Por que bandeira do arco-íris se tornou símbolo do movimento LGBT?
Ao redor do mundo, a bandeira do arco-íris tem sido exibida em prédios e manifestações como forma de solidariedade com as 49 pessoas mortas por um atirador em uma boate gay de Orlando. Mas como este símbolo se tornou tão amplamente reconhecido?
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Imagem Capa : Getty
A bandeira de seis faixas e cores foi usada por pessoas para lá de diversas: Paul McCartney encerrou um show em Berlim, no início da semana, enrolado nela. A bandeira foi hasteada na Catedral de Exeter, no sudoeste da Inglaterra, durante uma vigília pelas vítimas. E em Paris, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores do arco-íris.
“Não consigo pensar em qualquer outro símbolo com tamanho reconhecimento ao redor do mundo”, diz o ativista gay britânico Peter Tatchell.
“Ele ficou universal desde os anos 90. E mostra a diversidade não só na comunidade LGBT, mas na vida em geral”.
A bandeira do arco-íris surgiu em 1978, quando Gilbert Baker, um artista baseado em San Francisco, nos EUA, criou um design com oito cores. Em 25 de junho daquele ano, o Dia da Liberdade Gay nos EUA, as primeiras versões da bandeira foram vistas nas ruas.
Baker explicou que sua ideia era promover a ideia de diversidade e inclusão, usando “algo da natureza para representar que nossa sexualidade é um direito humano”.
O uso da bandeira se disseminou por San Francisco e em outras grandes cidades como Nova York e Los Angeles. Na década de 1990, ela já era reconhecida como símbolo global para direitos LBGT.
“A bandeira susbtituiu o triângulo rosa, até porque é um símbolo mais positivo”, explica Tatchell, referindo-se ao uso da forma geométrica para identificar homossexuais em campos de concentração na Alemanha Nazista.
As oito cores da bandeira original de Baker representavam diferentes aspectos da vida:
- Rosa – sexualidade
- Vermelho – vida
- Laranja – cura
- Amarelo – a luz do sol
- Verde – natureza
- Azul-turquesa – arte
- Anil – harmonia
- Violeta – human spirit
O número de cores foi depois reduzido para seis; saíram anil e rosa, e azul-turquesa foi substituída por azul.
Segundo o vexilólogo (especialista em bandeiras) Graham Bartram, do Flag Institute, em Londres, “era muito difícil obter tecidos de cor rosa, e como as bandeiras eram costuradas, em vez de impressas, a cor foi descartada”.
Para Bartram , a bandeira do arco-íris deu certo por causa de sua simplicidade. “Funciona um pouco como os aneis olímpicos, que foram concebidos para usar cores presentes nas bandeiras de todas as nações participantes”,
A bandeira não é acolhida universalmente como um símbolo de libertação. Autoridades na Jamaica, país que tem leis criminalizando o homossexualismo, reclamaram na Embaixada dos EUA quando esta hasteou a bandeira com o arco-íris no seu prédio em Kingston após o massacre de Orlando – o procurador-geral jamaicano classificou a atitude como “desrespeitosa”.
A história da bandeira, porém, precede 1978 e o movimento LGBT. No século 18, o filósofo anglo-americano Thomas Payne sugeriu o uso dela para identificar navios neutros durante períodos de guerra.
No início do século passado, o pacifista americano James William van Kirk desenhou um bandeira com as cores do arco-íris, conectada a um globo. A ideia era mostrar como pessoas de diferentes nações poderiam viver juntos, em harmonia.
“O arco-íris é algo que desenhamos desde pequenos”, conta Bartram. “Assim, todos nós sabemos do que se trata e podemos interpretá-la como quisermos. Por isso é que ela funciona tão bem”.