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Avião acidentado em Ubatuba, SP — Foto: Reprodução

Acidente aéreo em Ubatuba: mãe internada em estado grave é lembrada por proteger os filhos

Mireylle Fries e outras vítimas do acidente aéreo recebem transferência para São Paulo

O resgate das vítimas do avião que caiu em Ubatuba (SP), na manhã de quinta-feira (9), foi marcado por rapidez e solidariedade. A mobilização envolveu tanto policiais e bombeiros quanto trabalhadores e turistas que estavam no local. Alguns tentaram quebrar as janelas da aeronave para salvar os ocupantes, enquanto outros usavam água do mar para conter as chamas. Entre os relatos emocionantes, destaca-se o de Mireylle Fries, de 41 anos, que, segundo testemunhas, priorizou o resgate dos filhos, sendo considerada uma “heroína”.

Solidariedade imediata

O serralheiro Lino Ferreira Batista Junior, de 38 anos, foi um dos primeiros a chegar ao local do acidente. Ele conta que estava a caminho de um cliente quando presenciou a explosão, inicialmente confundida com um treinamento ou incidente doméstico:

— Eu estava dirigindo, mas, como precisava falar com o cliente, trocamos de motorista pouco antes. Acho que Deus nos protegeu nesse intervalo. Quando percebemos que era um avião, largamos o carro e corremos para a areia. Algumas pessoas pediam para não irmos, com medo de uma nova explosão, mas não dava para ignorar. Havia gente viva pedindo socorro. Naquele momento, a única preocupação era salvar vidas — relatou Lino.

Ele descreve a dificuldade enfrentada ao tentar quebrar as janelas da aeronave:

— Procuramos algo para quebrar o vidro, mas os pedaços de concreto não funcionavam. Só conseguimos avançar quando encontramos um pedaço de ferro, possivelmente de um poste. Foi assim que conseguimos retirar as crianças.

Esforço coletivo

Pedro Romano, de 25 anos, também participou do resgate. Ele trabalhava em uma cozinha próxima ao aeroporto quando ouviu o barulho das turbinas do Cessna Citation 525 e presenciou a explosão:

— Corri para a água e ajudei a retirar as vítimas. O piloto foi o primeiro com quem tivemos contato, mas ele estava preso pelo cinto e não conseguimos soltá-lo. Quando ouvi gritos no fundo do avião, corri até lá e ajudei a retirar as crianças — lembrou Pedro, que sofreu escoriações nas mãos e queimaduras nos pés devido ao querosene de aviação.

Heroísmo reconhecido

Tanto Lino quanto Pedro exaltaram a atitude de Mireylle Fries, que, mesmo em meio ao caos, priorizou o socorro dos filhos. Segundo testemunhas, ela conseguiu colocar a cabeça para fora da janela quebrada, mas retornou para dentro da cabine para garantir que as crianças fossem resgatadas primeiro.

Mireylle, de 41 anos, foi submetida a cirurgia no Hospital Regional de Caraguatatuba antes de ser transferida para um hospital privado em São Paulo, onde segue internada em estado grave. O marido, Bruno Almeida Souza, de 48 anos, e os filhos Ayla e Lucca, de 4 e 6 anos, também foram hospitalizados, mas apresentam quadros estáveis, conforme informações da Secretaria Estadual de Saúde.

A tragédia comoveu moradores e turistas da região, evidenciando atos de coragem e solidariedade em um momento de extrema dificuldade.