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“Seu noivo a abraçou e a viu morrer em seus braços”

A primeira vítima identificada dos ataques de Londres é Christine Archibald, uma assistente social canadense de 30 anos que visitava a cidade

A cidadã canadense Christine Archibald, uma assistente social de 30 anos, é a primeira vítima fatal (e a única até o momento) a ser identificada das sete pessoas que morreram no ataque terrorista perpetrado na noite de sábado em Londres. A identidade da mulher foi confirmada na segunda-feira, dia 5 de junho, pela família da vítima e de seu noivo, horas depois de que se soube que entre os falecidos havia um canadense.

A mulher, nascida em Castlegar (Colúmbia Britânica), não morava em Londres – estava viajando a passeio com seu noivo, Tyler Ferguson. O irmão de Ferguson, Mark, explicou à TV canadense CBC News que o casal morava em Haia (Holanda), onde o noivo trabalhava há oito meses como contador. Tyler tinha passado a semana toda na capital britânica a negócios e Christine viajou até lá para passar o fim de semana com ele. Ela “nunca tinha estado ali antes”, então decidiram fazer um passeio a pé por Londres à noite. “Meu irmão é um viajante, esteve no mundo todo e conhece Londres muito bem, então estava mostrando a ela alguns lugares.”

Segundo seu relato, Tyler caminhava à frente da namorada na ponte de Londresquando “ouviu um ranger de pneus” e, ao olhar para trás, “viu o que estava acontecendo e como a van atropelava as pessoas”. A van abalroou sua namorada e a feriu de morte. O homem “tentou fazer os procedimentos de reanimação e depois chegaram os serviços de emergência, que tentaram fazer o possível por ela, mas morreu em seus braços”, afirmou o irmão. “A abraçou e a viu morrer em seus braços”, contou também outra irmã, Cassie Ferguson, ao mesmo veículo. “Meu irmão está arrasado”, acrescentou.

“Ontem à noite em Londres meu irmão mais novo perdeu o amor de sua vida na ponte de Londres. Em uma fração de segundos sua vida inteira lhe foi arrancada”, conta a irmã em sua conta do Facebook.

O casal tinha ficado noivo havia alguns meses, pouco depois que ela se mudou para a Holanda com ele. Planejavam voltar ao Canadá no término do contrato dele para morar na região de Castlegar, perto da família de Archibald.

“Estavam loucamente apaixonados e tinham muitos planos para o futuro”, acrescentou Mark Ferguson. “É devastador para ele, lhe arrancaram o amor de sua vida.” “Não consegue dormir, nem comer, nem pensar, nem fazer nada”, afirmou Mark sobre o estado do irmão. A mãe e outros membros da família estão viajando a Londres para acompanhá-lo.

Os familiares da jovem, por sua vez, divulgaram um emotivo comunicado por meio do Governo canadense no qual lamentam sua morte. “Choramos a perda de nossa preciosa filha e irmã. Tinha espaço em seu coração para todos e acreditava piamente que toda pessoa tem de ser valorizada e respeitada. Demonstrou isso trabalhando em um abrigo para pessoas sem teto até que se mudou para a Europa para estar com seu noivo”, declarou a família.

Trata-se da Alpha House, em Calgary, que lamentou sua morte em um comunicado, no qual a descreve como “uma luz brilhante, um espírito amável e um ser humano excepcional”. “Por favor, honrem Christine fazendo de sua comunidade um lugar melhor. Sejam voluntários ou façam doações para abrigos para pessoas sem teto. Expliquem que Chrissy os enviou”, termina a nota da família.

“Com grande tristeza” a Universidade Mount Royal se despediu também de sua ex-aluna. “Era uma estudante verdadeiramente excepcional, que recebeu seu diploma em Assistência Social em 2015. Nossas mais profundas condolências para sua família e entes queridos, assim como para os membros de nossa comunidade que estão sofrendo essa perda”, disse a universidade na nota.

Horas antes que a família da jovem informasse seu nome, o primeiro ministro canadense, Justin Trudeau, havia informado que um cidadão canadense tinha falecido “no ataque sem sentido” sofrido na capital britânica. Das outras seis vítimas mortais, só se sabe que um deles é francês, segundo revelou o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian. Nem sua família, nem as autoridades francesas o identificaram.

Claude Renoult, prefeito da cidade bretã de Saint-Malo, na costa noroeste da França, contou à AFP que o falecido tem conexões familiares com a cidade, apesar de não ser dali. Veículos locais informam que morava em Londres e trabalhava no Boro Bistro, um restaurante bretão em Borough Market. As bandeiras de Saint-Malo permaneceram a meio mastro na segunda-feira, dia 5. Entre os 48 feridos, 21 deles em estado crítico, estão quatro policiais britânicos, um espanhol —com ferimentos leves—, sete franceses —quatro em estado grave—, dois alemães — um grave—, dois australianos e dois neozelandeses.

Os dois australianos foram feridos no pescoço. A imprensa de seu país informa que uma delas, Hedge Candice, de 34 anos, se recupera no hospital, enquanto outro, Andrew Morrison, recebeu pontos de sutura e está de volta à Austrália. O neozelandês Oliver Dowling, de 32 anos e natural de Christchurch, foi apunhalado no rosto, pescoço e estômago, e sua namorada, Marie Bondeville, também ficou ferida. Outro espanhol, um madrilenho de 39 anos, e um francês estão desaparecidos.

Por El País