Mãe de estudante morta por vizinho em Goiânia pede condenação do adolescente: ‘Pesadelo’
Menino de 13 anos confessou que esfaqueou Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, no prédio onde moravam. Juiz disse que não dará informações sobre processo.
A mãe da estudante Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, que foi morta pelo vizinho de 13 anos na escada do prédio onde morava, cobrou a condenação do adolescente, em Goiânia. Maria Paulo de Almeida tentou acompanhar, nesta sexta-feira (22), a audiência do processo que apura a morte da filha, mas não conseguiu por causa do segredo de Justiça. Ela disse que vive um “pesadelo”.
Maria Paulo conta que nada alivia a dor pela perda da filha, morta no dia 23 de agosto. “Minha vida está de cabeça para baixo, um pesadelo, além da tristeza, da perda, do desgosto. Eu não sei explicar, vou ao psicólogo, mas parece que nada tem sentido. Estou perdida, parece que nada vale mais a pena”.
“Estou muito angustiada, nervosa, espero que o juiz tenha bom senso e determine os 3 anos, que é o máximo permitido pela lei”, disse emocionada ao G1.
A audiência de condução do caso aconteceu durante a manhã no Juizado da Infância e Juventude de Goiânia. Do lado de fora do prédio, dezenas de parentes de Tamires, vestidos com camisetas com a foto da adolescente estampada, pediam “justiça”.
Muitos familiares de Tamires saíram de Pires do Rio, no sudeste de Goiás, para acompanhar a audiência na capital. Entre eles está o padrinho da vítima, João Bosco Caixeta, de 53 anos. “Eu tenho ela como minha filha. Então o mínimo que poderia fazer era vir. Por mim, ele pegaria prisão perpétua porque os sonhos dela foram cessados, e ele ainda terá a vida toda pela frente”, disse.
Após a sessão, o juiz Lionardo José Oliveira afirmou que não revelará a sentença nem fornecerá outras informações sobre o caso.
O promotor de Justiça Frederico Augusto de Oliveira Santos, que foi o responsável por pedir a internação provisória do menor e pela oitiva informal dele, explicou ao G1 que o estudante não precisaria ser ouvido novamente.
“O interrogatório do menor ocorreu no primeiro momento e não precisa ser colhido novamente. É uma instrução simples porque as testemunhas corroboram o depoimento do adolescente, que confessa o ato”, afirmou Santos.
A mãe do adolescente já havia dito que entende que o filho deve ser responsabilizado pelos atos. Abalada, ela tenta entender o que aconteceu e as razões que o levaram a cometer o ato. Ela contou ao G1 que viu o corpo da vítima na escadaria do prédio. Na hora, ela disse que teve um “apagão” e desmaiou, sofrendo um princípio de AVC.
Crime
A estudante foi morta por volta das 13 horas, quando os adolescentes iam para o colégio. Segundo a Polícia Civil, o crime começou no corredor do 5º andar, onde a vítima e a mãe moravam.
“Ele ficou aguardando ela na escada e, na hora que ela chegou perto do elevador, ele a dominou com um golpe mata leão, que ele fazia jiu-jítsu, e que a levou para a escadaria onde começou a execução do crime”, relatou o delegado responsável pelo caso, Luiz Gonzaga Júnior.
O adolescente foi para a escola, onde contou o que havia feito a um coordenador. Em seguida, uma equipe do colégio correu ao prédio para tentar salvar a vítima.
O delegado defende que o crime foi premeditado. “Ele escolheu três meninas do colégio por entender que seria mais fácil de executar o crime. A Tamires mais fácil ainda por residir no mesmo prédio e estudar no mesmo colégio”.
Imagens de câmeras de segurança mostram o garoto logo após a morte da vizinha (assista acima). Primero, ele aparece dentro do elevador olhando a camiseta e as costas, pelo espelho. Em seguida entra um homem com o filho e o menino demonstra nervosismo e olha para as mãos. Ao elevador abrir, ele sai rápido do prédio, pulando os degraus em direção à escola onde ele e Tamires estudavam.
Segundo testemunhas, vítima e suspeito não tinham desavenças. “O depoimento da mãe dela veio a corroborar as provas já apresentadas de que o adolescente não tinha motivação para praticar tal crime. Segundo a mãe, tanto ela quanto a filha, não tinham relação de amizade ou de inimizade com o adolescente”, defendeu Júnior.
Por Paula Resende e Murillo Velasco, G1 GO