‘Ele vai pagar’, diz mãe de aluno que bateu em professora
Mulher, que trabalha como faxineira, conta que filho toma medicamentos para controle da raiva e que já passou dois dias internado após apanhar do pai
O aluno de 15 anos que agrediu a professora Marcia Friggi em uma escola municipal de Indaial (SC), a 170 quilômetros de Florianópolis, conviveu durante a infância com um histórico de violência familiar. Quando era mais novo, o adolescente tentou impedir o pai de bater na mãe e levou um soco no rosto. Ele ficou dois dias internado devido aos ferimentos.
Quem conta é sua mãe, que trabalha na cidade como diarista – a família não será identificada nesse texto, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ela e o filho viviam em uma cidade do interior do Mato Grosso. A mulher relata que o pai do adolescente era alcoólatra e a agredia com frequência. Há seis anos, relata, se mudaram para o Sul, buscando viver em paz.
Segundo ela, o rapaz assistiu a uma entrevista da professora à TV e afirmou que está arrependido da agressão, que aconteceu quando ela pediu que mantivesse os livros em cima da mesa. “Ele disse que, quando percebeu, já estava em cima da professora. Falou que não conseguiu se segurar”, diz. “Tenho medo de me culparem. Estou lendo as notícias no celular, uma pessoa disse que meu filho não merecia nem estar vivo. Eu não apoio o que ele fez, não sou mãe sem vergonha. Ele vai pagar por isso, mas não quero que nada de pior aconteça a ele.”
O garoto cumpriu trabalhos comunitários no ano passado por ter agredido um colega de sala. Como o jovem é reincidente, a promotora da Infância e Juventude de Indaial, Patrícia Dagostin Tramontin, disse que pedirá à Justiça a internação de até seis meses num Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep), órgão destinado ao cumprimento de medidas socioeducativas por menores infratores. “Se é o melhor para o meu filho, eu aceito. Vou fazer o quê?”, lamentou a mãe, chorando.