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© Getty Images

Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz em resposta a ataque dos EUA

Medida precisa de aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Ali Khamenei para entrar em vigor

O Parlamento do Irã aprovou neste domingo (22) uma proposta que autoriza o fechamento do Estreito de Ormuz, um dos principais corredores marítimos de exportação de petróleo do planeta. A decisão é interpretada como retaliação direta ao bombardeio realizado pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, conforme noticiou a mídia estatal iraniana.

Embora tenha sido aprovada pelo Parlamento, a medida ainda depende da validação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, para ser implementada.

Importância estratégica do Estreito de Ormuz

Localizado entre o Irã e Omã, o Estreito de Ormuz é uma via marítima estreita, mas crucial para o comércio global de energia. Aproximadamente 20% do petróleo comercializado no mundo passa diariamente por essa rota. Segundo dados da consultoria energética Vortexa, entre o início de 2022 e maio de 2025, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris por dia transitaram pelo estreito.

A possível interrupção da navegação pode causar sérios impactos no mercado internacional, especialmente para países da Ásia que dependem fortemente do fornecimento da região. A passagem também é vital para a exportação de gás natural liquefeito (GNL) do Catar, que utiliza o estreito como rota quase exclusiva.

A segurança no local é monitorada pela 5ª Frota da Marinha dos EUA, baseada no Bahrein. O trecho mais estreito do canal tem apenas 33 quilômetros, com dois corredores de navegação de cerca de 3 km em cada sentido.

Reflexos no mercado de petróleo

A escalada das tensões já se reflete nos preços do petróleo. Desde o início das ofensivas militares, na sexta-feira (13), o valor do barril do tipo Brent, referência global, saltou de US$ 69,36 (em 12 de junho) para US$ 78,74 (em 19 de junho) — um aumento de 13,5% em apenas uma semana.

Segundo analistas do JPMorgan, um eventual bloqueio total do Estreito de Ormuz ou retaliações por parte de outros grandes produtores da região poderiam empurrar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril.

Histórico de ameaças

Embora o Irã já tenha ameaçado fechar o Estreito de Ormuz em outras ocasiões, a medida jamais foi de fato concretizada. Em 2019, por exemplo, o governo iraniano respondeu com ameaças semelhantes à saída dos EUA do acordo nuclear, ocorrido durante o mandato de Donald Trump — o mesmo ex-presidente que agora ordenou os ataques contra as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan.

O estreito é considerado um ponto de estrangulamento geopolítico, onde qualquer tensão pode ter repercussões imediatas sobre os mercados globais de energia. Por esse motivo, países produtores da região, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque, têm buscado rotas alternativas de exportação.

De acordo com a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA), a região conta com capacidade ociosa de até 2,6 milhões de barris por dia em oleodutos — número registrado em junho de 2024 — que pode ser utilizado para mitigar impactos em caso de bloqueio de Ormuz.