Brasil vota contra decisão da OMS que pede apoio de saúde à Palestina
O Brasil votou contra um projeto apresentado na Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabelece uma série de medidas de apoio médico-hospitalar à Palestina. Apesar do voto brasileiro contrário, a proposta foi aprovada na quarta-feira (22) por 96 votos a favor e 11 contra, além de 21 abstenções.
Aprovado com o título “Condições de Saúde nos Territórios Palestinos Ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, e no Golã Sírio Ocupado”, o texto pede à Direção-Geral da OMS que:
- Forneça apoio aos serviços de saúde da Palestina;
- Assegure o fornecimento de vacinas, medicamentos e equipamentos médicos em linha com padrões e leis internacionais;
- Garanta assistência técnica para o atendimento médico aos palestinos, inclusive detentos;
- Apoie o desenvolvimento de um sistema de saúde nos Territórios Palestinos, com foco no desenvolvimento e na alocação de recursos humanos e financeiros.
A delegação brasileira em Genebra (Suíça) justificou o voto ao dizer que “a OMS deve priorizar temas relacionados à saúde, em conformidade com os mandatos da Organização”.
“O Brasil considera que o acordo constitutivo da OMS confere à Organização mandato abrangente para acompanhar a situação de saúde em qualquer região do globo, à luz de critérios técnicos e do quadro objetivo no terreno”, afirmou o Itamaraty.
O voto contrário do Brasil está em linha com a decisão de países como Estados Unidos, Israel, Alemanha e Hungria. A favor do texto, votaram representantes de delegações como Rússia, China, França e Japão – além das 26 nações de maioria muçulmana que apresentaram o texto junto com Bolívia, Cuba e Venezuela.
Voto em linha com Israel
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante reunião em comissão na Câmara — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
O voto do Brasil na OMS condiz com a nova postura do país nas relações internacionais desde o início do governo de Jair Bolsonaro, com forte aproximação de Israel, entre outras mudanças.
Em março, o Brasil votou contra resoluções apresentadas no Conselho de Direitos Humanos da ONU que pediam a condenação de Israel por repressão a civis na fronteira da Faixa de Gaza.
No dia da votação, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comentou a votação em uma rede social. “Apoiar o tratamento discriminatório contra Israel na ONU era uma tradição da política externa brasileira dos últimos tempos”, escreveu.
“Estamos rompendo com essa tradição espúria e injusta, assim como estamos rompendo com a tradição do antiamericanismo, do terceiro mundismo e tantas outras”, disse Araújo na ocasião.
Por G1