‘Conversou com quem não devia’, diz pai de suspeito de terrorismo no RS
Israel Pedra Mesquita, 26 anos, foi preso na quinta-feira em Morro Redondo.
Suposta ligação com extremismo surpreendeu amigos e vizinhos.
Do G1 – RS
O suposto envolvimento com terrorismo de um jovem de 26 anos preso na semana passada no Rio Grande do Sul é questionado por vizinhos, amigos e pela própria família do homem, como mostra reportagem do RBS Notícias (veja vídeo acima). Todos o descrevem como uma pessoa tranquila, mas alguns admitem que ele vinha se interessando pelo islamismo.
Na última quinta-feira (21), Israel Pedra Mesquita foi detido no interior de Morro Redondo, no Sul do estado, em uma ação da Polícia Federal na qual outras 10 pessoas foram presas em todo o Brasil. Após quatro dias, o jovem gaúcho segue detido no Presídio de Campo Grande.
A mãe e o pai de Mesquita, dizem que o jovem nunca mencionou assuntos como o terrorismo e a religião islâmica em casa. A preocupação eram as galinhas e o sítio, comprado há pouco mais de 20 dias na localidade Açoita Cavalo, interior de Morro Redondo. Para o pai, o jovem “se comunicou com a pessoa errada”, avalia.
“Alguém falou com ele e ele respondeu e disse: eu vou ‘apoia’. Não tinha como apoiar ninguém. Não tem dinheiro, não tem armamento. É um guri que não sabe nada, que não conhece nada do mundo, nunca saiu fora do estado.”
Ele conta que, durante a prisão, questionou o filho sobre o que tinha feito. “E ele: não sei pai, não fiz nada. Só entrei no lugar errado, na hora errada, com esse aparelho na mão. Conversei com quem não devia.” Já a mãe do jovem entende que as pessoas o veem como um bandido. “Ele não é um bandido. Ele foi um boca-aberta, foi na onda dos outros, só pode. E eu acredito que ele não fez.”
‘Guri bom’, diz diretor
Mesquita estudou até a 8ª série na Escola Nossa Senhora de Lourdes, em Pelotas, no Sul do estado. O diretor da instituição, Sérgio Renato Costa da Rosa, que também foi professor do jovem, não acredita que ele tenha se envolvido com o grupo terrorista. Rosa lembra que, quando ele estudava na escola, era “um aluno muito calmo” e tranquilo.
“Um aluno muito calmo, muito calmo, tranquilo. Nunca deu problema de disciplina, um aluno quieto. Terminava a aula, ele vinha conversar comigo assuntos particulares dele da criação de cavalo, que ele gostava de cavalo. Ele gostava muito dessa coisa assim de lidar com os animais”, conta Rosa.
A reportagem esteve em um terreno no bairro Fragata, em Pelotas, onde ele criava animais. Ele vendia coelhos, galinhas e chegou a ter até novilhas.
A vizinhança da antiga casa da família destaca o comportamento de Mesquita. O auxiliar de serviços gerais Rafael Costa, reforça que ele era “um guri muito bom”. “Gente fina. Só fiquei surpreso com essa notícia.” Já a auxiliar de serviços gerais Isabel Moura Cavalheiro diz que era “um menino calmo, tranquilo e carinhoso”. “Sempre a volta do pai, sempre junto com o pai. Ele ajudava a cuidar do avô, o avô não caminha mais, ele dava banho. Ele que cuidava do avô.”
Já a dona de casa Teresa de Moura ainda guarda uma foto do jovem com seu neto. “Ele era muito calmo, muito querido. (…) Desde criança se criou aqui do lado da gente.”
Os vizinhos lembram que nos últimos tempos, ele falava em religião e participava de reuniões. “Tinha uma religião que ele frequentava e lia o livro alcorão”, observa Isabel. “Só falava em alcorão, essas coisas aí”, complementa Costa.