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Universitário que fez post racista em rede social diz que foi ‘infeliz’ em comentário

Estudante alega que só percebeu a ofensa depois da repercussão. Em carta de repúdio, UNE classifica o comportamento de defensores do aluno como “naturalização do racismo”.

O estudante de agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que causou polêmica ao postar uma mensagem racista no Facebook, disse que só notou que havia cometido um erro depois da repercussão. No dia 12 deste mês, ele publicou uma mensagem dizendo que lamentava o fim da venda de negros: “Gosto muito de negros, tenho amigos negros e tal. Só fico triste porque pararam de vender”. A atitude dele foi repudiada pelo Coletivo Negro da UFMT e União Nacional dos Estudantes em Mato Grosso (UNE).

“Eu fiz a postagem sem a menor intenção de ofender alguém e, quando vi a repercussão, apaguei o comentário e publiquei uma mensagem pedindo desculpas. Eu sei que o que fiz foi errado. Fui infeliz na nota”, declarou o estudante ao G1.

Ele contou que depois da publicação começou a receber ameaças e que, por isso, desativou o perfil na rede social. “Meu perfil estava sendo atacado. Eu sofri ameaças de todos os tipos e desativei o meu perfil”, afirmou.

O estudante disse que tem amigos negros e que, inclusive, depois que a postagem virou alvo de polêmica, muitas pessoas negras o defenderam, dizendo que o conheciam e que ele era “gente boa”. “A maioria das pessoas que me defenderam é negra. O racismo está tão longe da minha realidade que eu publiquei sem pensar nisso. Fui ingênuo”, alegou.

Denúncia
O Coletivo Negro da UFMT informou que nesta semana vai fazer uma reunião com representantes de organizações sociais e que até a semana que vem irá protocolar no Ministério Público Estadual (MPE) uma ação conjunta contra o estudante.

Repúdio
Em uma carta divulgada nesta terça-feira (18), a União Nacional dos Estudantes em Mato Grosso repudiou a atitude do estudante, considerando a história de sofrimento e a luta dos negros.

“Historicamente o povo preto sofre com a expressão do racismo mundialmente. No Brasil um dos últimos países a abolir a escravidão o racismo expressa-se nas mais diversas formas. É sabido que o povo preto sofre um genocídio, por nós compreendidos como estrutural em nossa sociedade”, diz trecho do documento.

Para a entidade, o povo negro não usufrui de tudo o que produz e é cada vez mais explorado e oprimido.

“Todos os dias vários/as jovens pretos/as são violentados/as física, psicologicamente e simbolicamente com a invisibilidade social nas periferias, morros e favelas do país. Sendo marginalizados e criminalizados de gerações a gerações”, repudia.

Além da postagem, os movimentos sociais repudiaram os comentários e reações de amigos do estudante na rede social. A UNE diz, no documento, que muitas pessoas defenderam a atitude do estudante, com o discurso de que ele não é racista porque tem amigos negros, e classificam o comportamento de a “naturalização do racismo”.

Fonte: G1