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Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, fez um pronunciamento para defender lei marcial. Foto: Kim Soo-hyeon/REUTERS

Presidente da Coreia do Sul mantem apoio a adoção de lei marcial

Yoon Suk Yeol defende decreto de lei marcial e enfrenta crescente oposição política

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarou nesta quinta-feira (12/12) que a imposição da lei marcial foi uma medida “inevitável” para proteger a “democracia liberal” contra o que chamou de “ditadura parlamentar” da oposição. Yoon também afirmou que não está “obcecado” em cumprir seu mandato, encarando com confiança as investigações criminais e as tentativas de destituição contra ele.

Em um discurso transmitido ao vivo, o presidente assegurou que poucas tropas e apenas órgãos de elite foram mobilizados para evitar “acidentes” e afirmou que está sendo “fabricado” um crime de insurreição contra ele. Yoon também acusou a divulgação de informações falsas, mas garantiu que não se esquivará de suas “responsabilidades legais e políticas”.

Desde a declaração da lei marcial em 3 de dezembro, Yoon havia aparecido publicamente apenas duas vezes, a segunda delas para pedir desculpas pelos transtornos causados à população, mas não pela medida em si. Em seu discurso de aproximadamente dez minutos, o presidente adotou um tom desafiador, defendendo a lei marcial como uma “decisão constitucional” e não uma “declaração de guerra civil”.

A lei marcial foi decretada em meio a investigações por suspeitas de traição, motim e abuso de poder, que também recaem sobre diversos outros responsáveis governamentais e militares envolvidos na polêmica decisão. A medida foi vista por muitos como uma tentativa de garantir a sobrevivência política de Yoon e proteger sua esposa, que também enfrenta acusações de corrupção.

“Lutarei até o último momento”

Yoon justificou sua decisão de declarar a lei marcial como uma resposta ao Partido Democrático (PD), que controla a Assembleia Nacional, e acusou o partido de agir como um “monstro” que tenta desestabilizar o governo. Ele ainda acusou o PD de colaborar com forças antiestatais, sabotando a legislação orçamentária e simpatizando com a Coreia do Norte.

“Peço desculpas novamente às pessoas que ficaram surpresas e ansiosas devido à lei marcial”, afirmou o presidente. Yoon encerrou o discurso reafirmando seu compromisso em lutar até o fim ao lado do povo sul-coreano.

Parlamentares utilizam extintores de incêndio para barrar acesso de soldados ao Parlamento
Decreto de lei marcial resultou em tumulto na sede do Parlamento, com soldados enviados para impedir acesso de parlamentares ao local – Foto: Cho Da-un/Yonhap/AP/picture alliance

Nova moção de impeachment

A declaração de Yoon ocorreu horas antes de o Partido Democrático e outras cinco legendas de oposição apresentarem uma nova moção de impeachment, que será votada na Assembleia Nacional neste sábado. Uma tentativa anterior de impeachment falhou após boicote dos parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP), que tem a maioria na Assembleia.

Apesar disso, a nova moção tem chances mais altas de sucesso, uma vez que o líder do próprio PPP, Han Dong-hun, pediu a destituição de Yoon. Han, crítico do presidente, chamou a declaração de lei marcial de “confissão de traição” e pediu aos membros do seu partido que apoiassem o impeachment. A divisão interna no PPP tem gerado protestos entre parlamentares leais ao presidente e aqueles que se opõem à sua liderança.

Embora um presidente sul-coreano em exercício tenha imunidade contra processos judiciais, ele pode ser processado por acusações de traição ou rebelião. Especialistas duvidam que Yoon seja detido devido à proteção de sua equipe de segurança, que impediu que a polícia revistasse seu gabinete na última quarta-feira.

Além disso, a Assembleia Nacional aprovou um projeto de lei que permite a nomeação de um promotor independente para investigar Yoon, sem a necessidade de aprovação presidencial. O Parlamento também destituiu o chefe da Polícia Nacional, Cho Ji Ho, e o Ministro da Justiça, Park Sung Jae, devido ao seu envolvimento no decreto da lei marcial. A oposição levanta suspeitas de que Park tenha sido um dos principais responsáveis pela implementação da medida.

 

Com DW