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O CONSUMISMO É UMA FACE CRUEL DA VAIDADE

Por Jose Ribeiro*

 

É o consumismo que leva as famílias ao superendividamento, que na maioria das vezes para satisfazer vaidades.

Quanto mais vaidosa for a pessoa, menos se preocupa com Educação Financeira e mais consumista ela se torna.

  • Comprando o que não precisa;
  • Muitas vezes com dinheiro que não tem;
  • Para impressionar pessoas que nem conhecem.

Em Julho de 2025 a Lei do Superendividamento completará quatro anos de sua publicação. Nunca antes tivemos uma lei que possua a capacidade de alterar significativamente e de modo tão direto a vida de 20% da população, essa é a quantidade de superendividados.

É sabido que o superendividamento tem origem na falta de Educação Financeira e causa exclusão social, acarretando sérias consequências como desemprego, divórcio, baixa escolaridade dos filhos nas famílias atingidas, aumento de moradores de rua, aumento da criminalidade, abuso de substâncias ilícitas e que as pessoas inadimplentes há 90 dias sofrem com vários sentimentos maléficos como ansiedade, estresse, angústia, culpa, depressão, tristeza, desânimo, vergonha, sentimentos de derrota, fracasso, irritação, entre outros.

Mas a batalha contra o endividamento da população não é nova.

Em 1958 o ministro da fazenda Jose Maria Alkmin, preocupado com o nível de inadimplência da população, lançou uma campanha alertando o povo para “não fazer compras a prazo” porque esse consumo exagerado causaria transtornos de difícil reparação.

A Associação Comercial do Rio de Janeiro foi ao presidente Juscelino Kubitscheck se queixar de que o Ministério da Fazenda estava fazenda campanha contra as vendas a prazo.

O ministro, no seu velho estilo respondeu que não era contra as vendas a prazo, mas contra as compras a prazo.

Essa situação pode ser resolvida de algumas formas começando em casa: Viver de acordo com a renda.

Os casais devem conversar sempre sobre as finanças da casa e se tiver filhos inclua eles nas conversações. Todos precisam saber qual é a renda LÍQUIDA da família e quanto se dispõe para gastar e no que se deve focar os gastos. Quanto podem gastar em cada uma das despesas essenciais sem fugir do orçamento básico.

O brasileiro é analfabeto em matemática, independente do grau de escolaridade porque não teve educação financeira em casa, nem na escola e assim não tem condições de dar educação financeira para os filhos. Falta habilidade para lidar com dinheiro e planejar os gastos e por isso não faz orçamento doméstico:

  • Esse consumidor privilegia o lazer em detrimento da atividade que gera renda:
  • Frequentemente tem automóvel mais caro do que a casa onde mora;
  • Tem automóvel de passeio quando deveria ter um utilitário para seu serviço;
  • São facilmente influenciados pela mídia;
  • Nunca antes houve acesso a tantas facilidades como nos últimos anos e alimenta um desejo de consumo desenfreado tornando-se imprudente com a vida financeira ignorando as consequências e se não puder pagar, empurra com a barriga.
  • É daí que vem a maioria dos cheques devolvidos sem fundo que foram emitidos sem avaliar se teriam saldo no prazo combinado.
  • E para não deixar o cheque ser devolvido por falta de fundos, o emitente susta o cheque usando o termo de desacordo comercial (alínea 21), expressão criada pelos bancos para o correntista ter o que informar no ato do pedido de sustação, quando na verdade está cometendo estelionato de acordo com o Código Penal.

Estelionato – Artigo – 171……..

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

Dicas de segurança no uso de cartões

Considerando que o uso dos cartões de crédito e débito tornou-se rotina, muitas vezes os usuários acabem se descuidando da segurança do seu cartão.

