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Pesquisas de mercado apontam maior preocupação com alimentação saudável

De acordo com um estudo da agência de pesquisas Euromonitor Internacional, entre 2009 e 2014, o mercado de alimentação voltada à saúde cresceu 98% por aqui. Em 2015 o mercado mundial do setor movimentou mais de US$ 27 bilhões e nos próximos anos deverá crescer cerca de 20%.

O relatório The Top 10 Consumer Trends for 2017, que analisa as tendências de mercado, notou uma inclinação dos consumidores pelos ítens considerados saudáveis. Segundo o documento, 83% dos entrevistados estão dispostos a gastar mais para obter um alimento saudável; 79% substituem produtos da alimentação convencional por opções mais saudáveis; 28% acham importante consumir alimentos com alto teor nutricional; 22% optam por compras alimentos naturais sem conservantes; 44% dão preferência a produtos sem corantes artificiais; 42% optam por ítens sem sabores artificiais.

O estudo serve para nortear a indústria alimentícia no desenvolvimento de novos produtos e na valorização ou adaptação dos já existentes. Segundo ele, as marcas têm desenvolvido cada vez mais opções com adição de ingredientes considerados saudáveis, como fibras, vegetais e vitaminas. Mas cuidado, muitas empresas modificam apenas a linguagem com que se comunicam com seus clientes. Tenho visto uma campanha publicitária de um suco em pó com o slogan “Somos feitos em casa”, como um suco em pó pode ser feito em casa? Isso dá a ideia de que é um produto natural, mas está bem longe de ser e contém os tais conservantes, corantes artificiais e sabores artificiais que foram boicotados por uma parcela considerável dos entrevistados da pesquisa.

Um outro estudo confirma a tendência apontada pelo Euromonitor. O ‘Tendências Mundiais de Alimentação e Bebidas 2017’, da Mintel, mostra que 24% dos adultos brasileiros comeriam mais grãos integrais como linhaça  e quinoa, se soubessem como utilizá-los nas receitas. Ainda de acordo com esse levantamento, os entrevistados estão mais dispostos a consumirem produtos feitos com frutas, vegetais, oleaginosas e grãos. Nossos comerciantes também já notaram esta mudança de comportamento dos fregueses. Segundo o Instituto Datafolha, em 2016, 56% dos estabelecimentos gastronômicos do País notaram que seus clientes estavam mais interessados no consumo de alimentos saudáveis. 53% dos entrevistados observaram um aumento na procura por frutas, 61% disseram que os clientes estão consumindo mais legumes e verduras e 65% disseram ter crescido o consumo de sucos naturais.

Os dados são muito positivos mas espero uma mudança mais profunda na maneira como se vê a alimentação por aqui. Gostaria que estes percentuais fossem ainda maiores e que se refletissem em uma modificação cultural. Por enquanto ainda vejo muita gente associar a necessidade de se alimentar bem apenas àqueles que querem emagrecer. A falsa ideia de praticidade aparece como justificativa para o consumo dos mais variados tipos de ultraprocessados tão práticos quanto nocivos. O argumento, vazio, do alto custo dos alimentos naturais também serve de muleta pela grande parcela da população que ainda teima em trocar a boa e velha comida de verdade pelas novidades da indústria. E o mais preocupante é a formação de hábitos muito errados, principalmente entre os pequenos, que tenho visto diariamente. Mas esse é tema para um próximo post.

Por Juliana Carreiro  do Estadão