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Operadoras de telefonia entregam dados sobre interceptações clandestinas ao TJMT

Dados podem esclarecer para onde foram direcionadas as escutas. Mais de 100 pessoas foram grampeadas em Mato Grosso entre 2014 e 2015.

Operadoras de telefonia celular encaminharam ao Tribunal de Justiça (TJMT) dados referentes a interceptações telefônicas feitas desde 2014 por determinação dos magistrados da instituição. O material foi entregue à Corregedoria e ao desembargador Orlando Perri, que foi sorteado para investigar a denúncia de grampos feitos de forma clandestina em Mato Grosso. Foram vítimas do esquema políticos de oposição ao governo, servidores públicos, médicos, jornalistas, empresários, entre outros.

Os dados poderão esclarecer para onde foram direcionadas as escutas. Conforme a assessoria do TJMT, uma operadora se negou a repassar os dados por não haver determinação judicial para isso. O delegado Flávio Stringueta, da Polícia Civil, foi designado por Perri para investigar a denúncia. O magistrado determinou ainda sigilo na apuração.

Entre outubro de 2014 e agosto de 2015 pelo menos 100 pessoas tiveram os telefones grampeados clandestinamente pela Polícia Militar, após terem os números inseridos, com autorização da Justiça, numa suposta investigação sobre tráfico de drogas envolvendo PMs.

O coronel Zaqueu Barbosa e o cabo Gerson Correa Junior, ambos da Polícia Militar, estão presos preventivamente desde o dia 23 de maio, por determinação da Vara Militar, suspeitos de terem envolvimento no esquema. Os dois tiveram os pedidos de liberdade negados pelo TJMT.

Zaqueu foi o comandante-geral da PM em 2015 e Gerson, que antes de ser preso estava lotado na Casa Militar, foi quem assinou os pedidos à Justiça para a inserção dos números dos telefones de pessoas que não eram suspeitas de crimes.

A PM instaurou um inquérito policial militar para apurar a conduta dos membros da corporação no caso. A denúncia dos grampos também deverá ser apurada pela Polícia Civil, por meio da Defaz (Delegacia Especializada em Crimes Fazendários).

A Procuradoria-Geral da República abriu também investigação para descobrir se o governador Pedro Taques (PSDB) sabia do esquema, como afirma o promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança Pública no ano de 2015. Taques nega. A PGR apura ainda de quem partiu a ordem para as interceptações.

 O ex-secretário-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, deixou o cargo no governo poucos dias antes da denúncia sobre o caso vir à tona. A ex-amante dele, Tatiana Sangalli, foi uma das interceptadas pela PM. Ela foi ainda monitorada pela Polícia Civil em duas investigações em 2015, depois que o então secretário disse estar sendo ameaçado pela jovem. Os inquéritos foram arquivados.

Foi Paulo Taques quem repassou o número de telefone da ex-amante, afirma a delegada Alana Cardoso, responsável por um dos inquéritos na Polícia Civil. O outro ficou sob o comando de Flávio Stringueta.

Por G1 MT