Samsung Galaxy S8: tela curva enorme e promessa de superar fiasco do Note 7
O celular que sucede o fracassado Note 7 elimina as bordas e as molduras
Ele pode ser desbloqueado com o rosto e com os olhos, transforma-se em PC e não explode
O Samsung S8 veio à luz e comporta tudo aquilo que se espera de um celular que pretende liderar o mercado, embora não contenha nenhuma novidade revolucionária que possa colocar em risco essa liderança em caso de falha. A marca sul-coreana quer avançar em terra firme depois do fiasco do Note 7 e dotou o seu novo principal produto de duas características essenciais para recuperar a confiança do usuário: design e confiabilidade.
Externamente, o S8 ampliou ao máximo a sua tela curva, eliminando praticamente as bordas e as molduras, transformando o botão de início em virtual e dotando o sensor de digitais de novas funções. Por dentro, ele incorpora pela primeira vez as baterias à prova de combustão, capazes de realizar as mesmas tarefas com menos consumo graças ao menor processador do mercado e com rendimento maior. Novidades específicas: o reconhecimento fácil como método de desbloqueio, a transformação do celular em um PC com o uso do suporte DeX e o assistente virtual Bixby.
A tela do Galaxy S8 (esq.) aumenta para até 5,8 polegadas e a do S8 até 6,2. É resistente á poeira e à prova de água.
O novo smartphone Samsung Galaxy S8, assim como o seu irmão mais velho Galaxy S8+, apresentados simultaneamente em Londres e em Nova York nesta quarta-feira, não decepcionarão nenhum usuário exigente, embora tampouco satisfarão às expectativas daqueles que buscam por novidades mais radicais e transformadoras. Em defesa da marca sul-coreana, deve-se dizer que nenhum de seus concorrentes apostou tanto em inovações por ocasião de seus lançamentos recentes: nem a Huawei, com seu P10; nem a LG, com seu G6; e muito menos a Apple, que se limitou a pintar de vermelho o seu iPhone 7. Também não era o momento, para a Samsung, de se lançar em um novo universo, mas sim de cicatrizar as feridas causadas pelo fracasso do Note 7, que prejudicou a imagem e abriu um enorme buraco negro nas contas do líder mundial de vendas de celulares.
O preço do S8 é de 809 euros (2.700 reais)) e o do S8+, 909 (3.000 reais) euros. Estarão à venda a partir de 28 de abril
Embora mal se note, por causa da interface da Samsung, o novo aparelho funciona com Android, em uma pareceria que foi destacada pelo executivo da empresa: “Temos sido sócios estratégicos da Google há vários anos. Eles têm estado do nosso lado esse tempo todo graças aos seus serviços e soluções”.
Por isso, a primeira mensagem que a Samsung pretende enviar àqueles que comprarem o seu Galaxy S8 é a da garantia absoluta de que ele não irá explodir na sua mão. As baterias instaladas no S8 e no S8+, com 3.000 e 3.500 mAh de capacidade respectivamente, foram fabricadas conforme o novo protocolo de segurança instituído em janeiro pela empresa asiática depois de concluir uma investigação segundo a qual a causa da combustão das baterias de alguns Galaxy Note 7 foram problemas de design e de soldagem.
No Galaxy S8, as baterias têm uma capacidade e um tamanho semelhante às do Note 7, mas aquecem muito menos, graças ao processador de 10 nanômetros, muito menor do que o do S7 e que está estreando pela primeira, com o S8, em um celular. Graças ao fato de os chips serem menores, eles dissipam melhor o calor e consomem até 25% a menos de energia. No caso do S8, há duas versões, conforme o mercado. A Samsung reservou para os países mais exigentes (Estados Unidos, China e Japão) o Snapdragon 835, o último processador da Qualcomm, com o qual todos os fabricantes sonham em equipar os seus equipamentos mais sofisticados. Nos demais mercados, inclusive a Europa, o S8 continuará a ser equipado com o processador próprio Exynos 8895.
