Com safra recorde de milho, MT deve liderar produção de grãos no país
Segundo instituto, safra deste ano deve ser a maior da história do estado. Empregos gerados pelo agronegócio aumentaram de 254 mil para 261 mil entre 2016 e 2017.
Líder nacional na produção de grãos, Mato Grosso tem colhido ótimos resultados nas últimas safras. Além de ter expectativa de produzir 25% do total da produção do país, também deve ser o maior produtor de milho do país em 2017. É o que estima o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em 2016 a colheita do do milho chegou a 19 milhões de toneladas no estado. Com expansão de área, aumento de produtividade e chuvas regulares, neste ano a expectativa é que a safra ultrapasse 28 milhões de toneladas, considerada a maior da história em Mato Grosso.
Nos três primeiros meses de 2017, a safra recorde de grãos cumpriu a promessa de tirar a economia de um ciclo de oito trimestres seguidos de queda, enquanto a indústria e serviços não deram sinais claros de reação. O PIB da agropecuária cresceu 13,4% no primeiro trimestre, puxando um crescimento de 1% no PIB do primeiro trimestre.
A expectativa para a safra de milho e soja em Mato Grosso em 2017 é positiva: devem ser colhidas 28 toneladas de milho e 31 toneladas de soja. A colheita de milho varia entre os meses de junho e agosto. A colheita da soja terminou no mês de março, praticamente. Em 2016, Mato Grosso teve colheita de 27,8 milhões de toneladas de soja.
Apesar da expectativa de aumento, o produtor Erny Parisenti, de 54 anos, que tem uma fazenda em Diamantino, a 209 km de Cuiabá, avalia que a safra anterior, tanto de milho quanto de soja, deixou a desejar. Segundo Parisenti, a venda do milho compensou mais, por causa do preço, em relação à soja. Ele produz 11,5 mil hectares de milho e 17,5 mil hectares de soja e está esperando melhores resultados.
“Eu esperava 58 sacas de soja por hectare e tivemos 56 sacas. Do milho, eu esperava 110 sacas e colhemos 96. No ano passado tivemos estiagem e seca, já neste ano tivemos mais chuva. O milho compensou mais do que a soja em 2016”, avaliou o produtor ao G1.
Com o lucro das últimas colheitas, o produtor investiu em maquinários, terras e tecnologia para as próximas safras. “Ampliamos a quantidade de máquinas, investimentos em terras e compramos propriedades da vizinhança. Tínhamos uma máquina, com potência de 250 cavalos, e compramos uma com [potência] de 300 cavalos. Adquirimos colheitadeiras com máquinas mais modernas, ampliamos nossa parte de estocagem, secagem e dobramos a capacidade de estoque”, pontuou o produtor.
O trabalho na fazenda é feito por 80 funcionários. Em geral, o número de empregados aumenta durante o período em que se planta e colhe os grãos. “Sempre contratamos mais pessoas quando plantamos e colhemos. Já chegamos a ter 110 funcionários que trabalham por períodos, entre 45 a 90 dias. Nos últimos anos aumentamos nosso quadro de funcionários de 50 para 80. Em geral, eles ganham entre R$ 1,5 mil e R$ 10 mil”, frisou Erny.
Embora o tamanho da área plantada de milho, o produtor estima que a colheita de 2017 será maior do que no ano passado. “Neste ano plantamos 11,5 mil hectares, dentro de um período bom de plantio. Esperamos 110 sacas por hectare”, estimou.
A falta de espaço para guardar o milho preocupa o produtor. Uma alternativa, normalmente adotada pelos agricultores, é usar o silo bolsa, uma espécie de bolsão gigante. A bolsa tem capacidade para três mil sacas e custa, em média, R$ 1,8 mil. A lona, feita de polietileno, garante as características do produto estocado por até 18 meses.
É tempo suficiente para que o agricultor espere os melhores momentos para negociar a safra. O silo bolsa só pode ser usado uma única vez, já que é rasgado na hora da retirada dos grãos.
A mesma expectativa de melhora na colheita é comartilhada pelo produtor Diórgenes Seron, de 41 anos. Ele tem uma fazenda em Campo Verde, a 139 km de Cuiabá. Em uma área de 1,2 mil hectares, planta milho, soja e algodão. A safra anterior não agradou o produtor.
“Tivemos um problema de praga na soja, não foi um ano muito bom em produção. Mas o milho compensou mais [do que os outros grãos]. Conseguimos [colher] 145 sacas por hectare”, comentou.
O que mais pesa para o produtor é o preço comercializado do milho. Com o lucro que conseguiu nas últimas safras, Seron, assim como Parisenti, preferiu adquirir maquinários mais modernos. “Tivemos investimentos em máquinas e melhoramos a estrutura de armazenagem. Prefiro investir no próprio negócio, nada além disso”, disse.
De acordo com Angelo Ozelame, gestor técnico do Imea, a questão lucratividade, em geral, é particular de cada produtor. “O que costuma render mais é a soja e, depois, o milho. Como o algodão tem um custo de produção muito maior, a rentabilidade é muito maior. Esporadicamente o lucro vai ser ótimo, mas isso também varia muito”, pontuou.
“Em 2016 foram colhidas 19 milhões de toneladas de milho, o que foi muito menos [do que o esperado], causado pela seca. Neste ano devemos ter a maior safra da história de Mato Grosso, só perdendo para o ano de 2015, quando foram colhidas 26,2 milhões de toneladas”, detalhou o técnico.
A boa expectativa é atribuída, conforme o Imea, ao aumento da área plantada e o aumento de produtividade. De acordo com o instituto, a safra de grãos de Mato Grosso é escoada por caminhões e ferrovias através Porto de Santos (SP), Paranaguá (PR), Manaus (AM) e Santarém (PA). Para o Porto de Santos, o estado envia 46% da soja e 60% do milho produzidos no estado.
“Todas as cidades de Mato Grosso têm uma relação muito grande com o agronegócio. As grandes cidades têm faculdades e indústrias [do ramo] e vivem do agronegócio. [Aproximadamente] 50% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso é gerado pelo agronegócio, é o maior do país”, disse o técnico.
De toda a produção de grãos, 28% é esmagada no estado, 15% enviada para outros estados e 54% para exportação. De todo o milho colhido em Mato Grosso, 17% fica no estado, 54% vai para exportação e 24% para outros estados.
Os empregos gerados pelo agronegócio em Mato Grosso, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, saltaram de 254 mil para 261 mil de 2016 para 2017. “Os empregos no campo são sazonais em virtude da safra. Os empregos pelo agronegócio em Mato Grosso chegaram a 261 mil, [do total] de 788 mil empregados formais em 2017”, finalizou o representante do Imea.
Por G1 MT