Com ‘coração’, Cruzeiro e Flamengo fazem final da Copa do Brasil
Times decidem, nesta quarta-feira, o primeiro título nacional de 2017. Decisão pode coroar Reinaldo Rueda como primeiro técnico estrangeiro a ganhar o mata-mata
Fim dos ensaios. Só há tempo para afinar os instrumentos e apostar na arte do improviso dos maestros e dos 22 músicos de Cruzeiro e Flamengo às 21h45, no Mineirão, palco do último concerto da Copa do Brasil. As duas torcidas tiveram um intervalo de 20 dias para solfejar cada nota dos hinos de Jadir Ambrósio e Lamartine Babo. As letras dos dois cânticos têm rigorosamente apenas uma palavra em comum: coração. O batimento cardíaco é o metrônomo da decisão que determinará o pentacampeonato celeste ou o tetra rubro-negro em Belo Horizonte.
A partitura da final é simples. O duelo de ida, no Maracanã, terminou 1 x 1. Não há gol qualificado, ou seja, quem vencer erguerá a taça. Empate por qualquer resultado levará a decisão para os pênaltis. Na história das 28 finais da Copa do Brasil, apenas uma — a de 2015 — chegou às últimas consequências.
Há quem aponte o fator casa como decisivo. Entretanto, as últimas 10 finais mostram equilíbrio. Fluminense (2007), Corinthians (2009), Santos (2010), Vasco (2011), Atlético-MG (2014) e Palmeiras (2015) foram campeões jogando a segunda partida no campo adversário. Sport (2008), Palmeiras (2012), Flamengo (2013) e Grêmio (2016) sacramentaram a conquista da Copa do Brasil diante da própria torcida.
Maestro do Cruzeiro, Mano Menezes busca o bicampeonato pessoal. Era o comandante do Corinthians no título de 2009. No palco da decisão, ele contará com spalla Thiago Neves, o regente celeste em campo. O meia contará com o auxílio de Robinho e de Alisson na marcação. O mistério é quem será a referência no ataque: o jovem Raniel, 21, ou o improvisado Arrascaeta, decisivo no gol de empate do Cruzeiro no Maracanã.
“O único jogador que está confirmado é o Alisson”, despistou Mano Menezes no treino de ontem. “Os demais eu me reservo o direito de passar uma hora, uma hora e quinze (minutos antes do jogo) analisando. Dúvida por dúvida, os dois lados têm bastante. Nós vamos manter o que fizemos. Quando passo um nome para vocês, é porque é verdadeiro. E se não o faço, é assim que a gente acredita”.
Estrangeiro campeão?
Dono da batuta do Flamengo, Reinaldo Rueda pode ser o primeiro técnico estrangeiro campeão de uma competição nacional no Brasil desde Carlos Volante. O argentino era o técnico do Bahia no jogo extra da decisão da Copa Brasil de 1959 — considerada pela CBF precursora do Campeonato Brasileiro. A Copa do Brasil jamais teve um treinador gringo campeão. Depois de conquistar seis títulos em sete finais disputadas com o Atlético Nacional, o colombiano Rueda confia no spalla Diego dentro das quatro linhas.
A escalação rubro-negra também tem seus mistérios. Se Éverton não estiver recuperado da contusão, a prancheta de Rueda se transformará em um quebra-cabeça. Há quatro opções. A entrada do menino Vinicius Junior, 17, a opção pelo peruano Trauco ou a aposta em Lucas Paquetá, improvisado de falso nove na ida. Por falar em camisa 9, Paolo Guerrero, herói da conquista do Carioca neste ano está de volta ao time. “A escalação do Éverton vai passar pela autoconfiança (do atleta). Ele fez um bom trabalho, acho que não há problema”, minimizou Rueda.
Se a decisão for para os pênaltis, a torcida do Cruzeiro confia no veterano Fábio. Do outro lado, os rubro-negros temem a escalação de Muralha tanto no tempo normal quanto nos pênaltis. Diego Alves não está inscrito, Thiago se machucou e sobrou apenas o goleiro que tem 5,88% de aproveitamento em cobranças de pênalti. De 17 cobranças, Muralha pegou apenas uma na estreia pelo Flamengo, no ano passado, diante do Bangu, pelo Carioca. Há quem diga que em um treino no Ninho do Urubu, Muralha pegou sete de 10 cobranças.
CRUZEIRO x FLAMENGO
Cruzeiro
Fábio; Ezequiel, Leo, Murilo e Diogo Barbosa; Henrique e Hudson; Robinho, Thiago Neves e Alisson; Raniel. Técnico: Mano Menezes
Flamengo
Alex Muralha; Pará, Rever, Juan e Renê (Trauco); Cuéllar, Willian Arão e Diego; Berrío, Guerrero e Éverton. Técnico: Reinaldo Rueda
Motivo: jogo de volta da final da Copa do Brasil
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data e horário: 27 de setembro de 2017 (quarta-feira), às 21h45
Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (SP/FIFA)
Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse (SP/FIFA) e Danilo Ricardo Simon Manis (SP/FIFA)
Por Marcos Paulo Lima /Correio Braziliense