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Brasil selvagem: 30 milhões de mulheres sofreram violência sexual

Pesquisa inédita do Instituto Patrícia Galvão revela também que 55% já presenciaram encoxadas, beijos na marra e sexo forçado ou com mulher bêbada.

Em 70 cidades, das cinco regiões do Brasil, mil pessoas foram entrevistadas sobre uma das mais angustiantes formas de opressão que um ser humano pode impor a outro: a violência sexual. O resultado confirma o que já sabíamos: o nosso povo é selvagem. Mas a pesquisa choca pela força dos números.

A íntegra do levantamento realizado pelo Locomotiva, a pedido do Instituto Patrícia Galvão, será divulgada. Aqui antecipamos alguns dados importantes:

– 39% das mulheres afirmam já ter sofrido algum tipo de violência sexual. Fazendo uma projeção, isso corresponde a 30 milhões de pessoas. É gente demais enfrentado a dor na carne, algo que deveria ter ficado nos primórdios e na caverna.

As mulheres e os homens entrevistados consideram como violência sexual as seguintes situações:
• Praticar algum ato sexual com um homem sob ameaça (96%)
• Ser forçada a ato sexual com um superior – como o chefe, o professor etc (96%)
• Ser encoxada ou ter seu corpo tocado sem a sua autorização (94%)
• Praticar algum ato sexual sem consciência, por estar sob o efeito de álcool ou drogas (93%)
• Ser forçada ao sexo sem vontade (96%)
• Ser beijada à força (92%).

Espontaneamente, 37% dizem conhecer alguma mulher que já foi vítima de violência sexual. E 55% declaram já ter presenciado ou ficado sabendo de algum caso.

ATENÇÃO, adeptos da pornografia de vingança ou pornografia por esporte: vocês estão mal na fita.
Para 94% das mulheres e 91% dos homens, é considerada violência sexual uma mulher ter fotos ou vídeos íntimos divulgados sem sua autorização.

Show de hipocrisia
Nesse cenário truculento, ainda ocorre o descrédito. A mulher que relata o abuso na delegacia, família, direção da universidade ou na roda de amigos não é levada a sério. É o que acreditam 54% dos entrevistados. E 73% têm certeza de que a vítima é sempre julgada. Ou seja, ela conta o que sofreu e ouve uma chuva de condenações, à base de: “Você fez por merecer”; “Quem bebe tem culpa”; “A mulher que usa roupa provocante está pedindo ferro”.

O dia seguinte e o aborto
O Estado precisa saber que a população, em massa, aprova a prática (no SUS e em outros equipamentos de saúde pública) de administrar a pílula do dia seguinte à mulher e à menina estupradas. Na pesquisa, 96% dos entrevistados se declaram a favor do medicamento que impede a gravidez de ir em frente. E 75% defendem o aborto legal. Previsto no Código Penal, muitas vezes ele é negado por médicos que alegam questões morais ou religiosas.

Hora de rever uma porção de hábitos machistas, mitos e crenças que só aprisionam um lado da história: a mulher.

A pesquisa completa, intitulada Violência Sexual – Percepções e Comportamentos Sobre Violência Sexual no Brasil, estará disponível na Agência Patrícia Galvão: http://agenciapatriciagalvao.org.br/

fonte: MdeMulher