Por que o câncer pode se tornar a principal causa de morte no Brasil e quais os desafios associados
Nos próximos anos, o câncer pode se tornar a principal causa de morte no Brasil, superando doenças cardiovasculares, que tradicionalmente ocupam esse posto. O avanço da medicina e o aumento da expectativa de vida são alguns dos fatores que contribuem para essa mudança no panorama das doenças que mais matam no país. Além disso, o aumento de fatores de risco, como o sedentarismo, alimentação inadequada e o consumo de substâncias prejudiciais à saúde, agravam a situação e colocam o Brasil diante de desafios consideráveis na luta contra essa doença.
O câncer é uma doença complexa e multifatorial, o que torna seu combate uma tarefa difícil para os sistemas de saúde pública e privada. Com o aumento da incidência de casos, especialmente entre as faixas etárias mais avançadas, a sociedade brasileira se vê diante de um grande desafio em termos de diagnóstico precoce, tratamento eficaz e cuidados paliativos.
Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo no número de novos casos diagnosticados, impulsionado por diversos fatores, como a maior longevidade da população e a maior conscientização sobre a doença, que tem levado mais pessoas a realizar exames preventivos. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 700 mil novos casos de câncer devem ser registrados até o fim deste ano. A doença, que já é a segunda principal causa de morte no país, pode ultrapassar as doenças do coração, devido ao aumento da prevalência dos fatores de risco e ao envelhecimento da população.
Além do aumento de casos, o Brasil enfrenta uma grande desigualdade no acesso ao tratamento. Enquanto as capitais e grandes centros urbanos possuem mais infraestrutura e médicos especializados, as regiões mais afastadas do país sofrem com a falta de recursos, equipamentos adequados e profissionais capacitados. Essa disparidade contribui para a morte precoce de pacientes em áreas com menos acesso ao sistema de saúde.
A luta contra o câncer no Brasil também esbarra em questões econômicas. O alto custo dos tratamentos, como a quimioterapia, a radioterapia e os medicamentos de última geração, dificulta o acesso à cura para uma parcela significativa da população. O Sistema Único de Saúde (SUS), que tem realizado grandes esforços para disponibilizar tratamentos gratuitos, enfrenta desafios orçamentários e logísticos para suprir a demanda crescente de pacientes oncológicos.
Em termos de prevenção, a principal estratégia continua sendo a conscientização sobre os fatores de risco e a adoção de hábitos saudáveis. A prevenção primária, como a redução do tabagismo, a promoção de dietas mais saudáveis e a prática de atividades físicas, pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer. Além disso, o aumento da cobertura de exames de rastreamento, como mamografias e exames de próstata, também pode contribuir para a detecção precoce e aumento das chances de cura.
Portanto, embora o câncer esteja se tornando uma ameaça cada vez maior à saúde da população brasileira, é possível reverter essa tendência com uma combinação de políticas públicas eficazes, ampliação do acesso ao tratamento e incentivo à prevenção. O enfrentamento dessa doença exige um esforço conjunto entre governo, setor privado e sociedade para superar as barreiras que ainda dificultam o controle do câncer no Brasil.