Professora é agredida por aluno dentro de colégio
Marcia Friggi publicou fotos com o rosto ensanguentado no Facebook. Agressões aconteceram dentro da diretoria de uma escola estadual em Indaial (SC)
Uma professora foi agredida por um aluno de 15 anos na manhã desta segunda-feira, dentro de um colégio estadual na cidade de Indaial (SC), a 170 quilômetros de Florianópolis. Marcia Friggi, que dá aulas de Língua Portuguesa e Literatura na Escola Prefeito Germano Brandes Júnior, publicou fotos de seu rosto ensanguentado no Facebook após as agressões e se disse “dilacerada”. A delegacia de Polícia Civil da cidade confirmou o caso e informou que um boletim de ocorrência foi registrado.
Segundo Marcia, o agressor estava com o livro sobre as pernas durante a aula e, depois de um pedido dela para que o colocasse sobre a carteira, ele respondeu: “eu coloco o livro onde eu bem quiser”. Ao ouvir da professora que “as coisas não são assim”, o jovem teria dito “vai se f…” e, então, sido expulso da sala de aula. “Ele levantou para sair, mas no caminho jogou o livro na minha cabeça. Não me feriu, mas poderia”, conta a professora.
Já na direção do colégio, segundo o relato de Marcia Friggi, ela informou o acontecido e foi acusada pelo jovem de mentir. A professora afirma que as agressões começaram quando ela tentou argumentar, dizendo que “a sala toda viu”. “Não deu tempo para mais nada. Ele, um menino forte de 15 anos, começou a me agredir. Foi muito rápido, não tive tempo ou possibilidade de defesa. O último soco me jogou na parede”, diz Marcia.
DILACERADA
Estou dilacerada. Aconteceu assim:
Ele estava com o livro sobre as pernas e eu pedi:
– Coloque seu livro sobre a mesa, por favor.
– Eu coloco o livro onde eu bem quiser.
– As coisas não são assim.
– Ahhh, vai se foder.
– Retire-se por favor.
Ele levantou para sair, mas no caminho jogou o livro na minha cabeça. Não me feriu, mas poderia. Na direção eu contei o que tinha acontecido. Ele retrucou que menti e eu tentei dizer:
– Como, menti? A sala toda viu… Não deu tempo para mais nada. Ele, um menino forte de 15 anos, começou a me agredir. Foi muito rápido, não tive tempo ou possibilidade de defesa. O último soco me jogou na parede.
Estou dilacerada por ter sido agredida fisicamente. Estou dilacera por saber que não sou a única, talvez não seja a última. Estou dilacera por já ter sofrido agressão verbal, por ver meus colegas sofrerem. Estou dilacera porque dilacera porque me sinto em desamparo, como estão desamparados todos os professores brasileiros. Estamos, há anos l, sendo colocados em condição de desamparo pelos governos. A sociedade nos desamparou. A vida…
Lembrei dos professores do Paraná que foram massacrados pela polícia, não teve como não lembrar.
Estou dilacerada pelos meus bons alunos, que são muitos e não merecem nossa ausência.
Estou dilacerada, mas eu me recupero e vou dedicar a minha vida para que NENHUM PROFESSOR BRASILEIRA passe por isso
NUNCA MAIS. (Não sei se cometi erro ao escrever, perdoem. )”
Da Veja