Mais mulheres procuram a polícia para denunciar tatuador em BH
Após a reportagem do Fantástico, mais mulheres procuraram a Polícia Civil e a ativista Duda Salabert para denunciar o tatuador Leandro Caldeira Alves Pereira, de 44 anos, por assédio sexual. A ativista publicou em redes sociais, nesta segunda-feira (1º), novos relatos de abuso. O tatuador, que é dono de um estúdio na Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte, se diz inocente (leia mais abaixo).
Leandro foi preso em Lagoa Santa, na Grande BH, no domingo (31), no mesmo dia em que a reportagem do Fantástico foi ao ar, e levado nesta manhã para o presídio. Ele teve a prisão decretada pela juíza Patrícia Santos Firmo, após pedido da Polícia Civil, e foi encontrado escondido na casa de amigos.
Desde 19 de março, 15 mulheres registraram boletim de ocorrência contra o tatuador, que vai responder pelo crime de violação sexual mediante fraude.
De acordo com a delegada Larissa Mascotte, responsável pela investigação, mais mulheres entraram em contato com a polícia e ao menos uma delas deve ser ouvida nesta segunda.
Novos relatos
“Aconteceu comigo também! Ele foi fazer o desenho nas minhas costas e o membro dele ficava na minha cara grande parte do tempo”, disse uma das mulheres à ativista Duda Salabert.
“Eu sou mais uma vítima dele! Infelizmente, minha tatuagem, que era para marcar algo com significado da minha fé, se tornou a marca mais feia do meu corpo”, relatou outra cliente.
Os depoimentos de abuso se repetem e reafirmam o modo com que Leleco, apelido do profissional, usava para violar as mulheres durante as sessões de tatuagem.
Uma das mulheres disse que desistiu da terceira sessão necessária para concluir a tatuagem após o assédio:
“Em 2009, eu fiz uma tatuagem na coxa que teve duas sessões (eram três, mas a terceira eu não compareci). Era muito nova, tinha 19 anos. Enquanto tatuava ele pegava minha bunda e depois começou a colocar o dedo na minha vagina. Eu ficava tentando demonstrar o desconforto, mas foi terrível. […] Na segunda sessão, pedi que um amigo fosse me encontrar de tão arrasada que eu estava. ”
Vítimas relatam que foram abusadas durante sessões de tatuagem. — Foto: Reprodução/Instagram
Outra mulher – que não mora em BH – disse que em 2007, com 17 anos, conheceu Leandro por intermédio de um amigo. O tatuador disse para a jovem que faria o desenho nela, mesmo sem a autorização da mãe. Ele, então, teria indicado que ela tatuasse a virilha ou cóccix, local onde a mãe não veria. A jovem foi ao estúdio e pediu que o desenho fosse testado no pescoço, mas Leandro teria pedido para ela ficar só de calcinha:
“Cheguei lá e ele queria colar os decalques em mim. Disse que ia ficar melhor na virilha. Aí quis testar na nuca e ele só falava na virilha, até que percebi que ele estava excitado, porque dava pra ver na calça. Ele insistia muito, eu só tinha 17 anos, me senti coagida, ele então me fez tirar a calça para colar o decalque.”
A vítima disse que aproveitou que outro cliente chegou ao estúdio para escapar e nunca mais retornou.
Mulher disse que era menor de idade quando foi abusada por tatuador. — Foto: Reprodução/Instagram
Leandro diz que é inocente
O inquérito para investigar a conduta de Leandro foi aberto no dia 20 de março deste ano. A prisão ocorreu no domingo (31), em Lagoa Santa.
Após a prisão, Leandro conversou com repórter Carlos Eduardo Alvim, da TV Globo, e disse que vai provar sua inocência: “Eu sou tatuador há mais de 22 anos, estou no mesmo lugar há 15 anos. Sempre respeitei a todos. Estou tranquilo, tô com Deus e vou provar minha inocência”.
Ele ainda se diz vítima de linchamento virtual: “Me condenaram antes mesmo de me ouvir. Eu acredito que eu tenho muito mais clientes que estão me apoiando que estas pessoas que estão me acusando.”
Por Carlos Amaral, G1 Minas — Belo Horizonte