  • Não deixar o cartão à vista em mesas ou bancadas de estabelecimentos onde está fazendo compras;
  • Guardar o cartão em um local seguro; 
  • Não compartilhar informações sensíveis, como o código de segurança com pessoas que não sejam de estrita confiança;
  • Não entregar o cartão para efetuar pagamentos, mantenha o controle;
  • Verificar se o valor apresentado na maquininha é o correto antes de aproximar o cartão ou digitar a senha;
  • Aproximar o cartão por conta própria, ou seja não permita que operadores de caixa façam isso por você;
  • Bloquear o cartão imediatamente se desconfiar que foi roubado ou perdido; 

Para proteger o cartão de crédito online, pode-se:

  • Faça compras online sempre no seu computador, nunca use computadores de outras pessoas;
  • Usar apenas uma conta para todas as compras online; 
  • Configurar o recebimento de mensagens de texto ou alertas por e-mail sempre que uma compra for feita; 
  • Finalizar a compra na internet como visitante, em vez de criar uma conta; 
  • Utilizar antivírus e firewall para proteger o computador e smartphone; 
  • Manter o sistema operacional de seus computadores atualizado; 
  • Criar senhas fortes e trocá-las periodicamente. 

Mas antes de tudo lembre-se que cartão de crédito é praticidade e não deve ser usado para suprir uma necessidade financeira. Ninguém deveria lançar mão do cartão de crédito quando estivesse em aperto financeiro, afinal é um empréstimo com os juros mais caros do mundo. Se estiver no aperto, guarde o cartão no fundo de uma gaveta e use-o novamente apenas quando a situação melhorar.

Mas os brasileiros utilizam o cartão como se fosse um complemento de renda e por isso, dos 72,6 milhões de brasileiros inadimplentes, a maioria estão pendurados no cartão de crédito e para esse grupo a dívida já virou uma bola de neve.

Amostragem de como as famílias brasileiras vivem e gastam seus rendimentos e como se distribuem os gastos das famílias, em média (em % do orçamento mensal)

Uma família de classe média, composta por quatro pessoas: Casal e dois filhos adolescentes, residem em casa própria e portanto, não tem despesas com aluguel; renda bruta mensal de R$ 5.500,00 e renda líquida de aproximadamente = R$ 4.730,00

Governos populistas também incentivam o consumismo

As políticas populistas subvertem a lógica das coisas e faz com que o povo acredite que ter possibilidade de comprar e se endividar é sinal de prosperidade, mas não é. Prosperidade é quando aumenta a renda e não as dívidas.

Teve um presidente da República que que disse em tom eufórico: o que incomoda a elite é a madame colocar um perfume para ir a uma festa e a empregada doméstica colocar o mesmo perfume para ir trabalhar. E isso acontecia realmente no auge do consumismo inconsequente, mas longe de significar prosperidade da empregada doméstica e sim o ilusionismo consumista das políticas populistas.

Tivemos uma diarista que nos atendia dois dias por semana e usava Eternity, da CK e sei que custava algo em torno de 150 dólares, portanto a diarista gastava os ganhos de 10 diárias para comprar o perfume e pela ótica da propaganda governista ela pensava que estava prosperando.

Tivemos também um presidente tampão no período de 2018/19 que no último Natal do seu mandato foi à TV em tom eufórico anunciar: NESTE NATAL VAI TER MUITO MAIS PRESENTES, como se não bastasse a fúria consumista de fim de ano. Isso gera consequências graves porque quem sustenta as vendas para o dia das mães, Natal ou o mercado de ovos de chocolate é a parte pobre da população que são fortemente influenciados pela mídia.

* Jose Ribeiro é Consultor, Mentor e Palestrante desde 1994.
Graduado em Administração pela Universidade Católica do Paraná, pós-graduado em Gestão de Custos pela Faculdade de Administração e Economia do Paraná (FAE).
Autor dos livros COMO REDUZIR O RISCO DE INADIMPLÊNCIA que será lançado em Fevereiro/25 e GESTÃO DE CUSTO E FORMAÇÃO DE PREÇOS, que será lançado em Maio/25
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