva a pátria!”, escreveu Maduro.

Apagão

O serviço de eletricidade começou a ser restabelecido aos poucos em Caracas e outras regiões da Venezuela, informou a agência France Presse, após um apagão de quase 24 horas que afeta todo o território. Trata-se do pior blecaute já registrado no país.

No entanto, vários estados do país seguem sem luz há cerca de 45 horas. Em algumas regiões a energia foi restabelecida apenas por algumas horas, segundo a agência EFE.

O governo de Maduro alegou que o apagão que ocorreu no país foi um “ataque” e culpou os Estados Unidos e seus aliados latino-americanos pelo caos no país.

“Começamos a manobra de recuperação. Às 19h de quinta-feira, o processo de recuperação estava no caminho certo quando recebemos um ataque cibernético internacional contra o cérebro de nossa empresa de eletricidade que automaticamente derrubou todo o processo de reconexão”, disse durante ato realizado no sábado.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, qualificou o apagão como uma “agressão deliberada” por parte dos Estados Unidos e anunciou uma “mobilização” da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), sem dar maiores detalhes. “Uma agressão que sem dúvida foi preparada, deliberada e bem planejada, como sabe bem fazer o império americano”, disse Padrino à TV.

Enquanto isso, organizações não governamentais denunciaram que a falta de fornecimento de energia e o mau funcionamento, ou a falta de geradores de emergência em hospitais públicos, provocaram, na sexta-feira, as mortes de um recém-nascido e de um adolescente de 15 anos em Caracas, de acordo com a agência Reuters. Pessoas usam celulares durante apagão em Caracas, no dia 7 de março — Foto: Matias Delacroix/AFPPessoas usam celulares durante apagão em Caracas, no dia 7 de março — Foto: Matias Delacroix/AFP

A instabilidade no sistema de energia da Venezuela preocupa o estado brasileiro de Roraima, que faz fronteira com o país e que também sofreu com quedas de energia pontuais. O estado depende da rede de energia venezuelana e é o único que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro. Segundo a Roraima Energia, o sistema elétrico do estado está sendo mantido 100% por usinas termelétricas. O problema teve início ainda na quinta-feira (7), após identificação de dois desligamentos na interligação Venezuela-Brasil.

Do G1