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Operação Luxus: Organização criminosa ostentava riqueza com dinheiro roubado de bancos

A Polícia Judiciária Civil estima em mais de R$ 5 milhões o lucro da organização criminosa desarticulada nesta quinta-feira (04), na operação “Luxus”, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Somente em dois dos assaltos os membros da quadrilha subtraíram cerca de R$ 2 milhões, que foram ‘investidos’ em veículos (carros e motos) importados, lanchas, viagens, festas com amigos e mulheres. Tudo era ostentado abertamente nas redes sociais.

Na operação, a Vara do Crime Organizado da Capital e Vara Criminal, além da Comarca de Poconé expediram 26 mandados de prisão preventiva contra 17 membros da organização criminosa investigada há mais de seis meses.

Os mandados de prisão foram decretados no âmbito dos inquéritos policiais dos assaltos ao  Banco do Brasil, da Avenida Pernambuco, bairro Morada da Serra II, em 13 de novembro de 2016; e do furto qualificado ao banco do Brasil de Poconé, ocorrido no dia 5 de fevereiro de 2017.

No roteiro das viagens está o Rio de Janeiro, local preferido dos integrantes da organização criminosa. Na cidade maravilhosa, os assaltantes ostentavam passeios de helicópteros por pontos turísticos do Rio e “torraram” dinheiro no Carnaval do Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

O sobrevôo com visão panorâmica do Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, os dois maiores cartões postais da cidade, e praias paradisíacas, custa em média R$ 1,2 mil, a hora.

O dinheiro vinha de roubos e furtos com arrombamentos de paredes de pelo menos 10 bancos, em uma modalidade que rendeu altas somas  para a organização criminosa, cujos membros, em sua maioria, são nascidos e criados na região do Grande CPA, em Cuiabá.

Modus Operandis

Para entrar nos bancos, da capital e do interior, os bandidos faziam o levantamento de pontos vulneráveis da agência, escolhiam dias  e horários com pouco movimento de pessoas nas ruas, como os finais de semana e feriados.

Eles promoviam a quebra da parede e o desligamento do alarme com uso de bloqueadores de sinal, ainda desligavam câmeras e assim trabalhavam tranquilamente na abertura de caixas eletrônicos e dos cofres instalados dentro das agências, de onde retiravam grandes somas de valores.

Além da destruição das instalações físicas, e grande prejuízo financeiro às instituições financeiras, a população também foi prejudicada com o  fechamento das agências bancárias, que permaneceram com as portas trancadas por dias até o reparo dos danos prediais e o retorno dos serviços bancários aos moradores, como ocorreu na cidade de Poconé (104 km ao Sul), num dos furtos registrados  ao Banco do Brasil, ocorrido em 5 de fevereiro de 2017.

“Estamos diante de uma organização criminosa que promove a destruição de agências bancárias, causando abalo na ordem pública e econômica. Merecendo destacar que o fechamento de agências bancárias para reparar os danos causados pelas ações criminosas reflete diretamente no dia a dia do cidadão, criando obstáculos até mesmo para a concretização de negócios que necessitem do atendimento pessoal”, ressaltou o delegado titular do GCCO, Diogo Santana Souza.

Liderança e membros

Cada integrante exercia um papel dentro da organização criminosa, para qual eram bem remunerados diante do lucro adquirido nos roubos e furtos. No topo da pirâmide está o criminoso, Marcos Vinicius Fraga Soares, 32 anos, conhecido por Pato. Apontado como chefe, Marcos Vinicius já responde por crimes de estelionatos, ameaças, calúnia, lesão corporal, desobediência e perturbação da tranquilidade.

Também no primeiro escalão, está Gilberto Silva Brasil, 35, que possui diversas passagens policiais (estelionato, ameaças, lesão corporal e injúria)r e responde processos como membro de outros grupos criminosos.

