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‘Prévia’ do PIB do BC sobe 1,1% no 1º trimestre e indica fim da recessão

Indicador do nível de atividade econômica foi divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira. PIB oficial do 1º trimestre só será divulgado no início de junho pelo IBGE.

A economia brasileira voltou a crescer no primeiro trimestre deste ano e saiu da pior recessão de sua história, aponta o indicador do nível de atividade do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (15).

O chamado Índice de Atividade Econômica, o IBC-Br, registrou crescimento de 1,12% de janeiro a março, na comparação com o trimestre anterior (outubro a dezembro de 2016).

O IBC-BR é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). Os números oficiais do PIB do primeiro trimestre deste ano, porém, serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente no dia 1º de junho.

O país entrou na chamada “recessão técnica”, que se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB), no segundo trimestre de 2015, quando houve um tombo de 1,9% na atividade econômica.

Se o IBGE confirmar o resultado positivo no primeiro trimestre, o Brasil terá interrompido uma série de oito trimestres consecutivos de recuo do nível de atividade.

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2015, o PIB teve uma retração de 3,8% e, no ano passado, a economia registrou um encolhimento de 3,6%. Para 2017, a previsão dos bancos é de uma alta de cerca de 0,5% no PIB.

Como a retração nos anos de 2015 e 2016 superou a dos anos 30, essa é a pior crise já registrada na economia brasileira. O IBGE e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) dispõem de dados sobre o PIB desde 1901.

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O que diz a equipe econômica

Na semana passada, em cerimônia que marcou um ano da gestão do presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, antecipou que o Brasil já registrou crescimento econômico no primeiro trimestre deste ano, mas acrescentou que o país ainda vive os efeitos da recessão.

“A recessão que encontramos foi maior que a depressão de 1930 e 31. O tempo do verbo é no passado. A recessão que ‘vivemos’. O Brasil já voltou a crescer, mas estamos ainda vivendo os efeitos da recessão. O desemprego está elevadíssimo, deve crescer ainda um pouco, pois tem reação um pouco mais lenta a retomada, mas começa a cair no segundo semestre”, declarou o ministro Meirelles na ocasião.

Os dados ainda não mostram uma recuperação consistente. O comércio varejista, por exemplo, registrou em março a maior queda para o mês em 14 anos e, no primeiro trimestre, apresentou um recuo de 3%. A produção industrial, por sua vez, caiu 1,8% em março na comparação com fevereiro – foi o março mais fraco desde o início da série histórica, em 2002 -, embora tenha subido 0,6% no primeiro trimestre.

Para tentar reaquecer a economia, o governo Michel Temer tem anunciado medidas como a liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O Banco Central também vem reduzindo a taxa Selic, o que deve se traduzir em queda dos juros dos empréstimos bancários.

Mês de março e doze meses

Apesar da recuperação no primeiro trimestre, os dados do BC mostram que, somente em março, o nível de atividade registrou retração de 0,44% na comparação com fevereiro. Neste caso, a comparação foi feita após ajuste sazonal.

Foi a primeira queda do indicador neste ano e o maior recuo mensal desde agosto de 2016 – quando foi registrado um tombo de 0,66% no nível de atividade calculado pelo BC. Sem ajuste, houve uma alta de 9,28% no IBC-Br em março deste ano.

Já no acumulado em 12 meses até março, ainda segundo a autoridade monetária, a prévia do PIB (indicador dessazonalizado) do Banco Central registrou contração de 2,78% (sem ajuste, a queda é de 2,63%).

IBC-Br x PIB

Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.

Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado.

Recentemente, o BC atualizou a metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), além de outras mudanças.

Definição dos juros

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 11,25% ao ano.

Pelo sistema que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas de inflação. Quanto os juros sobem, pessoas e empresas ficam menos dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.

Para 2017, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Desse modo, o IPCA, considerado a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 3% e 6%, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Neste ano, o mercado financeiro, e também a autoridade monetária, acreditam que a inflação oficial ficará abaixo da meta central de 4,5% – algo que não acontece desde 2009. O Banco Central tem dito que mira no centro da meta de inflação de 4,5% nos anos de 2017 e de 2018.

Fonte: G1