Suspeita de vazamento sobre Janja na China recai sobre ministro de Lula
Presidente teria se irritado ao saber que conversa sobre o TikTok foi divulgada; Rui Costa nega envolvimento
O vazamento de detalhes sobre uma conversa reservada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o presidente da China, Xi Jinping, gerou desconforto entre integrantes da comitiva brasileira que esteve recentemente em visita oficial ao país asiático.
O episódio diz respeito a uma intervenção feita por Janja durante um jantar oficial em Pequim. Na ocasião, segundo relatos, ela teria expressado preocupação com os efeitos do TikTok no Brasil, alegando que o algoritmo da plataforma – de origem chinesa – favoreceria conteúdos da extrema direita, o que, em sua avaliação, representaria riscos para a democracia brasileira.
A fala teria causado constrangimento entre os representantes chineses, uma vez que o tema não constava na pauta do encontro bilateral. Segundo pessoas que acompanharam a agenda, o presidente chinês respondeu que o Brasil tem “legitimidade para regular e até banir, se quiser”, o funcionamento da rede social em seu território.
Ao tomar conhecimento de que a conversa foi vazada à imprensa, o presidente Lula teria expressado irritação e questionado quem teve a “pachorra” de divulgar o conteúdo da reunião, segundo publicou a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Nos bastidores, circula entre membros da comitiva a suspeita de que o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), possa ter sido o responsável pelo vazamento. De acordo com a coluna de Bergamo, há registros de atritos anteriores entre o ministro e a primeira-dama, com relatos de críticas veladas a Janja por parte de Costa em situações anteriores. Ele, no entanto, nega qualquer envolvimento.
Segundo interlocutores que acompanharam o jantar, os demais ministros presentes não teriam “perfil ou disposição” para expor publicamente a primeira-dama em um episódio considerado delicado para a diplomacia brasileira.
O episódio adiciona tensão à relação entre setores do governo e expõe disputas internas sobre protagonismo e comunicação institucional, especialmente em ambientes internacionais. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.