Secretários pedem em carta que Pazuello inclua vacina do Butantan em cronograma nacional
O conselho nacional dos secretários estaduais de Saúde enviou uma carta ao Ministério da Saúde nesta quinta-feira (15) cobrando compromisso de inclusão da vacina que será produzida pelo Instituto Butantan no Programa Nacional de Imunizações.
A preocupação dos secretários é a de que o governo federal não se envolva na definição das estratégias de produção e de distribuição da vacina desenvolvida em São Paulo a partir de parceria com a empresa Sinovac.
A carta explica que o governo federal projeta a distribuição da vacina de Oxford (que no Brasil será produzida pela Fiocruz e também está em fase de testes) somente para abril, ao passo que o governo de São Paulo prevê a finalização da fase 3 de testes até o início do mês de novembro.
Nesse cenário, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde) pede que a pasta de Pazuello se comprometa a incluir em seu cronograma o imunizante desenvolvido pelo Butantan e “quaisquer outras vacinas produzidas e testadas por outras indústrias, que possuam condições de eficácia, segurança e produção disponível para iniciar a vacinação da população
brasileira no mês de janeiro de 2021, ou no menor espaço temporal possível”.
“O enfrentamento assertivo à pandemia Covid-19, que já evoluiu com mais de 150 mil óbitos no Brasil, exige a máxima pressa e celeridade na aquisição e disponibilização de vacinas à nação. Com efeito, o momento exige que o Ministério da Saúde comande a unidade nacional em torno da disponibilização célere, segura e oportuna das vacinas já disponíveis, em especial as produzidas pelas iniciativas subnacionais”, conclui a carta.
O ofício foi redigido após reunião com o ministro Pazuello que despertou crise com os secretários de Saúde.
Para parte dos presentes na reunião desta quarta (14), o governo federal está ignorando o imunizante que tem participação do Instituto Butantan -ainda em fase de testes. João Doria (PSDB-SP) anunciou as primeiras doses para o mês de dezembro.
O calendário do ministério conta apenas com a chamada vacina de Oxford, prevista para abril.
“As vacinas não estão sendo tratadas de forma republicana pelo Ministério da Saúde”, disse Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo.
“Todos os presentes na reunião entenderam da mesma forma. A vacina de São Paulo está sendo ignorada”, completou.
As duas vacinas estão em fase semelhante de testes do ponto de vista formal, ou seja, não estão aprovadas.
CAMILA MATTOSO VIA FOLHAPRESS