Geração de peso e de pesar

Viver em Mato Grosso é muito bom!

Temos belezas naturais maravilhosas e uma culinária rica e diversificada. Misturamos as mais diversas culturas dentro da nossa panela e, digamos assim, somos um povo de muitos tons e sabores. Adoramos uma farofa de banana acompanhada de Maria Isabel. Sem falar na mojica de pintado com pirão de peixe. Alimentos deliciosos, como as sobremesas, que vāo do furrundum ao doce de leite. E, junto com nosso café da manhã, ou chá da tarde, não pode faltar o nosso grande patrimônio, o bolo de arroz.

Deu água na boca? Certamente, sim. Mas, é preciso despertar em todos nós, com a mesma intensidade que o alimento, o outro lado, o resultado dessa comilança toda, ou seja, o excesso de peso que pode vir com os alimentos deliciosos.

Hoje, Cuiabá é a capital com maior índice percentual de pessoas acima do peso no Brasil. Isso, sem dúvida, deveria ser a maior preocupação nossa no que diz respeito à saúde, vez que, junto com a obesidade é somado uma série de outras doenças. Podemos citar algumas: hipertensão, diabetes, dislipidemia (colesterol), infarto, avc, doenças articulares, etc.

Parece ironia, mas como diz um velho ditado, estamos morrendo pela boca, como peixes. Criamos uma mistura bombástica, uma sociedade sedentária aliada ao abuso de alimentos ricos em açúcar e gorduras. Assim, temos a combinação perfeita para ter como resultado uma população obesa. O sedentarismo talvez seja um dos ônus da modernidade. Tudo está ao alcance de qualquer pessoa nas pontas dos dedos, ao simples toque de uma tela de celular, de um controle remoto, sem sair do lugar. Se precisamos de um serviço bancário, geralmente não vamos mais até o banco, usamos os dedos; comprar roupa, usamos os dedos; até comprar um carro. Se nas cavernas precisávamos de todos os músculos do corpo, hoje isso se resumiu aos dedos, na verdade 2 dedos.

Na mesma velocidade da tecnologia, há um grande risco: as gerações futuras terem uma expectativa de vida menor que a geração atual, ou, ao menos, se caso viverem tanto quanto os dias de hoje, ou quem sabe até mais, com certeza, terão muito menos qualidade de vida. Isso porque teremos uma população mais doente e com mais problemas cardiológicos e metabólicos. Infelizmente estamos antecipando algumas patologias que antes apareciam na quarta ou quinta década de vida e agora começaram a aparecer, em alguns casos, já a partir da segunda década de vida, principalmente o diabetes e a hipertensão.

Existe um outro ditado que diz: o que não mata, engorda. Mas, diante da atual situação e cultura da sociedade, podemos inverter esse mesmo ditado em: o que engorda, mata.

Portanto, a obesidade deve ser encarada como uma epidemia e como tal, combatida. Assim, como na década de noventa houve uma guerra para diminuir os índices de tabagismo no Brasil, é preciso fazer o mesmo esforço com relação à obesidade; por exemplo, nas escolas, poderíamos adotar cardápios mais voltados ao saudável e, ao mesmo tempo, incentivar os alunos à maior prática de esportes com maior número de aulas de educação física durante a semana.

Por outro lado, o governo deveria aumentar a tributação sobre alguns alimentos comprovadamente danosos a saúde como refrigerantes, doces e sucos industrializados. Também, investir em propagandas de promoção à saúde, em especial para falar dos benefícios dos alimentos naturais e mostrar o risco daqueles que são industrializados. Essas ações têm que começar rapidamente ou vamos deixar nossos filhos e netos condenados a um futuro sombrio, rico em doenças e muito pobre em saúde. O nosso alimento deve continuar sendo o maior e o melhor remédio, e não o nosso veneno para a morte.

Andreia KrugerPor Andréia Kruger*

*Graduada em Direito com Especialização em Direito Ambiental e Alimentos e Acadêmica do Curso de Nutrição.