Águas do Cerrado abre arte de rua do fotógrafo Rai Reis
Exposição acontece neste sábado em Chapada dos Guimarães
“Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do cerrado”. A frase é bem conhecida e tem autoria do poeta cuiabano Nicolas Behr, um apaixonado pela paisagem exótica, rústica e ao mesmo tempo sensível do cerrado brasileiro. Behr, Manuel de Barros, Ivens Scaff e Lorenzo Falcão terão suas poesias impressas na arte de rua do fotógrafo Rai Reis, que pela primeira vez em 30 anos de carreira cria uma intervenção urbana, utilizando fotos do cerrado em tamanho grande, intermeadas a frases destes escritores. O “lambe-lambe” como gosta de chamar Rai é parte da programação do projeto “Águas do Cerrado”, promovido pela Casa de Guimarães, e poderá ser visto em vários pontos da cidade de Chapada dos Guimarães neste sábado (25), quando acontece o show de Osvaldo Montenegro e Tetê Espíndola.
“O mundo cerrado”, título do livro de poesias do escritor e jornalista Lorenzo Falcão, que mostra o cerrado como “um tronco do mundo a desfocar a imagem e encarquilhar o pensamento” pode ser uma boa interpretação para o que faz essa paisagem meio que suja, velha, do bioma mais antigo do planeta ser a inspiração para as telas de artistas plásticos como Miguel Penha, para a fotografia de Rai Reis ou para os contos e poesias do cuiabano Ivens Scaff.
A proposta deste conhecido fotógrafo é sensibilizar, unir a mensagem de conscientização do projeto “Água do Cerrado “ com um choque na paisagem urbana da capital mato-grossense, situada no berço das águas deste Brasil Central. Serão 10 fotos em tamanho grande acompanhadas de poesia. “Sempre quis usar a foto como arte de rua, disponibilizar arte para o cidadão. O que estou fazendo usa um pouco da linguagem do grafite, para criar o impacto”, explica.
A fotografia de paisagem para Rai Reis veio bem depois da consolidação da sua carreira como fotógrafo. “Eu sempre andei pelo mato, na natureza. Mas deixava a máquina em casa. Depois fui desvendando e passei a fotografar cerrado, pantanal, Amazônia”, conta. Da lente da máquina, Rai vê e retrata um cerrado homogêneo, “parece que está pedindo socorro. Quando o fogo passa, ele mostra a sua potência, renasce”, descreve. Por fim, promete mostrar com o projeto “Águas do Cerrado” um pouco do resultado de suas caçadas de imagens pelo cerrado. “Eu nunca sei o que vai sair, mas sempre tem um pouco do fator psicológico, uma extensão do inconsciente”, filosofa rindo.
O cerrado é a razão da essência do artista plástico Miguel Penha desde a sua infância. A partir de 1980, quando começou a retratar a tortuosidade das árvores, ele diz se inspirar num “cerrado resistente, com uma força e um poder inigualável e desconhecido, o dramático é a ação destruidora do homem, indiscriminada, sem conhecimento da importância do cerrado para o Brasil”, diz.
Telas do tamanho do cerrado que estrategicamente podem trazer a mata pra dentro de casa e o retrato fiel do que já foi o maior bioma do território brasileiro. “Meu prazer é pintar o que gosto, o que vejo, mostrando assim a força do cerrado, e daí as pessoas passam a conhecer e quem sabe valorizar o bioma. Quem compra, o faz por amor e respeito, e em muitos casos ficam maravilhadas com a beleza do cerrado, com as cores, a luz e cada detalhe colocado na tela, onde meu conhecimento indígena sobre a vegetação aflora em cada pintura”, ressalta Rai.
Serviço
Exposição Águas do Cerrado – Arte de Rua de Rai Reis
Local: Praça Dom Wunibaldo- 25/06 – Chapada dos Guimarães
Por Equipe YOD Comunicação Integrada