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Richard da Cruz, de 20 anos, morreu no Hospital municipal Lourenço Jorge — Foto: TV Globo/Reprodução

Mãe diz que filho ferido morreu após levar soco de profissional de saúde em hospital na Barra

Richard Cruz, de 20 anos, foi levado à unidade após sofrer uma lesão no pescoço; secretário afirma que equipe não tem registro de agressão

Um rapaz de 20 anos morreu, neste sábado, após dar entrada no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, com um ferimento no pescoço. A mãe de Richard Cruz, Alessandra Ferreira da Silva, contou ao Bom Dia Rio, da Rede Globo, que ele foi encontrado machucado na rua e levado, pelo Samu, à unidade. Na internação, segundo o relato de Alessandra, teria sido agredido por um dos médicos, que acertou, com um soco, a região onde Richard estava ferido. As circunstâncias são investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital.

Em entrevista, o secretário municipal de Saúde do Rio afirmou que a equipe não tem registro de agressão.

— A equipe não tem registro algum de violência, nem o médico, nem os enfermeiros ou assistentes. Nunca tinha acontecido algo assim com eles. É uma situação muito grave, que vai ser investigada minuciosamente — reforça o secretário Daniel Soranz.

O secretário pontuou ainda que ao menos 12 profissionais de saúde atenderam o rapaz, que estava agitado e agressivo durante a internação no hospital.

Ao Bom Dia Rio, da TV Globo, Alessandra contou que o filho tem histórico psiquiátrico e que reclamava de ter sido maltratado pela equipe:

“Ele arrancou o soro, arrancou tudo, começou a falar que queria ir embora e que o estavam maltratando. O médico tentou conter ele, que reagiu. Depois, deu socos no meu filho e acabou acertando onde estava o ferimento da faca”.

Estabilizado e falando normalmente

Nesta segunda-feira, parentes e amigos da família de Richard foram ao Instituto Médico-Legal (IML) para fazer a liberação do corpo. Eles contam que o rapaz estava estabilizado e “falando normalmente” horas antes de morrer.

Segundo Lindiane Teixeira, amiga da família, um médico da equipe do hospital chegou a informá-la de que o ferimento era superficial. Ela estava no hospital como acompanhante da mãe de Richard, quando as agressões teriam acontecido.

— Eu estava com a Alessandra quando um médico chegou e disse que Richard estava bem, fora de perigo. Ele informou que o corte no pescoço era superficial, mas que a recomendação era esperar até 24 horas para assegurar a necessidade de uma cirurgia — conta.

Segundo Lindiane, os profissionais sabiam que Richard era paciente psiquiátrico, mas não tiveram cuidado ao tratar dele:

— Ele tinha depressão grave, já havia sido internado algumas vezes para tratar essa condição. A gente sabe que o Richard deu um empurrão no médico, não sabemos se ele estava em surto ou coisa parecida. A reação do médico foi dar três chutes nele e um soco no pescoço, onde estava a ferida. Imediatamente, ele caiu no chão, jorrou muito sangue.

Denúncia grave, diz SMS

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que considera a denúncia grave “e está empenhada em uma apuração rigorosa e imparcial dos fatos ocorridos no Hospital municipal Lourenço Jorge (HMLJ). Os profissionais envolvidos estão identificados e à disposição da Polícia Civil para prestar depoimento. Outros pacientes que estavam no mesmo setor da unidade também poderão, a critério da autoridade policial, ser chamados como testemunhas”.

“Os profissionais alegam terem sido agredidos pelo jovem e usado os meios necessários para a contenção. Caberá à investigação policial concluir se houve excessos que contribuíram para o óbito. A SMS e a direção do HMLJ se solidarizam com a família de Richard e seguem à disposição para colaborar com a Polícia Civil em tudo o que for solicitado para a elucidação dos fatos”, diz a nota.

Por O Globo