Impeachment: Ovacionada, Dilma deixa Palácio da Alvorada e segue para Porto Alegre
A Ex-presidente Dilma Rousseff, que teve seu mandato cassado pelo Senado no 31 de agosto, prepara para hoje (6) sua mudança para Porto Alegre, onde vive sua família. Segundo sua assessoria de imprensa, a expectativa é que ela deixe o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, no início da tarde, e não há previsão de entrevista à imprensa.
Dois caminhões de mudança entraram no Alvorada no início da manhã. Para a viagem de mudança, ela deve utilizar, pela última vez, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O ex-ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, entrou no Alvorada por volta das 11h sem dar declaração à imprensa.
Embora tenha sido condenada por crime de responsabilidade, Dilma terá direito a benefícios concedidos aos ex-presidentes da República, pois concluiu o seu primeiro mandato, de 2011 a 2014. Depois de aprovar a perda do mandato de Dilma, o Senado decidiu manter os seus direitos políticos, permitindo que ela ocupe cargos públicos .
A ex-presidente não receberá salário, mas terá direito a oito servidores, sendo dois assessores, quatro seguranças e dois motoristas, além de dois carros. Todas as despesas relacionadas à gestão dos servidores e dos dois veículos serão custeadas pela Casa Civil, com recursos do Tesouro Nacional.
“Dilma sai de cabeça erguida”, diz senador Lindbergh Farias
O Senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse nesta terça-feira (6) que Dilma Rousseff sai de “cabeça erguida” de todo o processo que culminou no seu impeachment pelo Senado, no dia 31 de agosto. “O povo começa a sentir que houve uma grande injustiça. Cresce a sensação de que foi um golpe. Essas manifestações [contra o governo do presidente Michel Temer] estão só no começo. Essa é hora de transformar a dor em luta, em resistência. Vocês vão ver a mesma Dilma guerreira, de cabeça erguida, deixando esse Palácio da Alvorada.”
Lindbergh deu a declaração acompanhado do senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, após visitarem Dilma no Palácio da Alvorada. A ex-presidente se muda hoje para Porto Alegre, onde vive sua família. Na capital gaúcha, está previsto um ato de apoio à ex-presidente.
“É muito lamentável o Brasil estar vivendo isso. Depois da redemocratização tivemos quatro presidentes da República. Dois foram tirados por impeachment. O caso da presidente Dilma não tem paralelo na história. É uma grande injustiça”, afirmou Jorge Viana.
“Abraçaço” pela democracia
Um grupo de manifestantes faz um ato desde o fim da manhã em apoio à ex-presidente Dilma Rousseff em frente ao Alvorada. O evento, intitulado “Abraçaço pela democracia”, foi convocado pelas redes sociais. Com faixas de “Fora, Temer”, cerca de 60 pessoas, segundo os organizadores, enfrentam o sol forte para acompanhar a saída de Dilma da residência oficial da Presidência.
Acompanhado por amigos, o psicólogo e consultor em direitos humanos Daniel Arruda, de 31 anos, que é militante LGBT, afirmou que este é um momento de união. “Estou aqui agora para dizer: Dilma, estou com você. Até breve, daqui a pouco estamos de volta. Vim aqui reforçar o discurso final da Dilma de até breve. Estamos juntos e daqui a pouco estaremos de volta”, disse Arruda, para quem as causas dos movimentos sociais perdem com a saída de Dilma.
Dilma Rousseff deixou, há pouco, o Palácio da Alvorada, onde residia desde o dia 1º de janeiro de 2011. Neste momento, ela se dirige para a Base Aérea de Brasília, onde embarcará em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), com destino a Porto Alegre, onde passará a residir.
À saída da comitiva, Dilma deixou o carro onde estava para cumprimentar as centenas de pessoas, em sua maioria, mulheres, que a aguardavam desde cedo em frente ao palácio para se despedir dela.
Quando Dilma passou, pétalas de rosas foram jogadas em sua direção. Após se despedir dos manifestantes e seguiu para a Base Aérea onde embarcará em voo da FAB para Porto Alegre.
Acompanhavam a ex-presidente o ex-ministro José Eduardo Cardozo, que foi seu advogado no processo de impeachment, e os ex-ministros Kátia Abreu, Miguel Rossetto, Jaques Wagner e Ricardo Berzoini e alguns senadores petistas.
Do Terra/Agencia Brasil