Solto após ejacular em mulher no ônibus, homem repete ato e é preso novamente
Diego Ferreira de Novais, de 27 anos, foi detido por passageiros após assediar uma mulher em um ônibus; há outros 15 casos semelhantes com o mesmo homem
Segundo a tenente Stephanie Cantoia, do 78º DP, a vítima tem entre 30 e 40 anos e estava a caminho do trabalho no momento do ataque. A vítima relatou que estava sentada, quando o agressor se posicionou ao seu lado e começou a se tocar nas partes íntimas. Ela percebeu o que estava acontecendo e tentou levantar, já gritando para pedir ajuda, mas o agressor a segurou enquanto continuava a se masturbar. Os passageiros detiveram o homem e o seguraram até a chegada da polícia.
A tenente disse que ele não resistiu à prisão e relatou o assédio. “Ele disse que tem problemas mentais e que precisa de ajuda”, ela relatou.”A vítima estava muito abalada, mas quem não ficaria? Ninguém imagina passar por esse tipo de situação enquanto está indo para o trabalho.”
Segundo o delegado plantonista no 78º DP, a polícia deve pedir a prisão preventiva do agressor.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que Novais foi preso em flagrante pela Polícia Militar e acusado de estupro consumado. Esta é a quarta vez que ele é preso por estupro; o homem também já foi detido 13 vezes por ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor, segundo a SSP. O agressor será encaminhado a uma audiência de custódia.
Novais tem agora 17 passagens semelhantes na polícia, registradas nos últimos oito anos. O seu modus operandi é o mesmo: dentro do ônibus, ele se aproxima da vítima, mostra o pênis e, eventualmente, passa o órgão nela ou ejacula. O último ataque aconteceu na terça-feira passada. Novais foi libertado no dia seguinte, em audiência de custódia.
Para o juiz José Eugênio do Amaral Souza Neto, não havia elementos para enquadrá-lo no crime de estupro. Amaral entendeu não ter havido violência na ocorrência, posição que contou com a concordância do promotor Márcio Takeshi Nakada. A decisão foi seguida por críticas dos que acreditam que, diante da recorrência da prática – Novais tinha 14 passagens pela polícia por condutas similares –, o resultado da audiência poderia ter sido outro que não a liberdade.
O próprio pai de Novais defendeu que o filho fosse preso, após a liberação da Justiça. “É perigoso que uma pessoa dessa fique solta, e o delito que ele pratica não é justo”, disse o aposentado de 65 anos, que preferiu não se identificar ao ser entrevistado pelo Jornal do SBT.
Repercussão. Nesta sexta-feira, 1º, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público de São Paulo defenderam publicamente mudanças na legislação do crime de estupro, após repercussão negativa da libertação de Novais.
O TJ-SP falou em propostas para punir de forma mais severa a importunação ofensiva ao pudor, enquanto o MP-SP disse que o ideal seria a criação de um crime intermediário entre a importunação e o estupro.
O presidente da Corte, Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, e a Procuradoria-Geral de Justiça saíram em defesa do juiz e do promotor que atuaram no caso. Mascaretti disse que a Corte realizará encontros para iniciar o debate com a sociedade civil e instituições públicas “em prol de mudança legislativa que atenda aos desafios do mundo contemporâneo”.
Por Isabela Palhares, O Estado de S.Paulo
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