Bombardeios dos EUA ao Irã geram crise diplomática: condenações, elogios e reuniões de emergência
Ataques dos EUA a instalações nucleares no Irã agravam tensão global e ampliam crise no Oriente Médio
Presidente Trump anuncia destruição de centros de enriquecimento iranianos; líderes mundiais reagem com apelos por diplomacia e temor de nova escalada
Os Estados Unidos realizaram, neste domingo (22), uma ofensiva militar contra três instalações nucleares estratégicas no Irã, aumentando de forma expressiva a tensão no Oriente Médio. A ação marca a entrada direta de Washington na campanha de bombardeios iniciada por Israel e põe fim a dias de especulações sobre a participação americana no conflito.
Em pronunciamento televisionado direto da Casa Branca, o presidente Donald Trump afirmou que os ataques “destruíram completamente” os principais centros de enriquecimento de urânio iranianos. “O Irã, o tirano do Oriente Médio, precisa agora fazer a paz”, declarou o presidente americano.
A resposta de Teerã foi imediata e contundente. O governo iraniano considerou a ofensiva um ato de guerra e prometeu represálias, enquanto aliados de ambos os lados e organismos internacionais expressaram preocupação com o risco de uma escalada descontrolada.
Reação iraniana: “A guerra começou”
O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, classificou os bombardeios como “ultrajantes” e um “ataque criminoso contra a soberania nacional”. Pelas redes sociais, Araghchi afirmou que o Irã se reserva o direito de adotar todas as medidas necessárias em legítima defesa, conforme prevê a Carta da ONU.
A Organização de Energia Atômica do Irã também condenou os ataques, descrevendo-os como uma “violação bárbara do direito internacional” e prometeu que o programa nuclear iraniano não será interrompido.
Israel elogia ofensiva e celebra “cumprimento de promessa”
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, celebrou os ataques conduzidos pelos Estados Unidos. Em vídeo divulgado logo após a ação, Netanyahu afirmou que a decisão de Trump “mudará a história” e conduzirá a região a um “futuro de prosperidade e paz”.
“Cumpri minha promessa ao povo de Israel. As instalações nucleares iranianas estão destruídas”, disse o premiê israelense, reforçando o apoio incondicional de seu governo às medidas tomadas por Washington.
Europa pede moderação e retorno às negociações
Líderes europeus reagiram com cautela, pedindo contenção e uma solução diplomática. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, pediu ao Irã que retome imediatamente as negociações nucleares. “O Irã jamais poderá desenvolver uma arma nuclear, e os EUA tomaram medidas para aliviar essa ameaça”, escreveu Starmer na rede X.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, reforçou o apelo por diálogo. “Peço a todas as partes que recuem e evitem uma nova escalada”, afirmou, anunciando que os ministros das Relações Exteriores da UE discutirão o agravamento da situação nesta segunda-feira.
Condenação da China e da Rússia
A China criticou duramente a ação militar dos EUA, classificando os bombardeios como “fatores de agravamento da crise regional”. O Ministério das Relações Exteriores chinês instou todas as partes, especialmente Israel, a cessarem imediatamente as hostilidades.
A Rússia, por sua vez, emitiu comunicado chamando os ataques de “irresponsáveis” e “flagrante violação do direito internacional”. Moscou ressaltou que a ofensiva representa um perigoso precedente de intervenção armada contra um Estado soberano.
ONU alerta para risco de escalada descontrolada
O secretário-geral da ONU, António Guterres, qualificou a ação militar como “uma escalada perigosa em uma região já fragilizada por conflitos”. Guterres reforçou que “não há solução militar para esta crise” e que “a diplomacia é a única saída viável”.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço nuclear da ONU, informou que, até o momento, não foi registrado aumento de radiação nas áreas próximas aos locais atingidos. A agência anunciou uma reunião de emergência para avaliar os impactos da ofensiva.
Vaticano pede paz e alerta para crise humanitária
O Papa Leão XIV, durante a tradicional oração do Angelus no Vaticano, fez um apelo à comunidade internacional. Diante do que classificou como “notícias alarmantes no Oriente Médio”, o pontífice pediu o fim imediato das hostilidades.
“Cada nação tem a responsabilidade moral de impedir que a guerra se transforme em uma tragédia irreparável”, declarou o Papa, que também lembrou a grave situação humanitária em Gaza, intensificada pelo prolongamento do conflito.
Países árabes e Paquistão expressam preocupação
O governo do Iraque alertou que a escalada militar promovida pelos Estados Unidos ameaça diretamente a segurança e a estabilidade da região. O porta-voz iraquiano, Basim Alawadi, considerou a ação americana uma ameaça à paz no Oriente Médio.
A Arábia Saudita demonstrou “grande preocupação” com o ataque, pedindo que todas as partes envolvidas adotem medidas para evitar um novo ciclo de violência.
O Paquistão, único país islâmico com arsenal nuclear, classificou os bombardeios como “violação das normas internacionais” e ressaltou o direito do Irã de se defender, conforme os dispositivos da ONU.
Grupos ligados ao Irã condenam a ofensiva
O grupo palestino Hamas repudiou o que chamou de “agressão flagrante” dos Estados Unidos contra a soberania iraniana, considerando os ataques uma “grave ameaça à paz internacional”.
No Iêmen, os rebeldes houthis, aliados de Teerã, denunciaram a ação como uma “declaração de guerra” por parte do governo Trump e prometeram total apoio ao Irã diante da crise.
( Com AFP )