Dizendo não ter medo de ser preso, Malafaia ataca STF, TSE e Moraes na Paulista
O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo, fez críticas contundentes ao STF e ao TSE, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, durante seu discurso no evento. Ele também insinuou um possível envolvimento do presidente Lula no ataque de 8 de janeiro, realizado por bolsonaristas em 2023.
A manifestação foi convocada por Bolsonaro com o objetivo de se defender das acusações que pesam sobre ele, incluindo a recente investigação que apontou sua participação no planejamento de um golpe de Estado para se manter no poder. Malafaia foi o idealizador do evento e responsável pelo aluguel dos trios elétricos utilizados.
Antes do ato, Bolsonaro expressou o desejo de que fosse pacífico e sem manifestações contra qualquer pessoa. Silas Malafaia, em seu discurso, enfatizou a importância de respeitar as instituições, evitando ataques que possam prejudicar a República e o Estado de Direito. Ele também prometeu expor a suposta “engenharia do mal” utilizada para tentar prender Bolsonaro.
Ao mencionar as tensões entre Moraes e Bolsonaro, o pastor destacou as supostas diferenças de tratamento que o ex-presidente teria recebido em relação a outros políticos. Ele ressaltou a liberdade de expressão na eleição, criticando a rotulação de Bolsonaro como genocida, enquanto Lula era poupado de ser chamado de ex-presidiário.
Na verdade, as propagandas de Bolsonaro suspensas pelo TSE faziam acusações a Lula, chamando-o de ladrão e corrupto. A justificativa para a retirada do ar foi que tais afirmações eram factualmente incorretas, uma vez que o ex-presidente havia sido absolvido das acusações de corrupção.
Em um ato convocado por Bolsonaro, apoiadores se reuniram na avenida Paulista. O pastor mencionou casos do dia 8 de janeiro e insinuou que o governo do PT poderia ter responsabilidade naquilo que ele chamou de baderna. Ele destacou a violência presente, mencionando uma mulher com crucifixo católico que foi presa e condenada a 17 anos de prisão. Além disso, ele afirmou que o sangue de um homem que faleceu na prisão após ser detido no dia 8 de janeiro, estava nas mãos de Moraes.
Posteriormente, o pastor Malafaia apontou supostas diferenças de tratamento entre o MST e os manifestantes bolsonaristas. Ele questionou o posicionamento de Alexandre de Moraes, que teria afirmado que a extrema direita deveria ser combatida na América Latina, questionando se um ministro do STF deveria ter um lado político. Ele ressaltou que o papel do ministro é ser guardião da Constituição, sem tomar partido.
Moraes, em dezembro passado, fez uma declaração impactante sobre como a corrupção minou a democracia no Brasil, resultando no ressurgimento de uma extrema direita carregada de ódio. Ele destacou que os sistemas de prevenção falharam em combater a corrupção, criando um vácuo que alimentou a polarização e o surgimento de uma extrema direita antidemocrática.
No último domingo, durante um discurso na Avenida Paulista, Malafaia enfatizou que o verdadeiro poder supremo desta nação reside no povo.
Retornando ao tema de Bolsonaro, ele afirma que, caso seja preso, sairá da prisão ainda mais forte. “Não será o fim para mim, mas sim para aqueles que me perseguem”, declara. Ele se autodenomina como “Jair Messias Bolsonaro, o maior perseguido político da história do Brasil”.
O pastor, conhecido por seus discursos agressivos contra o ministro Alexandre de Moraes do STF, havia prometido adotar um tom mais ameno durante o evento. Em seus vídeos, o líder religioso da Assembleia de Deus Vitória em Cristo costuma proferir insultos contra Moraes, a quem se refere como “ditador de toga”.
Em sua mais recente manifestação, Malafaia afirmou que o ministro do Supremo está perseguindo Bolsonaro e merece ser preso por atentar contra o Estado democrático de Direito.
Antes do evento, Malafaia assegurou que haveria um controle rigoroso sobre o uso do microfone, a fim de evitar discursos excessivamente longos e cansativos.
O evento começaria com uma prece da primeira-dama Michelle Bolsonaro, seguida pelos discursos previstos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do senador Magno Malta (PL-ES), e dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO). O prefeito Ricardo Nunes (MDB), em busca do apoio de Bolsonaro, optou por não fazer um discurso. Se o ex-presidente for processado e condenado por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, poderá enfrentar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Até o momento, Bolsonaro não foi formalmente acusado desses crimes, mas as suspeitas levaram a Polícia Federal a realizar uma operação contra seus aliados no início do mês.
A operação tem sido considerada por alguns pastores como uma oportunidade de se desvincular do ex-presidente, mas Malafaia é um dos poucos que permanece ao seu lado, mesmo após as derrotas nas urnas e nos tribunais. Em entrevista à Folha de SãoPaulo, ele criticou seus colegas, chamando-os de “covardes e cagões históricos”.