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Campanha publicitária da Assembleia divulga desafios de pessoas com dislexia

Arte da peça publicitária (Foto: Criação/ALMT)

“Dislexia, uma questão de superação”. Esse é o tema da nova campanha publicitária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, veiculada na semana passada em Cuiabá, com duração de seis meses. A população tem acesso à temática por meio de outdoors, busdoors (adesivo na traseira de ônibus municipais) e empenas (grandes placas em laterais de edifícios) e estão programadas produções para tevê aberta e rádio FM.

A campanha nasceu do clamor das mães de disléxicos, que sabem a importância de divulgar o transtorno para tocar a sociedade e diminuir o preconceito. Gabriele de Andrade, representante do Grupo Dislexia MT – associação mato-grossense para defesa dos direitos dos disléxicos – já está muito satisfeita com o resultado parcial. Ela relata casos de familiares muito emocionados ao verem a campanha: “O povo adorou! Tiram fotos das placas nas ruas e me mandam…”.

Uma publicação da entidade no Facebook, com fotos da campanha, foi compartilhada por uma página nacional sobre a temática e, segundo a representante, já estimulou o debate e a identificação nacionalmente. “Pessoas de todo canto estão entrando em contato comigo e destacando o exemplo que a Assembleia Legislativa está dando para o poder público do país. É como se a ALMT tivesse dado voz aos disléxicos do Brasil inteiro”, exalta.

“Este é mais um papel assumido pelo Poder Legislativo de Mato Grosso, quando se tornou a caixa amplificadora de debates fundamentais para o desenvolvimento social. A dislexia é um assunto que precisava ganhar voz pela árdua luta de mães que, até então, não reconheciam seus filhos inseridos na sociedade. Isso é comunicação e cidadania”, destaca o secretário de Comunicação da ALMT, Raoni Ricci.

Para tanto, o departamento de Criação da ALMT desenvolveu peças publicitárias que mostram, de forma simples, o cotidiano dos disléxicos. “O objetivo é expor as situações que eles passam e mostrar como ações comuns a maioria de nós demandam superação desse grande grupo”, explica o gerente de Publicidade, Ricardo Sardinha.

Debater dislexia e outros distúrbios de aprendizagem tem pautado o parlamento estadual recentemente. A Casa de Leis já acolheu o 1º e o 2º Simpósio sobre Dislexia em Mato Grosso (leia aqui e aqui) – intermediados pelo deputado (agora licenciado) Wilson Santos (PSDB) – e aprovou o Projeto de lei nº 242/2016 – e aguarda sanção governamental, que institui a Política de Promoção da Aprendizagem (Proap) nas redes estaduais de saúde e de educação. Conheça o PL neste link.

Foi recebendo as mães dos disléxicos, e com foco no Proap, que a deputada Janaina Riva (PMDB) teve a ideia de propor ao presidente da Casa, Eduardo Botelho (PSB), a campanha publicitária, “que aceitou prontamente”, conta.

“Divulgamos a dislexia e causamos curiosidade, e é isso que nós queríamos: que as pessoas buscassem sobre o assunto, fossem atrás”, avalia a deputada e complementa “a dislexia existe e nós precisamos lidar com ela”, reforça.

Dislexia (Foto: Criação/ALMT)

A dislexia – “A dislexia não é doença, é um transtorno neurobiológico: uma parte do cérebro funciona de um jeito diferente”, explica, de forma contundente, a representante do Grupo Dislexia MT, Gabriele de Andrade, registrando, ainda, que “a dislexia não é uma limitação, mas apenas uma forma diferente de aprendizagem escolar”.

Tendo em vista que 12% da população possui o transtorno, é necessária a divulgação, já que o transtorno é comumente confundido com algum retardo de aprendizado. “Os pais vêem que o filho não consegue acompanhar os colegas na leitura e na escrita e pensam ser incapaz. E não é o caso”, orienta.

O disléxico enxerga as letras de forma embaralhada, dificultando a leitura. A campanha vem, justamente, mostrar como ele vê. “Nós estamos vendo com os olhos dos disléxicos, através da campanha publicitária da Assembleia”, entende a deputada, sobre as peças com expressões com letras ‘fora do lugar’.

O diagnóstico precoce contribui para uma melhoria do transtorno – cuja intensidade varia de leve a severa, em função da “plasticidade neural”, que é a capacidade do cérebro de se formar fisicamente, especialmente nas idades iniciais.

O aprendizado do disléxico é normalizado, se for oferecido a ele outras formas de ensino, como a avaliação oral e a leitura da informação. Conceder oportunidades a essa parcela da população, para que possa acompanhar os demais, é responsabilidade do poder público, a exemplo do Proap.

Aos responsáveis pelos disléxicos, Gabriele sugere atenção: “se você percebe que seu filho não está acompanhando a turma, procure um profissional de saúde”.

Por PRISCILA MENDES / Secretaria de Comunicação|ALMT