Brasil arranca ‘olé’ do lado certo e atropela Peru com primeiro jogo convincente
Depois de ouvir vaias e até irônicos gritos de “olé” em toques do adversário em suas duas primeiras partidas na Copa América, a seleção brasileira finalmente conseguiu uma jornada sem rusgas com a arquibancada na competição que disputa em casa. No estádio de Itaquera, em São Paulo, o time verde-amarelo fez 5 a 0 no Peru e até foi celebrado com berros de “olé” verdadeiramente festivos.
Com gols de Casemiro, Roberto Firmino, Everton, Daniel Alves e Willian, os comandados de Tite evitaram sustos e conquistaram a primeira colocação do Grupo A. Era o objetivo, embora isso possa ter um preço alto: a Argentina é um dos possíveis adversários nas quartas de final, na quinta-feira (27), na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
O chaveamento ainda tem muitas variáveis, com a definição das outras duas chaves até segunda-feira (24). O Brasil pegará o terceiro colocado do Grupo B ou o terceiro colocado do Grupo C. O rival, portanto, poderá ser Paraguai, Qatar, Argentina, Japão ou Equador. Nos cenários que parecem mais prováveis, o oponente fica entre Argentina e Paraguai.
Mas não foi com isso em mente que a seleção entrou em campo na tarde de sábado (22), na zona leste paulistana. Criticada no triunfo sobre a Bolívia e no empate com a Venezuela, a equipe queria manter distância da calculadora e avançar sem sustos, com um placar convincente e de bem com a galera.
Sob os olhos do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que acompanhou o jogo ao lado do presidente da CBF, Rogério Caboclo, o Brasil cumpriu a meta. Venceu facilmente e deixou que as vaias fossem dirigidas ao peruano Paolo Guerrero -atacante que tem má relação com a torcida do Corinthians, em cujo estádio foi disputada a partida.
Para os atletas verde-amarelos sobraram aplausos. O atacante Everton, que ganhara a posição depois de entrar bem nos dois duelos anteriores, foi festejado desde o anúncio da escalação e fez crescerem os elogios. Marcou um bonito gol, superou a marcação repetidas vezes e ouviu seu apelido gritado pela multidão: “É Cebolinha”.
Toda essa festa foi construída após minutos iniciais que não tinham sido bons para os donos da casa. Invertendo a ordem das partidas anteriores, nas quais começou pressionando e deixou o ritmo cair, a equipe dirigida por Tite encontrou dificuldades no princípio diante de um adversário que não se limitava a marcar.
Os peruanos chegaram a assustar em falta sofrida por Guerrero e animaram sua torcida, que compareceu em bom número à arena do Corinthians. Os anfitriões sofriam para trocar passes até que tudo se clareou em um escanteio. Aos 12 minutos, Coutinho fez a cobrança e, após dois desvios, Casemiro aproveitou a sobra para marcar de cabeça.
Sete minutos depois, o goleiro Gallese se atrapalhou na saída de bola e a chutou em cima de Firmino. Após batida na trave, Firmino driblou o arqueiro, balançou a rede e tornou de vez fácil um jogo que começou difícil.
Os visitantes se abateram, a confiança dos donos da casa cresceu, e o que se viu a partir daí foi total domínio.
A seleção brasileira passou a trocar passes rápidos, levando vantagem ampla sobre a marcação. Quando a jogada era invertida da direita para a esquerda e Everton se via no mano a mano com Advíncula, a diferença era enorme. Aos 32, o atacante encarou o defensor e fez a rede de Gallese ser balançada de novo.
Os primeiros gritos de “olé” surgiram ainda no primeiro tempo, e o domínio foi mantido no segundo. Aos oito minutos, Daniel Alves tabelou com Firmino e fez o seu. Foi a deixa para Ricardo Gareca desistir do ataque e tentar controlar o prejuízo no saldo de gols -que pode definir a classificação ou não do Peru como um dos dois melhores terceiros colocados.
Guerrero foi sacado, sob muitas vaias, tratamento que foi repetido em menor grau a Cueva, outro bem conhecido do público brasileiro.
Do outro lado, Tite deu descanso a Filipe Luís, Casemiro e Filipe Luís, dando a Alex Sandro, Allan e Willian a oportunidade de alguns minutos em campo no jogo fácil. Willian fechou a goleada, aos 45, e ainda houve tempo para Jesus perder pênalti.
Na ótima vitória, uma notícia ruim. Naqueles minutos iniciais complicados da seleção, Casemiro cometeu falta dura, recebeu seu segundo cartão amarelo na Copa América e terá de cumprir suspensão. Seu substituto será Allan, que foi acionado na goleada, ou Fernandinho, que não ficou nem no banco diante dos peruanos, mas trabalha para se recuperar de dores no joelho direito.
PERU
Pedro Gallese, Luis Advíncula, Miguel Araujo, Luis Abram e Miguel Trauco; Renato Tapía, Yoshimar Yotún (Edison Flores), Andy Polo, Christian Cueva (Josepmir Ballón) e Jefferson Farfán; Paolo Guerrero (Christofer González). T.: Ricardo Gareca
BRASIL
Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís (Alex Sandro); Casemiro (Allan), Arthur e Philippe Coutinho (Willian); Gabriel Jesus, Everton e Roberto Firmino. T.: Tite
Estádio: Arena Corinthians, em São Paulo (SP)
Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina)
Assistentes: Hernán Maidana (Argentina) e Eduardo Cardozo (Paraguai)
VAR: Andres Rojas (Colômbia)
Público: 42.317 pagantes/2.750 não pagantes
Renda: R$ 10.009.095
Cartões amarelos: Casemiro e Thiago Silva (Brasil); Yotún e Advíncula (Peru)
Gols: Casemiro, aos 12min, Roberto Firmino, aos 19min, e Everton, aos 32min do primeiro tempo; Daniel Alves, aos 8min, e Willian, aos 45min do segundo.
As informações são de Marcos Guedes e Carlos Petrocilo/Folhapress