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Até o momento, ‘fosfo’ não pode ser considerado medicamento, diz médico

‘É panaceia’, diz presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
MCTI divulgou primeiros resultados de testes com fosfoetanolamina.

Por Mariana Lenharo

Do G1, em São Paulo

 

Até o momento, a fosfoetanolamina não pode ser considerada um medicamento, alerta o oncologista Robson Moura, presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, diante dos primeiros resultados de testes com a substância feitos sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“Neste momento, a fosfoetanolamina ainda não pdoe ser considerada um medicamento. Não estou dizendo que isso nunca vá acontecer, mas hoje não existem estudos clínicos feitos com critério científico que demonstrem que pode ser uma droga eficaz”, diz. “Se estudos futuros encontrarem mais uma droga para ajudar no arsenal de combate ao câncer, ela vai ser muito bem-vinda. O que não queremos é um produto químico como uma panaceia para curar o câncer.”

Os testes demonstraram que oscomponentes cápsula tem baixa atividade citotóxica e antiproliferativa. “Ela não foi capaz de matar, destruir a célula cancerígena. Isso está claro”, diz Moura.

Para o especialista, também chamou a atenção a baixa concentração de fosfoetanolamina contida na cápsula. O relatório aponta que, apesar de a informação contida no rótulo ser “fosfoetanolamina sintética, 500 mg”, as cápsulas pesavam entre 233 mg e 368 mg. A porcentagem de fosfoetanolamina presente nas cápsulas era de apenas 32,2%. “A avaliação química mostra que o produto não é puro, o que não é incomum em medicações. Porém, apenas um terço do protudo é o que se esperaria da droga ativa. Isso nos chama a atenção e nos preocupa.”

A boa notícia é o fato de os testes terem mostrado que a substância tem um bom limite de segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm potencial de fazer mal

Testes devem continuar
Apesar dos resultados iniciais não apontarem para a eficácia da substância contra o câncer, Moura afirma que novos testes futuros podem revelar que ela funciona para tipos específicos de tumor, em circunstâncias determinadas. “Para cada tipo de câncer, é preciso fazer uma pesquisa específica. Esses estudos começaram há poucos meses. Não será em seis meses que se obterá uma resposta suficiente para jogar fora ou descobrir uma pílula do câncer”, diz.

A boa notícia dos resultados preliminares, segundo Moura, é o fato de os testes terem mostrado que a substância tem um bom limite de segurança, ou seja, mesmo doses altas não têm potencial de fazer mal aos pacientes.

Pesquisas paralelas
O MCTI coordena, ao lado do Ministério da Saúde, uma iniciativa federal para pesquisar a substância, anunciada em outubro de 2015. Na ocasião, foi anunciado que o projeto teria um financiamento de R$ 10 milhões por parte do MCTI.

Três laboratórios estão participando dessa etapa inicial do estudo: o Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), em Santa Catarina, o Laboratório de Avaliação e Spintese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio-UFRJ) e o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC)

Está em curso ainda uma outra iniciativa para pesquisar a substância, esta financiada pelo governo do estado de São Paulo e coordenada Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).

Moura considera importante que a droga esteja sendo pesquisada em mais de uma iniciativa “Quanto mais gente estiver trabalhando nisso, mais facilmente se poderá chegar a um resultado.”