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Pessoas se abrigam na mureta da Avenida Brasil durante o tiroteio — Foto: Reprodução de vídeo

Tiroteio no Complexo de Israel atinge helicóptero da PM e fecha principais vias do Rio

Traficante Peixão, que controla o Complexo de Israel, estaria em uma casa na Cidade Alta, segundo inteligência da polícia

Uma operação conjunta das polícias Civil e Militar no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou no fechamento da Avenida Brasil e da Linha Vermelha na tarde desta quarta-feira (14). As interdições, que duraram cerca de uma hora, ocorreram na altura da Cidade Alta, em Cordovil, e causaram impacto no trânsito da cidade.

A mobilização das forças de segurança foi desencadeada após o setor de inteligência da polícia receber informações sobre a localização de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, apontado como chefe do tráfico na região. Segundo relatos, o criminoso estaria cercado em uma residência na Cidade Alta, uma das comunidades que integram o Complexo de Israel.

Durante o confronto, um helicóptero blindado da Polícia Militar foi atingido por disparos de fuzil e precisou realizar um pouso de emergência no Comando Naval da Marinha, na Penha. Além disso, criminosos incendiaram barricadas, um caminhão e uma passarela para dificultar a ação policial.

O tiroteio deixou pelo menos três feridos. Uma das vítimas foi levada para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde permanece internada em estado estável. Outras duas pessoas foram socorridas no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Impacto na cidade e reação das autoridades

O confronto gerou grande tensão entre os moradores e motoristas que passavam pela região. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram passageiros de ônibus deitados no chão dos coletivos para se proteger dos disparos. Em uma das gravações, é possível ouvir passageiros pedindo ao motorista para não parar o veículo. Outros registros mostram motoristas abandonando os carros e se refugiando atrás de muretas.

A operação também afetou o transporte público. A SuperVia suspendeu a circulação de trens em diversas estações, incluindo Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas e Vigário Geral. Já a MobiRio interrompeu o trecho entre as estações Cidade Alta e Mercado São Sebastião da Transbrasil, impactando a operação da linha 60 (Deodoro x Gentileza – Parador).

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, comentou a operação e defendeu a ação policial. “É um problema grave que enfrentamos na cidade. Mas essa operação é uma resposta necessária, pois demonstra que a polícia está agindo para capturar um criminoso que tem desafiado as autoridades há muito tempo. Espero que ele seja preso e responda à Justiça”, declarou.

Em nota, a Polícia Civil informou que a operação foi organizada para verificar informações sobre a atuação da facção criminosa que domina a área e contou com o apoio da Polícia Militar. O fechamento da Avenida Brasil foi solicitado para garantir a segurança da população, seguindo um novo protocolo estabelecido após um estudo sobre casos anteriores de violência na região.

Quem é Peixão?

Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, é apontado como o líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e comanda o tráfico no Complexo de Israel, que engloba as comunidades de Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-Pau. A região abriga cerca de 134 mil pessoas.

Com mais de 35 anotações criminais e citado em 26 processos no Tribunal de Justiça do Rio, Peixão tem um histórico violento e é considerado um dos criminosos mais procurados do estado, acumulando seis mandados de prisão. Além do tráfico de drogas, ele é acusado de impor regras de intolerância religiosa, proibindo práticas de religiões de matriz africana em áreas sob seu controle.

O traficante também é conhecido pelo uso de símbolos religiosos judaicos para marcar território, como a Estrela de Davi e a bandeira de Israel. Em operações anteriores, a polícia encontrou pinturas de Jerusalém em imóveis ligados a ele, além de uma edição de luxo da Torá e munições para armas pesadas em esconderijos subterrâneos.

As forças de segurança seguem mobilizadas na região, e a polícia mantém as buscas para capturar Peixão e outros envolvidos no confronto.