Busca ‘desenfreada’ pela modernização nas cidades tem vários riscos, diz Wellington.
Durante audiência pública, o presidente da Comissão Senado do Futuro pediu uma maior participação popular na formulação de políticas públicas.
O presidente da Comissão Senado do Futuro, senador Wellington Fagundes (PR-MT), chamou a atenção dos governantes – e da própria sociedade – para os perigos da urbanização desenfreada e sem planejamento das cidades brasileiras. O alerta foi feito durante audiência pública “Futuro das Cidades e as Cidades Sustentáveis”, promovida pela comissão nesta segunda-feira, 26, da qual participaram representantes de ministérios, do setor de logística, e entidades sociais.
Segundo o republicano, nem sempre a velocidade e o crescimento geram um retorno positivo à população. “Nem sempre a cidade maior, a cidade com mais movimento é a melhor cidade para se viver. Às vezes, queremos muito transformar nossas cidades na que mais cresce, que mais desenvolve, que tem o prédio maior”, reconheceu. Para ele, esse é um comportamento comum no interior do país.
“As pessoas falam com orgulho: está sendo construído um prédio enorme na minha cidade! Sem saber que isso, muitas vezes, não traz qualidade de vida” – pondera, ao destacar os riscos dessa situação.
Em debate que durou quase 3 horas, com a participação de internautas de várias partes do país, Wellington enfatizou que os benefícios sociais de uma cidade sustentável são consequência da mobilização popular em todos os projetos que buscam o crescimento dos municípios. “Tudo o que se conversa, que se discute muito com a comunidade, aproxima o setor público do povo e deixa de lado a especulação. Dessa forma, a população vira cúmplice, positivamente, dos projetos implementados em cada região”, analisa.
Para o debate, foram convidados especialistas em transportes, urbanismo, engenharia e meio ambiente, além de estudantes e a sociedade civil – que participaram da audiência em tempo real, por meio do portal E-Cidadania, do Senado. “Discutimos a questão da área urbana, do desenvolvimento urbano, do saneamento básico, do aproveitamento dos potenciais e mananciais para termos um equilíbrio socioeconômico e ambiental, ou seja: o homem viver, trabalhar, ganhar recursos para fazer com que sua família possa ter conforto, e acima de tudo que ele possa usufruir desse trabalho”, pontuou Fagundes.
Problemas e soluções – O professor Oscar Cordeiro, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UNB, explica que tornar universal o acesso à água, ao esgoto, ao tratamento de resíduos sólidos e à drenagem, custaria para o país, até 2033, mais de R$ 500 bilhões. “O emergencial é tentar reduzir esse passivo. Temos situações críticas em várias cidades do Brasil, mas temos problemas maiores, eu diria, em termos de investimento e desafio, principalmente com relação aos esgotos, que nem sempre são coletados. É muito pequeno o percentual de esgoto tratado de forma adequada”, sinalizou.
Para o consultor Tom Rebello, investimentos em novos sistemas de locomoção, como o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), representam a transformação de um meio de transporte em um projeto real de desenvolvimento urbano, que qualifica e valoriza espaços a um custo acessível.
“Esses sistemas, que já são cerca de 20% a 30% mais baratos que um sistema de metrô, por exemplo, podem incorporar a valorização imobiliária, fazendo cair muito o custo para as cidades. Então, é possível implantar um sistema de VLT com um custo muito baixo e com a participação pequena do Estado na engenharia financeira”, explica.
A gerente do Departamento de Zoneamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente, Nazaré Soares, ao citar as previsões para o Plano Plurianual 2016-2019, reconhece que o país ainda precisa melhorar do ponto de vista ambiental, tendo um ‘longo caminho’ a ser percorrido.
“Entendemos que o Governo Federal tem um papel importante nesse processo, ajudando Estados e municípios – principalmente os municípios. Nesse sentido, trabalharemos com um conjunto de iniciativas ao longo destes quatro anos, que irão se somar ao que os municípios e Estados já fazem no que diz respeito à melhoria da qualidade ambiental em nossas cidades”, assegurou.
Da Assessoria
foto: Foto: Ana Volpe/Agência Senado