Em MT, 50 municípios não têm delegado e profissionais se revezam
Efetivo é de 234 delegados e sindicato aponta que o ideal seria de 400. Há regiões em que há um delegado para atender três municípios.
Dos 141 municípios mato-grossenses, 50 não têm delegado e os casos de polícia registrados nessas localidades são atendidos por profissionais das cidades vizinhas. Atualmente, são 234 delegados em atuação no estado, enquanto o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepo), Wagner Bassi Júnior, aponta que o efetivo ideal para atender a demanda seria de 400 profissionais.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) informou que o concurso, cujo edital foi lançado na semana passada, deve suprir o déficit.
Em Sorriso, a 420 km da capital, há um delegado para atender 66.521 habitantes. Lá seriam necessários, no mínimo, três profissionais, segundo o sindicato.
A conta é de um delegado para 20 mil habitantes, aproximadamente, dependendo da logística.
Na região nordeste do estado, que não tem asfalto, tem quatro delegados para atender aproximadamente 12 municípios, entre eles Confresa, 1.160 km de Cuiabá, onde fica a Delegacia Regional.
“No caso de Confresa, por exemplo, os municípios são muito distantes e as estradas são de terra. Então, para o delegado responder por dois municípios, o delegado tem que viajar de 100 km a 200 km em estrada de chão, o que demora cerca de 4 horas, então fica difícil acumular unidades”, afirmou o presidente.
O número de municípios sem delegado foi informado pelo delegado geral da Polícia Civil, Fernando Pigozzi, na publicação do edital de concurso para cadastro de reserva para delegado da Polícia Civil. De acordo com a Polícia Civil, além do déficit, ainda há alguns delegados prestes a se aposentarem.
Conforme o sindicato, pelo menos 20 delegados estariam em condições de aposentar. “A reforma na previdência causou temor em muitos profissionais, que vão ainda não pretendiam se aposentar, mas que vão acelerar a mudança com medo de alteração nas regras”, afirmou o presidente do sindicato.
Falta de estrutura
Além da falta de delegados, há precariedade em outros setores, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Siagespoc), Cledison Gonçalves. Ele cita, como exemplo, a falta de carros adequados, principalmente, nos municípios sem asfalto.
“Em Alta Floresta, Juína, Confresa, e na região Norte, as estradas são de chão e as delegacias teriam que ter caminhonetes, mas a maioria tem carros baixos. Teria que ser todas caminhonetes, porque no período de chuvas as estradas ficam praticamente intransitáveis”.
Segundo ele, as armas também deveriam ser melhores. “Hoje, a polícia trabalha com pistola, enquanto os bandidos usam fuzis, principalmente essas quadrilhas do Novo Cangaço [de assalto a banco]”, declarou.
Há 20 anos, conforme o sindicalista, o governo fez um levantamento informando que seriam necessários 400 delegados, 1.200 escrivães e 4.000 investigadores. “O governo disse à época que esse seria esse efetivo, mas até agora não chegamos a esse número”, lamentou.
Fonte: G1