Tela curva e censores biométricos
O S8 incorpora pela primeira vez um processador de 10 nanômetros que dissipa melhor o calor
Para melhorar a imagem, nada melhor do que mudar o visual. O Galaxy S8 apresenta uma tela ampliada, que ocupa praticamente toda a parte da frente, eliminando as bordas laterais, que se tornam curvas e se transformam também em telas, como no modelo Edge do S7, suprimindo-se as molduras metálicas de cima (com exceção da faixa que abriga a câmera da frente e o scanner dos olhos) e de baixo. Dessa forma, a tela passa das 5,1 polegadas do S7 para 5,8 polegadas no S8; e das 5,5 polegadas do S7 Edge para 6,2 polegadas no S8+.
A Samsung assume, assim, a tendência inaugurada pelo LG G6 e o Xiaomi Mi Mix, embora sua tela total seja mais bem concebida por causa das bordas curvas e a beleza do conjunto (com 8 milímetros de espessura), que dão ao formato 18,5:9 um aspecto totalmente simétrico, mas sem o alongamento excessivo de seus concorrentes. A resolução da tela é Quad HD de alta resolução (2.960 x 1.440 pixels), muito próxima de 4K, e é à prova de poeira e de arranhões, além de poder entrar na água em até um metro e meio de profundidade (certificado iP68).
Com essa limpeza da parte frontal, também desaparece o botão físico de início, que se torna virtual e se desloca para a parte superior traseira, para o sensor de digitais, ao qual se incorpora pela primeira vez o reconhecimento por gestos programáveis para abrir e fechar os aplicativos mas usados.
Uma das grandes novidades é a incorporação do reconhecimento do rosto da pessoa como método de desbloqueio, que se soma aos outros métodos, como a colocação de senha, de um desenho padrão, do scanner dos olhos (íris) herdado do Note 7 e a impressão digital. O desbloqueio facial é mais lento do que os dois últimos e tem problemas quando há pouca luminosidade ou se colocam óculos, mesmo sendo de lentes transparentes.
Câmeras, interface e DX
As câmeras não são muito diferentes das do modelo anterior (S7), tendo sido descartada a câmera dual, como se havia especulado. Em seu lugar, o Galaxy S8 mantém a câmera traseira de 12 megapixels (MP), mas com foco automático a laser para captar situações de grande velocidade e abertura f:1,7 para gerar imagens claras em situações de pouca luminosidade. A mudança maior está na câmera frontal, que passa de 5 para 8 MP, incluindo, ainda, um autofoco para melhorar os selfies de qualquer distância.
A multifuncionalidade também foi aprimorada. Com uma tela bem mais ampla, a divisão de tela ganha mais sentido, de forma que é possível assistir a um vídeo na parte superior enquanto se enviam mensagens ou se consulta um email na parte inferior da tela. Para tornar mais ágil esse intercâmbio entre as telas, acrescenta-se a elas um botão virtual que permite ampliar ou minimizar cada um dos aplicativos abertos.
A Samsung manteve a saída mini-jack para fones de ouvido, embora tenha trocado a porta de micro USB — quase universal — pela USB tipo C, o que obrigará os usuários a dispensar o seu atual carregador e levar o novo consigo permanentemente. Felizmente, a USB tipo C vem se impondo como o novo padrão internacional, de tal maneira que, à medida que o parque de celulares e tablets for se renovando, voltaremos à situação anterior. Outro item que a Samsung insiste em ignorar, aparentemente de forma definitiva, é o recurso de rádio FM, que continua ausente, como se os dados móveis fossem sempre gratuitos e todo mundo pudesse ouvir rádio pela internet.
Outra novidade do Galaxy S8 é o DeX, um suporte tipo dock no qual se encaixa o celular, que, com a ajuda de um monitor externo, se transforma automaticamente em um computador, com um sistema de janelas muito parecido com o Windows, que permite maximizar e minimizar tarefas e acessar de forma mais confortável os aplicativos e os arquivos. A ideia não é nova. A Microsoft tentou fazer isso com o seu Windows 10 e a HP, e a própria Apple também tenta encontrar uma solução, sem êxito até o momento. O DeX passa a funcionar imediatamente, assim que o S8 é encaixado nele, permitindo a reprodução de imagens em 4K. Ele tem duas portas USB, conexão com a Internet via ethernet e entrada HDMI para a conexão com o monitor.
