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Soldados israelenses voltam a ocupar regiões em Gaza e bloquear ajuda humitária. Foto: Ilia Yefimovich/picture alliance/dpa

Exército israelense intensifica ações e expande controle sobre Gaza

Ministro da Defesa afirma que tropas irão ocupar áreas estratégicas no território palestino. Negociações por cessar-fogo seguem sem avanço concreto.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou neste sábado (12) que o exército israelense irá ampliar significativamente sua ofensiva na Faixa de Gaza, com o objetivo de ocupar a maior parte do território. Ele também ordenou a evacuação de civis das zonas de combate.

“Em breve, as operações do IDF [Forças de Defesa de Israel] vão se intensificar e se expandir para outras áreas na maior parte de Gaza, e as zonas de combate devem ser evacuadas”, declarou o ministro em comunicado oficial.

Katz informou ainda que as tropas concluíram a ocupação do chamado Eixo Morag — corredor estratégico ao sul do enclave — e incorporaram à zona de segurança israelense toda a região entre Morag e o Corredor Philadelphi, na fronteira com o Egito. Antes da guerra, essa área abrigava mais de 200 mil palestinos, mas atualmente restam apenas algumas centenas de civis após destruição em larga escala.

O ministro também anunciou o avanço das forças israelenses sobre Beit Hanoun e outros pontos ao norte de Gaza, com o objetivo de ampliar a área militar do Corredor Netzarim, que cruza o território no sentido norte-sul. A movimentação, na prática, divide Gaza em três regiões isoladas.

Em paralelo, os militares israelenses ordenaram a retirada dos habitantes de Khan Yunis e localidades próximas, após a interceptação de três mísseis disparados do sul de Gaza. “As tropas da IDF estão operando com força total na área e atacarão com intensidade qualquer local de onde os foguetes foram lançados”, informou o exército, por meio da rede social X.

Deslocamento em massa e agravamento da crise humanitária

Desde a retomada dos combates, após o colapso da trégua em meados de março, mais de 400 mil palestinos foram deslocados de suas casas, segundo dados das Nações Unidas. Nesse mesmo período, ao menos 1.500 pessoas foram mortas, conforme o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. De acordo com o escritório de direitos humanos da ONU, dezenas dessas mortes ocorreram em ataques que vitimaram “apenas mulheres e crianças”.

Agências da ONU alertam para o agravamento da crise humanitária, já que Gaza não recebe ajuda desde meados de março. A infraestrutura local está colapsada, com falta de alimentos, medicamentos e acesso à água potável.

O governo israelense, por sua vez, sustenta que a nova fase da operação tem como objetivo pressionar o Hamas a libertar os 58 reféns ainda mantidos em cativeiro no enclave. “A pressão militar é essencial para garantir a libertação dos prisioneiros”, declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O grupo palestino, entretanto, acusa Tel Aviv de colocar em risco a vida dos reféns. “A ofensiva não apenas mata civis indefesos, mas também torna incerto o destino dos prisioneiros”, afirmou o Hamas em comunicado.

Nova rodada de negociações no Egito

Enquanto os combates se intensificam, representantes do Hamas e mediadores egípcios se reúnem no Cairo para tentar retomar as negociações por uma trégua. “Esperamos que a reunião alcance um progresso real no sentido de chegar a um acordo para acabar com a guerra”, disse um enviado do grupo palestino à agência AFP.

Segundo a imprensa israelense, o Egito propôs um acordo prevendo a libertação de oito reféns vivos e oito corpos, em troca de um cessar-fogo de até 70 dias e da libertação de prisioneiros palestinos. No entanto, o Hamas afirmou que ainda não recebeu oficialmente nenhuma nova proposta.

Protestos em Bangladesh

Milhares se reúnem em praça de Bangladesh

Foto DW

Em Daca, capital de Bangladesh, cerca de 100 mil pessoas participaram de um protesto neste sábado contra a ofensiva israelense. Manifestantes empunhavam bandeiras palestinas e cartazes com críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, acusando-os de apoiar o governo de Netanyahu.

O Partido Nacionalista de Bangladesh e grupos islâmicos locais expressaram apoio ao protesto. O país, de maioria muçulmana e com 170 milhões de habitantes, não mantém relações diplomáticas com Israel e reconhece oficialmente o Estado palestino.