ONU expressa preocupação com indígenas no Brasil
Nações Unidas pedem que ataque no Maranhão seja investigado com rigor e rapidamente, e exigem proteção a vítimas e testemunhas. Incidente deixou ao menos 13 feridos.
Em meio à recente onda de violência contra indígenas no Brasil, a ONU afirmou estar preocupada com o grave ataque que ocorreu no Povoado de Bahias, em Viana, Maranhão. Ao menos 13 membros da etnia gamela ficaram feridos.
“A ONU conclama que as investigações sejam conduzidas com rigor pelas autoridades públicas, estabelecendo tolerância zero a quaisquer formas de redução da gravidade das violências contra os povos indígenas e impunidade de agressores”, afirmou em comunicado divulgado nesta quinta-feira (04/05).
A organização pediu ainda que a investigação seja imparcial e rápida e exigiu que as vítimas e testemunhas recebam proteção a eventuais ameaças. A ONU Brasil destacou que os direitos indígenas estão em risco.
“As Nações Unidas se solidarizam com as vítimas e manifestam a sua disposição em apoiar o Estado brasileiro na condução de medidas para a eliminação do racismo, discriminações étnicas, expressões de ódio, violências e violações de direitos dos povos indígenas”, completou no comunicado.
O ataque no último domingo (30/04) ocorreu quando os indígenas deixavam uma área retomada por eles no último dia 28. Eles foram surpreendidos por um grupo de 200 homens ligados aos agricultores locais, munidos de machados e armas de fogo. O território reivindicado pelo povo gamela é um dos que não foi demarcado pela Funai.
Os indígenas da etnia gamela afirmam que as terras, sobre as quais há um litígio, lhes foram doadas no período colonial, mas que eles foram expulsos a partir dos anos 1970 na sequência da expansão agrícola. Desde 2015, eles ocuparam novamente alguns destes territórios, o que gerou um confronto com fazendeiros.
Os gamelas não são a única etnia que sofrem ameaças. Em 2015, pelo menos 137 índios foram assassinados no Brasil, elevando a 891 o número de mortos desde 2003, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Fonte: DW Brasil