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Dólar tem a maior alta em 14 anos, em dia de nervosismo pelo cenário político

A moeda norte-americana subiu 8,15%, a R$ 3,389 na venda.Este é o maior valor de fechamento desde dezembro de 2016.

Oscilação do dólar em maio (Foto: G1 )

Dólar teve nesta quinta-feora a maior alta em mais de 14 anos. Na máxima do dia, o dólar foi a R$ 3,44, segundo a Reuters, com o mercado reagindo reagindo à forte turbulência política iniciada na noite de quarta-feira, quando o jornal “O Globo” publicou notícia de que o dono da empresa JBS gravou o presidente da república, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A moeda norte-americana subiu 8,15%, a R$ 3,389 na venda. Veja a cotação do dólar hoje. Este é o maior valor de fechamento desde dezembro de 2016, quando, no dia 16, o dólar terminou o dia vendido a R$ 3,3906. Segundo a agência Reuters, a alta desta quinta foi a maior desde 5 de março de 2003, quando a moeda subiu 10,4% sobre o real, logo no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta quinta, o dólar para turismo chegou a ser vendido acima de R$ 4. Algumas casas de câmbio interromperam a venda de moedas pela manhã, enquanto outras colocaram os preços nas alturas, por causa da falta de parâmetros para as cotações em dia de turbulência do mercado.

O economista Roberto Troster credita a forte alta desta quinta-feira não apenas às incertezas geradas pelas turbulências políticas, mas também ao chamado “efeito manada”. “Não existe nada mais covarde que o dinheiro, e há uma coisa que se chama comportamento em manada”, afirma. Ele explica que a primeira reação dos investidores é comprar dólar. “Primeiro porque as pessoas buscam refúgio no dólar e segundo porque os investidores estrangeiros, que entendem menos de Brasil, estão vendendo suas ações. Essa saída de dólares da Bovespa afeta o câmbio.”

Troster diz que “tanto a Bovespa quanto o dólar devem continuar nervosos nas próximas semana”, mas avalia que do ponto de vista econômico a tendência de recuperação da economia, ainda que lenta, está mantida. “As reformas são um projeto do país, não do governo. Tudo indica que, ainda que num ritmo mais devagar, isso vai continuar.” Para o analista, “a turbulência é grande, mas o impacto na economia é menor”.

O economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, diz que o mercado já está precificando a saída de Temer da presidência, na espera apenas de detalhes de como será a transição. “A discussão do mercado agora é como vai se permitir um ciclo de transição que permita a continuidade das reformas econômicas no Brasil.”

O economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, disse que o discurso de Michel Temer nesta tarde reforçou o clima de incertezas no mercado sobre o andamento das reformas econômicas. Em seu pronunciamento, Temer disse que não renunciaria ao cargo de presidente da República.

“Na verdade, nós estamos mais em dúvida do que antes. O mercado sentiu um posicionamento seguro no discurso, o que abre a primeira dúvida: ele está fazendo um movimento de autodefesa?”, diz Vieira. “O segundo ponto é: se ele [Temer] estiver certo, como é que vai ser no futuro com o PSDB pulando fora do barco rápido como pulou?”

Segundo Vieira, o ponto do discurso que agradou os investidores “talvez seja a defesa das reformas”. “É a principal preocupação. O mercado não está preocupado com a questão política. O mercado quer saber se as reformas vão passar, se os juros vão cair.”

Bovespa despenca

A Bovespa fechou na maior baixa diária em quase 9 anos nesta quinta, após ter os negócios suspensos por 30 minutos pela manhã.

O Ibovespa, principal indicador da bolsa, caiu 8,8%, a 61.597 pontos. Veja a cotação. Foi a maior queda diária desde o dia 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%, reagindo à crise financeira internacional. É também o menor patamar desde janeiro deste ano.

Oscilação da Bovespa em maio (Foto: G1 )

Intervenção do BC no câmbio

Em meio à forte turbulência, o Banco Central anunciou nova intervenção no mercado, com leilão de swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, e que não eram voltados para rolagem de contratos já existentes.

“Depois do pânico inicial, o mercado está aguardando novos desdobramentos. Os leilões do BC aliviaram suavemente as cotações”, afirmou à Reuters o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Segundo a agência, o BC vendeu integralmente, em dois leilões, a oferta integral de até 40 mil swaps tradicionais. O BC também vendeu a oferta total de 8 mil swaps para a rolagem do vencimento de junho, no valor total de US$ 4,435 bilhões.

Entenda: swap cambial, leilão de linha e venda direta de dólares

Em novembro do ano passado, o BC também havia feito oferta adicional de swap para tentar conter a volatilidade do mercado após a vitória de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.

Mais cedo, o Tesouro Nacional e o BC publicaram notas afirmando que estão atentos ao mercado e que atuarão para manter sua plena funcionalidade. O Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão.

Por G1