Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em transmissão ao vivo, Guaidó convoca mobilização

Ele fez um balanço sobre viagem a cinco países, incluindo o Brasil

O autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, promete retornar ao país a qualquer momento e convocou a população para uma mobilização nacional hoje (4) a partir das 11h (horário de Caracas, meio-dia em Brasília). Em Caracas, a concentração está organizada para a Avenida de Las Mercedes, a principal da capital.

Ontem (3), por volta das 21h40, Guaidó fez uma live (transmissão ao vivo) nas redes sociais. Ele apresentou um balanço de sua viagem por cinco países da América do Sul: Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador. Segundo ele, foi firmada uma “coalizão” internacional em favor da democracia.

“As opções de recuperação econômica estão sobre a mesa. Isso está acompanhado da mobilização cidadã e do povo venezuelano”, destacou Guaidó.

Ameaças

Ameaçado pelo governo Nicolás Maduro de prisão, o interino disse não temer os riscos de retornar à Venezuela. De acordo com ele, seu regresso ao país é acompanhado pelo mundo e povo venezuelano. Na transmissão ao vivo, Guaidó estava ao lado da mulher, Fabiana.

“Se tentarem me sequestrar, temos todos os passos a seguir”, disse. “Hoje estamos mais mobilizados do que nunca”, acrescentou. “Se me sequestrarem, será um dos últimos horrores. No passado, sequestraram e mataram nossa gente e estamos mais fortes do que nunca”, afirmou. “A força é a união.”

Em janeiro, a Suprema Corte da Venezuela, sob controle de Maduro, proibiu Guaidó de deixar o país e congelou seus bens. Porém, a Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, aprovou uma licença para o interino deixar a região.

Convites

Durante a transmissão, que durou quase meia hora, o interino relatou que deve ir ao Chile, no próximo dia 22, quando haverá a Cúpula do Prosur, fórum convocado pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, para discutir alternativas de incremento nas relações das Américas.

Também afirmou que pretende ir ao Peru e a Honduras. Segundo Guaidó, as visitas são importantes para o fortalecimento da união em torno da Venezuela. Ele ressaltou o esforço conjunto para buscar eleições livres, o restabelecimento da democracia, a solução para a fome e a emergência sanitária.

Guaidó contou que, em Brasília, ele encontrou uma família que caminhou na região de Santa Elena de Uiarén (fronteira da Venezuela com o Brasil) no esforço de escapar das dificuldades e ter oportunidades em outro país. Emocionado, ele disse que trabalhará para que os imigrantes possam regressar à Venezuela com chances de reconstruir suas vidas.

Anistia

O interino reiterou que pretende anistiar os militares e funcionários públicos, que atualmente servem ao governo Maduro. Com um discurso de compreensão sobre as necessidades desses trabalhadores, afirmou que vai se reunir para conversar com eles sobre alternativas.

“Funcionários públicos: a democracia está sequestrada. Haverá uma legislação específica para este setor. Não podemos seguir com a administração de Maduro. Vamos proteger os funcionários públicos”, disse Guaidó. “Hoje as Forças Armadas venezuelanas devem exercer suas funções.”

O interino disse que o esforço de todos é pela paz. “Nós queremos a paz, mas a paz não existe quando há massacre, como o de indígenas na fronteira”, disse. “Nós não ficaremos de braços cruzados.”

Ao final da transmissão, Guaidó mostrou uma fotografia da filha, Miranda, de um ano e nove meses, e disse emocionado: “Hoje Miranda completa 21 meses”.

Por Agência Brasil (Edição: Lílian Beraldo)