A exposição de uma vida de luxo é a marca de Gilberto Brasil, conhecido também como “Beto”, que se autodenomina de “Show Man” nas redes sociais. Em recente viagem para o Rio de Janeiro, junto com amigo Marcos Vinicius, o “Pato”, ficou caracterizado forte vínculo entre ambos. Para os investigadores, a ostentação dos dois suspeitos, somada com outras provas coletadas, leva a Polícia Civil a crer que sejam os dois líderes do bando criminoso.

No segundo escalão da organização, aparece Cleyton César Ferreira de Arruda, 31, responsável pela execução operacional, mantendo forte vínculo com Marcos Vinícius Fraga, inclusive com fotos nas redes sociais.

Com participação direta nos atos criminosos, fornecendo apoio à ação ilícita em Poconé, aparece Thassina Cristina de Oliveira, 31. A mulher usufrui dos benefícios obtidos pelo marido, Cleyton César. Ela prestou auxílio à ação criminosa ocorrida no Banco do Brasil de Poconé.

Outro preso, Junior Alves Vieira, 30, é apontado como um dos executores do roubo ao Banco do Brasil, da Morada da Serra, em novembro de 2016. O suspeito fazia uso de tornozeleira eletrônica. Durante a investigação, os policiais analisaram a movimentação dele nos dez dias anteriores ao roubo e dez dias depois, e concluíram pela participação do suspeito no evento criminoso.

Júnior Alves recentemente, no dia 30 de janeiro de 2017, foi preso pela Polícia Militar com diversas notas manchadas, típicas e sistema de segurança de caixas eletrônicos.

Os demais investigados são: Augusto Cesar Ribeiro Macaubas (Gordão), Jurandir Benedito da Silva (Jura), Diego Silva dos Santos, Hian Vitor Oliveira Cavalcante, Kaio da Silva Nunes Teixeira, Robson Antonio da Silva Passos, Elvis Elismar de Arruda Figueiredo, Julyender Batista Borges (Juju ou Gera), Emanuel da Silva Souza Lubia Camilla Pinheiro Gorgete, Marcelo Alberto dos Santos e Dainey Aparecido da Costa (Playboy ou Dar).

Família

Tão grande é o vínculo entre os suspeitos, que eles se tratam por “família”. A forma de tratamento é derivada de um time de futebol do bairro CPA, no qual se estabelece a maioria dos membros da organização criminosa. Nas redes sociais há várias fotos dos suspeitos com bonés com a inscrição bordada “família”, e camiseta do time, em fotos que aparecem Gilberto Silva Brasil, Junior Alves Vieira e Marcus Vinicius Fraga Soares.

Parcial / Coletiva

Até o momento, 13 mandados foram cumpridos, três veículos foram apreendidos, além de dezenas de folhas de cheque, e ferramentas utilizadas pelo grupo criminoso para realizar cortes e entrar nas agências bancárias. A parcial foi apresentava em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (04).

O Corregedor Geral da Polícia Militar, Alexandre Mendes, destacou os esforços de toda a Segurança Pública no enfrentamento constante à criminalidade. E em relação ao possível envolvimento de um policial militar na organização criminosa desarticulada, o coronel explicou que “será aberto um processo administrativo disciplinar que vai apurar de forma técnica a conduta do investigado”.

A coletiva de imprensa também contou com a presença do Secretario-Adjunto de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Gustavo Garcia, que elogiou a operação Luxus por realizar “repressão qualificada com enfrentamento necessário à criminalidade”.

Também estiveram presentes na coletiva os diretores da Polícia Civil Gerson Vinicius Pereira (Inteligência) e Rogerio Atilio Modelli (Atividades Especiais), além do Delegado Geral da PJC, Fernando Vasco Spinelli Pigozzi, que destacou os esforços constantes de todos os policiais civis envolvidos na operação Luxus. “Por meio de uma ação bem executada pelo GCCO, com auxílio de outras unidades, incluindo a Diretoria de Inteligênci,a foi possível dar uma resposta à altura contra a criminalidade”.

Da Assessoria PJC|MT