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Expectativa governista é por relatório contra Temer na CCJ

Responsável por parecer, deputado Sérgio Zveiter apresentará voto na tarde desta segunda-feira; primeira votação sobre denúncia é esperada para sexta

O presidente Michel Temer (PMDB) e seus aliados no Congresso dão como certo que o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) será favorável à aceitação da denúncia contra o peemedebista. O voto do parlamentar será lido na tarde desta segunda-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que fará a primeira votação sobre a acusação de corrupção passiva contra o presidente da República

Apesar de a deliberação ser simbólica – a palavra final será do Plenário de qualquer forma –, são necessários 34 dos 66 votos da CCJ para a aprovação do parecer. Com a expectativa do relatório de Zveiter, Michel Temer antecipou em um dia a volta do G-20, realizado na Alemanha, e se reuniu com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira, no Palácio do Jaburu, para discutir a crise política.

Mais tarde, ele traçou estratégias com ministros e líderes governistas em encontro no Palácio do Alvorada. O presidente demonstrou preocupação e pediu empenho da base para que a CCJ rejeite a admissibilidade da denúncia, feita pelo procurador-geral Rodrigo Janot, com base nas delações de executivos do grupo JBS. Apesar de uma vitória na Comissão não encerrar o assunto, tem peso político para a disputa no Plenário.

O governo quer o fim das discussões até a próxima segunda-feira, véspera do recesso parlamentar. “O presidente quer acelerar o mais rápido possível. O país não pode ficar sangrando”, declarou o deputado Fausto Pinato (PP-SP), um dos que participaram da reunião. Além de deputados, também participaram do encontro os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antonio Imbassahy (Governo) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores).

Se o parecer de Sérgio Zveiter for a favor da aceitação da denúncia, aliados dizem ter os votos necessários para rejeitá-lo. “Não vou poder agradar a todo mundo, mas não vou fazer nada deliberadamente para desagradar a ninguém”, disse o deputado. Visto como um parlamentar descolado do Palácio do Planalto, reiterou que seu voto será técnico, “totalmente isento” e de acordo com a sua “consciência”. “Quem vai dar a solução para o problema e para a população é o plenário”, disse.

Zveiter não pediu nenhuma extensão de prazo e cumprirá o acordo de apresentar seu parecer à CCJ dentro do prazo de cinco sessões plenárias, o que frustrou a oposição. “Se ele votar com o governo, ele vai ficar desmoralizado”, afirmou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

O líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou que a base está pronta para derrubar um parecer pró-denúncia. Ignorando o movimento que já fala em uma eventual substituição de Temer por Rodrigo Maia, Moura afirmou que o governo terá mais de 40 votos na CCJ e vitória folgada no plenário. “A nossa base está muito coesa, muito unida, e consciente de que não tem nada de maior gravidade no diálogo do presidente com o Joesley”, disse. “Vencida esta etapa, nós iniciamos, com foco prioritário, o plenário”, afirmou.

Margem

Com a atual composição da CCJ, porém, o governo não teria os votos suficientes. Para ter uma margem folgada de 39 deputados, serão feitas mudanças na composição do colegiado. “Trabalhamos para ter uma maioria segura. É muito importante ganhar na CCJ”, disse o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP).

Na avaliação da oposição, se o governo precisa trocar membros da comissão é porque a batalha no plenário “está perdida”. “Maioria produzida por substituições é falsa”, disse Alessandro Molon (Rede-RJ).

Para atrasar o cronograma da Comissão e forçar o desgaste do governo, a oposição pretende insistir na aprovação dos requerimentos para convidar Janot e promover o depoimento de Joesley e do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Os pedidos devem ser indeferidos pelo presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).

A primeira votação do parecer deve ocorrer na sexta-feira. Após a CCJ, a denúncia vai para a análise do plenário da Câmara, onde o governo precisará de 172 dos 513 votos para derrubá-la.

(Com Veja e Estadão Conteúdo)