Não vai ter golpe; Dilma fica

A chantagem covarde de Eduardo Cunha envergonha o povo brasileiro e mancha a Câmara dos Deputados

 

O ato de revanche do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ao acatar na quarta-feira (2) o pedido de impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff (PT) e dar início ao processo, não vai prosperar.

Primeiro que não há elementos que relacione a Presidenta Dilma a nenhum crime de responsabilidade, prerrogativa constitucional para abertura de processos dessa natureza.

Segundo que Eduardo Cunha, responsável por dar início e conduzir os passos iniciais do possível impedimento, não tem estatura moral para fazê-lo.

O País acompanhou perplexo nos últimos dias o presidente da Câmara de forma absurda utilizar o cargo para tentar chantagear e constranger o Partido dos Trabalhadores, para que três deputados petistas votassem contra a admissibilidade de seu processo de cassação no Conselho de Ética da Casa, em troca do arquivamento dos pedidos de impeachment.

No mesmo dia que o PT anunciou que não aceitaria a chantagem do deputado, instantes depois em retaliação ele deflagrou o processo contra Dilma.

Ora, essa chantagem covarde de Eduardo Cunha envergonha o povo brasileiro e mancha a Câmara dos Deputados.

Como vice-líder do PT na Casa, lutarei ao lado da bancada do meu partido e dos demais partidos aliados para barrar esse processo ilegítimo contra a presidenta da República.

O País não vai aceitar que uma mulher honrada, que não responde a nenhum processo, a nenhuma acusação ou denúncia seja ameaçada de impedimento, em uma ação liderada por um parlamentar investigado por corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho de Ética.

Deputado este, é bom lembrar, que chegou a presidência da Câmara eleito pela Oposição com o compromisso de sangrar o governo e em último caso abrir o processo de impeachment.

O Brasil acompanhou que a mesma Oposição que passou todo o ano de 2015 tramando com Cunha o impeachment, simulou semanas atrás afastamento de Eduardo Cunha.

Porém, imediatamente após a deflagração do processo contra Dilma, voltou a recebê-lo de braços abertos.

Expostos os fatos dessa trama que envolve os inconformados com a derrota nas eleições presidenciais de 2014, liderados pelo PSDB, juntamente com um deputado que corre risco de perda do mandato parlamentar por corrupção, trama essa que visa única e exclusivamente à chegada dessa turma ao Poder Central sem ser pela via do voto, reafirmo que esse Golpe não vai prosperar.

Nesta segunda-feira (7), será instalada a Comissão Especial na Câmara que avaliará o pedido de impeachment.

Serão indicados 65 membros, representantes de todas as bancadas e blocos partidários, ocasião em que ocorrerá a eleição do presidente, relator e demais membros do colegiado.

A presidenta Dilma terá 10 sessões para apresentar sua defesa e em seguida a Comissão produzirá o relatório, seja pela continuidade do processo ou arquivamento.

Estamos trabalhando para encerrar esse processo o mais rápido possível.

Mais uma vez afirmo: como não há indícios de crime de responsabilidade contra a presidenta e como se trata de um processo ilegítimo, fruto de vingança de um parlamentar acusado e do inconformismo da Oposição, o País não aceitará que este absurdo prossiga.

Lutaremos pela manutenção no Brasil da legalidade democrática com o respeito à soberania do voto popular já na Comissão, com o devido arquivamento desse lamentável processo.

 

SÁGUA MORAES SOUSA é deputado federal pelo PT-MT,  1º vice-líder da bancada do PT na Câmara Federal.