Superlotação é o principal problema do Pronto-Socorro de Cuiabá
Problema decorre da falta de atendimento na rede de apoio e da prevenção a doenças e acidentes
Visita técnica ao Pronto-Socorro de Cuiabá (Foto: Helder Faria/ALMT) |
Representantes das comissões de Saúde e de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) visitaram o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) nesta quinta-feira (6) para um levantamento técnico sobre as condições da unidade. Na oportunidade, parlamentares e profissionais percorreram todas as alas e receberam da direção do hospital o relatório de atendimentos e da estrutura do hospital nos cinco primeiros meses deste ano.
Atualmente, o PSMC tem uma capacidade instalada de 248 leitos e capacidade operacional é de 328 leitos. Porém, diariamente, uma média de 100 pessoas recebe atendimento emergencial fora dos leitos, acomodadas em cadeiras ou macas hospitalares. Este fluxo extrapola a capacidade do Pronto-Socorro e parte das pessoas que poderia ser atendida na rede de apoio no interior do Estado ou nas unidades básicas de saúde, caso tivessem capacidade para isso.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Leonardo (PSD), explicou que grande parte do problema de superlotação do Pronto-Socorro de Cuiabá decorre da deficiência existente nas unidades de saúde do interior do Estado, do Programa de Saúde da Família e das policlínicas e UPAs. Além disso, a inexistência de um hospital regional na capital sobrecarrega a unidade municipal.
“Existe sim o problema de falta de recursos, mas muitos atendimentos, de baixa e média complexidade, poderiam ser tratados nos hospitais regionais ou em centros especializados. Outra parte dos casos acolhidos no Pronto-Socorro poderiam ser evitados com campanhas de prevenção e de conscientização da população por meio de parcerias com secretarias de trânsito e de educação. São ações que podem evitar o problema e que não requerem grandes quantidades de recursos”.
A secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Salete Ribeiro, explicou que o PSMC é um hospital de portas abertas, ou seja, recebe recursos municipais, estaduais e federais e por isso acolhe toda demanda que chega, mesmo quando se trata de um caso que poderia ser tratado em outras unidades.
“Se trata de uma escolha, escolhemos receber a todos, mas precisamos fazer a triagem destes atendimentos para não comprometer nossa atividade-fim, que é o atendimento de urgência e emergência. Temos aqui todas as especialidades médicas e por isso somos demandados mesmo quando não cabe ao Pronto-Socorro o atendimento. A superlotação compromete a qualidade dos nossos profissionais e da estrutura”, destacou Maria Salete.
O diretor do PSMC, Alexandre Martins, destacou que a unidade passa por um processo de reestruturação, com a reorganização da gestão, reforma para disponibilização dos leitos do quarto andar e o aluguel do hospital Bom Jesus para acomodação de pacientes idosos internados há mais tempo. “O Pronto-Socorro é eficiente e referência em atendimentos de urgência e emergência, mas é superlotado. Estamos em processo de estrutura organizacional e física, mas não será solucionado do dia para a noite”.
O deputado Allan Kardec (PT) também ressaltou a importância da estruturação da rede de apoio dos trabalhos preventivos como forma de evitar os problemas de saúde. “Como professor de educação física, sei a diferença que o exercício e uma alimentação saudável fazem. Isso é saúde preventiva, é mais barato e evita o adoecimento da população”.
Representante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, o deputado Jajah Neves analisou as condições relacionadas à segurança do paciente, tanto no combate às infecções e aos erros médicos, quanto com relação às condições de acomodação.
Trabalho contínuo – A visita realizada ao Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) integra uma prática adotada pela comissão para verificar in loco a situação de unidades de saúde do Estado e tem o objetivo de identificar as demandas e problemas existentes para propor soluções e ações para serem realizadas, de acordo com a competência, pelos poderes Executivo e Legislativo. “Cabe à Assembleia Legislativa fiscalizar a aplicação de recursos e execução dos serviços realizados pelo governo e, por meio da Comissão de Saúde, buscamos cumprir esse papel em busca de políticas públicas mais eficientes”, explicou o presidente da comissão, deputado Dr. Leonardo.
A primeira visita feita pela equipe técnica e parlamentares foi ao hospital Adauto Botelho e resultou em relatório com a sugestão de algumas adequações, que já foram iniciadas pelo Poder Executivo. Já o relatório resultante da visita à Escola de Saúde Pública sugeriu a criação de comissão para analisar o orçamento do órgão e identificar meio de retomar os cursos de capacitação profissional.
Por LAÍS COSTA MARQUES / Secretaria de Comunicação |ALMT