Mundo mais quente afeta mais países subdesenvolvidos e tropicais, como o Brasil; entenda
O aquecimento global está avançando em um ritmo mais rápido do que o previsto. Em 2024, a Terra registrou o ano mais quente da história, com a temperatura média global superando em 1,6°C os níveis pré-industriais, ultrapassando o limite considerado seguro para o planeta.
Embora os recordes de calor sejam frequentes nos últimos anos, com 2023 sendo até então o ano mais quente, o patamar atingido em 2024 é alarmante. Esse aumento desencadeou extremos climáticos previstos pelos pesquisadores, como chuvas intensas, secas severas e grandes incêndios florestais.
Eventos extremos em 2024
• Chuvas intensas: Devastações no Rio Grande do Sul e a pior tempestade da história na Espanha;
• Furacões: Temporada mais intensa nos Estados Unidos;
• Inundações na África: Causaram centenas de mortes e alteraram paisagens desérticas;
• Secas extremas: Norte do Brasil enfrentou falta de água e isolamento de comunidades;
• Incêndios florestais: Episódios de grande escala no Brasil cobriram regiões do país com fumaça por meses.
Especialistas alertam que esse cenário é apenas uma amostra do que pode ocorrer caso a temperatura global continue a subir.
O Acordo de Paris e o desafio das emissões
Em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu 1,5°C como limite seguro para o aquecimento global. Estudos indicavam que, ao atingir 2°C, as consequências seriam catastróficas. Para evitar esse cenário, seria necessário conter as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono. Contudo, as emissões continuam a crescer, dificultando o cumprimento do compromisso.
Carlos Nobre, climatologista e especialista em mudanças climáticas, afirma: “Se não reduzirmos rapidamente as emissões, alcançaremos 2°C em breve, o que representará um suicídio ecológico.”
Impactos no Brasil
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 2024 foi o ano mais quente já registrado no país. Um levantamento do Cemaden mostra que, nos últimos 80 anos, regiões do Brasil registraram aumentos de até 2,2°C na temperatura. Veja os índices por bioma:
• Pantanal: +2,2°C;
• Mata Atlântica: +1,72°C;
• Cerrado: +1,61°C;
• Caatinga: +1,3°C;
• Pampa: +0,62°C.
A combinação de seca extrema e chuvas torrenciais resultou em desastres sem precedentes no Brasil. No Norte, rios secaram e vegetação foi destruída por incêndios, enquanto no Sul, enchentes devastaram cidades inteiras.
José Marengo, do Cemaden, destaca: “O Brasil é vulnerável a esses extremos. Passar desse patamar é como cair de um penhasco alto.”
Custos econômicos e riscos futuros
Entre 2011 e 2023, o Brasil perdeu R$ 485 bilhões com desastres naturais. Apenas em 2024, a seca no Norte causou prejuízos de R$ 2 bilhões. Se a média global atingir 2°C, cidades brasileiras podem ficar até 4°C mais quentes, levando a condições insuportáveis.
Necessidade de ação urgente
A única solução é reduzir emissões de gases do efeito estufa. No entanto, o compromisso internacional enfrenta desafios, com metas não sendo cumpridas. Paulo Artaxo, membro do IPCC, alerta: “A humanidade, especialmente os países desenvolvidos e a indústria do petróleo, fracassou em conter as emissões.”
A COP 30, que ocorrerá no Brasil, será estratégica para redefinir metas globais. O país anunciou redução de emissões entre 59% e 67% até 2035, mas especialistas apontam que o objetivo deve ser mais ambicioso.
Exploração de petróleo na Amazônia
A exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, considerada a “última fronteira exploratória”, levanta preocupações ambientais. A Petrobras ainda aguarda aval do Ibama para avançar no projeto. Apesar disso, o presidente Lula afirmou que “o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”, gerando debates sobre sustentabilidade e economia.
Em meio à crise climática, os desafios para frear o aquecimento global são urgentes e exigem esforços conjuntos entre governos, indústrias e sociedade.
Da Redação Day News
Com informações do G1