O assistente Bixby
Mas a grande aposta da empresa sul-coreana com o Galaxy S8 é o Bixby, que, segundo destacam reiteradamente os seus criadores, não é apenas mais um assistente de voz como o Siri, Cortana, Alexa ou o Google Assistant, mas sim uma “ferramenta de inteligência artificial” que servirá para operar futuramente o próprio celular e todo o ecossistema de aparelhos que nos cercam. A Samsung confia tanto no seu novo assistente que criou um botão físico lateral (embaixo do comando de volume) para ativá-lo.
Até o momento, o Bixby só funciona com alguns aplicativos nativos para funções simples como fazer chamadas ou ativar um despertador, mas, depois dessa etapa inicial, e graças a um padrão de desenvolvimento de software (SDK) para que os criadores o integrem em seus apps, “ele permitirá que se faça apenas com a voz tudo o que se faz hoje tocando na tela”.
No seu modo visual, o Bixby permite que, ao acionar a câmera, se reconheça produtos e dirija o usuário para lojas online como Amazon para compra-los em seus programas, ou distinguir monumentos e localizá-los em mapas, entre várias outras aplicações. A Samsung está procurando fazer acordos com outras empresas a fim de incrementar essa funcionalidade. O assistente consegue também controlar todos os equipamentos Samsung, como a televisão, o ar condicionado ou o aspirador de pó, como um controle remoto multifuncional. De qualquer maneira, ainda se trata de uma fase bastante inicial, de forma que nenhum usuário deve esperar milagres do tipo Star Treck. Até o momento, o Bixby será disponibilizado em inglês, chinês, coreano e espanhol (versão latino-americana, pois a versão castelhana só estará disponível no segundo semestre).
OS ÓCULOS DE REALIDADE VIRTUAL E A CÂMERA 360º SE RENOVAM
O lançamento do Samsung Galaxy S8 vem acompanhado de novos óculos de realidade virtual GearVR e a câmera panorâmica Gear360. A principal novidade dos óculos é a incorporação de um joystick ou controle remoto para interagir de forma mais dinâmica, principalmente, com os games. A Gear360 renovada tem um tamanho menor e é mais manejável do que a anterior, permitindo gravações em vídeo em 4K e, principalmente, a transmissão de vídeo em streaming diretamente para as redes sociais.
FICHA TÉCNICA
Samsung Galaxy S8
- Peso: 155 gramas.
- Tamanho: 148.9 x 68.1 x 8.0 milímetros.
- Tela: Quad HD + (2.960 x 1.440/ 570 ppi) de 5,8 polegadas (146,5 mm).
- Memória interna: 64 GB.
- Memória externa: microsUSB até 2TB
- Processador: Processador de 10 nanómetros Qualcomm Snapdragon 835/Exynos 8895 de oito núcleos e 64 bit (2.3 Ghz Quad + 1.7 Ghz Quad) e 64 bit
- Controles biométricos: Scanner de iris, reconhecimento facial e leitor de digitais
- Câmera principal: 12 megapíxels (f:1,7) com Dual Píxel
- Câmera frontal: 8 megapíxels com autofoco (f:1,7)
- Bateria: 3.000 mAh.
- Porta: USB Tipo C
- Fones de ouvido: mini-jack 8 mm
- Cores: preto, prata e cinza orquídea.
- RAM: 4 GB.
- Sistema operacional: Android 7.0
- Rádio FM: Não.
- Red: 4G LTE categoria 16
- Conectividade: WiFi 802.11 a/b/g/n/ac (2.4 Ghz /5 Ghz). VHT80-Mimo. Bluetooth v 5.0. NFC, Satélite GPS, Galileo, Glonass, BeiDou)
- Preço: 809 euros (2.700 reais).
SAMSUNG GALAXY S8+
- Peso: 173 gramas.
- Tamanho: 159.5 x 73.4 x 8.1 milímetros
- Tela: Quad HD + (2.960 x 1.440/ 529 ppi) de 6,2 polegadas (158 mm).
- Bateria: 3500 mAh
- Preço: 909 euros (3.000 reais).
As demais características são as mesmas do S8.
As informações são do EL PAÍS.