Bruno de Luca se pronuncia sobre atropelamento de Kayky Brito: ‘Confusão mental durante experiência traumática’
Bruno de Luca fez um pronunciamento nesta sexta-feira (3) sobre o atropelamento do amigo Kayky Brito. Bruno estava junto com o ator em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro momentos antes de Kayky ser atropelado. Imagens de segurança mostraram o apresentador vendo o acidente, colocando a mão na cabeça e momentos depois indo embora. Em nota, Bruno disse sua “principal preocupação era o estado de saúde do Kayky” e que “manteve contato constantante com a família dele, que sempre me atualizou sobre a evolução”.
“Desde o dia 2 de setembro tenho vivido uma angústia muito grande ponto minha principal preocupação é o estado de saúde de Kayky. durante esse período, mantive contato constante com a família dele que sempre me atualizou sobre sua evolução. Desde que ele recebeu alta e teve acesso ao seu celular Estamos nos falando e ele vem me contando sobre seus Progressos clínicos e na fisioterapia. Isso tem acalmado meu coração”.
Post de Bruno de Luca — Foto: Reprodução
O ator disse que, como Kayky se mudou para Curitiba e os encontros entre eles ficaram mais raros, os dois exageraram na bebiba, “e esse exagero transformou comemoração em tragédia”. O apresentador afirmou que o acidente o deixou em estado de choque e que vem se “consultando com psiquiatras, fazendo hipnoterapia, meditação guiada”.
“Na minha cabeça eu tinha presenciado uma morte. Todos esses eventos naquela noite afetaram minha capacidade de discernimento e coerência. Fiquei totalmente descontrolado e mentalmente abalado. Segundo a Drª Júlia Fandiño, psiquiatra que venho me consultando, eu tive uma confusão mental durante uma experiência traumática, que evoluiu com uma amnésia dissociativa”, explicou Bruno. “Eu lembro de poucos flashes dos momentos finais daquela noite: me despedir do Kayky, virar pra pagar a conta, um grande barulho, alguém sendo arremessado. A partir daí, só gritos e confusão. Muita gente correndo. Depois disso, um apagão total”.
Bruno contou que na manhã seguinte foi para o aeroporto, para um trabalho em São Paulo. E que recebeu uma ligação da irmã de Kayky, a também atriz Sthefany Brito, que disse que o ator não havia chegado em casa. “Quando eu já estava entrando no avião, comecei a ver as notícias nos sites que diziam que ele havia sido atropelado. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Enquanto lia as notícias, o avião decolava pra São Paulo. Pedi para meu pai e irmão irem ao hospital. Assim que cheguei, recebi ligações do meu pai do hospital me falando sobre o estado do Kayky . Cancelei meu trabalho, voltei no primeiro voo que consegui vaga e fui direto para casa da família dele”.
Bruno também falou de arrependimentos que teve depois, ao saber da notícia do acidente: “É claro que se pudesse escolher, minha reação teria sido outra, teria sido bem mais pró ativo e acima de tudo, teríamos ido embora antes, e em segurança. O meu arrependimento daquela noite é não ter puxado o Kayky com mais força, ter percebido que já estava tarde e ido embora”.
Motorista conversou com Bruno
Nesta quarta-feira (1), o motorista Diones Coelho da Silva, que atropelou o ator Kayky Brito, falou em sua rede social, que conversou com o ator Bruno De Luca sobre a vida após o acidente do amigo. Em vídeo publicado no Instagram, Diones contou que ator disse estar muito mal psicologicamente e com medo de sair de casa. No mês passado, o promotor Márcio Almeida Ribeiro da Silva, do Ministério Público do Rio de Janeiro, expediu uma manifestação pela autuação de De Luca por omissão de socorro.
“O senhor Bruno não adotou qualquer providência no sentido de socorrer a pessoa que havia sido atropelada, tendo declarado que nem mesmo sabia ser seu amigo, omitiu-se em adotar qualquer providência em buscar socorro, nem mesmo chamar autoridade pública, bombeiros ou qualquer providência, limitou-se a ir embora com total descaso pelo resultado final do acidente que presenciou, tendo declarado, inclusive, que acreditava que a vítima havia morrido, sendo certo que sequer soube se alguém havia providenciado chamado aos bombeiros para socorrer a vítima, até por que saiu do local sem nem mesmo saber como chegou em casa e como retornou, levando à conclusão que sequer sabia que teria sido solicitado socorro”, escreveu.
O delegado Ângelo Lages, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) chegou a afirmar, no dia 27 de setembro, que não iria indiciar o apresentador Bruno De Luca por omissão de socorro, já que o “dever legal” do pedido era do motorista, que chamou as autoridades. Segundo o delegado, “uma vez que o socorro é pedido por uma pessoa, as pessoas presentes na cena ficam isentas de responsabilidades”.
Leia o comunicado completo:
Amigos,
Desde o dia 2 de setembro tenho vivido numa angústia muito grande. Minha principal preocupação era o estado de saúde do Kayky. Durante este período, mantive contato constante com a família dele, que sempre me atualizou sobre sua evolução. Desde que ele recebeu alta e teve acesso ao seu celular, estamos nos falando e ele vem me contando sobre seus progressos clínicos e na fisioterapia. Isso tem acalmado meu coração.
Mas esses 2 meses também me trouxeram lições valiosas sobre a vida, a responsabilidade, limites e como a vida pode virar de cabeça pra baixo em segundos. Desde que o Kayky se mudou pra Curitiba, há pouco mais de um ano, nossos encontros ficaram mais raros. Naquela noite, nos encontramos pra celebrar os novos momentos de nossas vidas: paternidade, família, novos objetivos. Infelizmente, toda essa empolgação nos fez exagerar na bebida, e esse exagero transformou comemoração em tragédia.
