Creatina pode ser aliada no tratamento da depressão, aponta estudo
A TCC é uma abordagem psicoterapêutica focada na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.
Uma pesquisa recente, conduzida por cientistas do Reino Unido e da Índia e publicada na revista European Neuropsychopharmacology, sugere que a creatina pode potencializar os efeitos da terapia cognitivo-comportamental (TCC) no tratamento da depressão.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo são afetadas pela depressão. No artigo, os pesquisadores destacam que “entre um terço e um quarto dos pacientes não respondem a nenhuma estratégia antidepressiva ou abandonam qualquer tratamento devido à ineficácia ou eventos adversos”. Dessa forma, busca-se constantemente alternativas para otimizar o tratamento do transtorno depressivo.
A creatina é amplamente conhecida por seu uso no fisiculturismo e outras modalidades esportivas. Trata-se de um composto orgânico presente naturalmente em alimentos de origem animal e em suplementos, além de ser sintetizado pelo fígado e pelo cérebro humano, fornecendo energia para as células. Estudos anteriores já haviam indicado seu potencial no combate à depressão em animais, bem como a possibilidade de reforçar os efeitos de antidepressivos em humanos.
A pesquisa
O estudo recrutou 100 participantes na Índia diagnosticados com depressão, variando de leve a grave, que não utilizavam antidepressivos havia pelo menos oito semanas. Os voluntários responderam a um questionário que mensurou seus níveis de depressão, em uma escala de zero (ausência de depressão) a 27 (depressão grave), resultando em uma média inicial de 17,6, correspondente à depressão moderadamente grave.
Os participantes foram divididos em dois grupos: um deles recebeu 5 gramas diárias de monohidrato de creatina oral, enquanto o outro grupo ingeriu a mesma dosagem de amido, funcionando como placebo. Ambos os grupos passaram por sessões quinzenais de terapia cognitivo-comportamental.
Após oito semanas, restavam 30 participantes em cada grupo. Embora todos tenham apresentado redução nos escores de depressão, aqueles que consumiram creatina registraram uma melhora mais expressiva. A média da pontuação desse grupo caiu para 5,8 (indicando depressão leve), enquanto o grupo placebo atingiu uma média de 11,9 (depressão moderada).
“A creatina pode aumentar os efeitos da TCC promovendo o funcionamento cognitivo e comportamental, ao mesmo tempo em que expressa uma ação antidepressiva direta”, destaca o artigo publicado.
Embora os resultados sejam promissores e apontem para a segurança e tolerabilidade da creatina, os cientistas enfatizam a necessidade de estudos mais amplos e prolongados para validar sua eficácia como adjuvante no tratamento da depressão. Caso confirmada, essa abordagem pode representar uma opção mais acessível dentro das estratégias terapêuticas.
“Em resumo, este estudo de 8 semanas gerador de hipóteses sugere que a combinação do nutracêutico barato creatina monohidratada com TCC para transtorno depressivo é uma intervenção viável em ambientes com poucos recursos, graças à sua eficácia positiva e perfil de segurança, o que justifica uma investigação mais aprofundada de seus benefícios e danos a longo prazo”, conclui o artigo.