Desde então, venho me consultando com psiquiatras, fazendo hipnoterapia, meditação guiada e pensado muito. O acidente que vi me deixou em estado de choque, transtornado. Na minha cabeça eu tinha presenciado uma morte. Todos esses eventos naquela noite afetaram minha capacidade de discernimento e coerência. Fiquei totalmente descontrolado e mentalmente abalado. Segundo a Drª Júlia Fandiño, psiquiatra que venho me consultando, eu tive uma confusão mental durante uma experiência traumática, que evoluiu com uma amnésia dissociativa. De acordo com a ciência, a amnésia dissociativa consiste em um tipo de perda da memória provocada por trauma ou estresse e resulta na incapacidade de recordar informações pessoais importantes.
Eu lembro de poucos flashes dos momentos finais daquela noite: me despedir do Kayky, virar pra pagar a conta, um grande barulho, alguém sendo arremessado. A partir daí, só gritos e confusão. Muita gente correndo. Depois disso, um apagão total.
No dia seguinte, acordei atrasado para ir para o aeroporto. Tinha um trabalho em São Paulo. Abalado com o acidente que tinha visto, mandei uma mensagem pro Kayky querendo saber onde ele tava, se ele tinha visto o acontecido e que eu tava assustado. Claro que ele não respondeu. No caminho do aeroporto, a irmã do Kayky me ligou. Quando eu vi escrito “Sthefany Brito”, tinha certeza que era o Kayky dizendo que tinha perdido o celular. Atendi com um “fala irmão, perdeu o celular, né?” Mas a voz era da Sthefany, que me disse estar preocupada, que ele não tinha chegado em casa. Eu disse que ele deveria estar na casa dos pais, já que eu tinha me despedido dele.
Continuei meu caminho, e a irmã do Kayky me ligou de novo. Disse que tinha recebido uma informação de que ele tinha dado entrada no hospital. Eu disse que tinha visto um acidente gravíssimo, mas que ele tinha ido embora antes e eu fui embora depois. Na minha cabeça, jamais seria ele o acidentado. Me ofereci pra ir no hospital ver se ele tava lá, era no meu trajeto. A Sthefany disse pra eu seguir pro aeroporto, que ela já estava a caminho e me dava notícias.
Quando eu já estava entrando no avião, comecei a ver as notícias nos sites que diziam que ele havia sido atropelado. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Enquanto lia as notícias, o avião decolava pra São Paulo. Pedi para meu pai e irmão irem ao hospital. Assim que cheguei, recebi ligações do meu pai do hospital me falando sobre o estado do Kayky . Cancelei meu trabalho, voltei no primeiro voo que consegui vaga e fui direto para casa da família dele. Conversamos, nos emocionamos muito. Em nenhum momento, a família do Kayky duvidou do que contei. Durante esses mais de 20 anos de amizade passamos por muitos momentos felizes mas também por momentos muito delicados, em que eu sempre estive ao lado do Kayky. Sua família me conhece muito bem, sabe o tamanho da nossa amizade.
Eu sempre dei muito valor pros meus amigos, uma das minhas maiores qualidades é ser uma pessoa agregadora, reunir tribos diferentes e transitar por todos os meios. Infelizmente, nós não controlamos nossas emoções ou treinamos para saber como nos comportar em momentos extremos como acidentes, assaltos, incêndios …
É claro que se pudesse escolher, minha reação teria sido outra, teria sido bem mais pró ativo e acima de tudo, teríamos ido embora antes, e em segurança. O meu arrependimento daquela noite é não ter puxado o Kayky com mais força, ter percebido que já estava tarde e ido embora.
Por mais que nossas vidas tenham mudado completamente naquele dia, eu resolvi agradecer. Agradecer pelo Kayky estar vivo, ter tido uma nova chance. Agradecer pelo Diones ter prestado socorro prontamente. Por não ter tido nenhuma outra vitima. Por ter uma família maravilhosa que me apoia nos momentos difíceis. Agradecer a minha companheira Sthefany por todo amor e paciência, por estar sempre ao meu lado, por me ajudar a ter clareza e por cuidar do nosso bem maior.
Nesses 41 anos, vivi momentos incríveis e desafios que me moldaram como pessoa. Hoje, estou determinado a cuidar da minha saúde mental e transformar essa experiência em algo positivo e que me transforme.
Crescemos e evoluímos com nossos erros e tropeços. E é isso que eu vou passar para a minha filha ao longo da vida, sempre existirá uma nova chance para se recomeçar. E eu recomeço olhando pra dentro, tentando vencer meus próprios obstáculos, com a certeza que a vida é linda e curta. A felicidade é um bem precioso que deve ser buscado todos os dias. Eu seguirei buscando a minha.
Com amor,
Bruno De Luca
Relembre o caso
Kayky estava em um quiosque com Bruno, na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na madrugada do dia 2 de setembro. Ele havia saído para buscar algo em seu carro, estacionado do outro lado da rua. Na volta, atravessou correndo fora da faixa de pedestres e foi atropelado por um carro conduzido por motorista de aplicativo em serviço.
Imagens de câmeras de segurança revelaram o momento do acidente, além da reação de Bruno, que teria abandonado o local sem prestar socorro. Em um primeiro momento, ele afirmou não saber que a vítima era Kayky e que, pelo trauma daquele dia, não conseguia se lembrar dos detalhes. Kayky ficou 25 dias internado no Hospital Copa D’Or, na Zona Sul, até receber alta.
O ator segue em recuperação em casa.
Por O Globo