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A HUMANIDADE É MOVIDA MAIS PELOS DESEJOS QUE PELAS NECESSIDADES

Por Jose Ribeiro*

VEJAM ALGUMAS ATITUDES CONSUMISTAS POR FALTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Desempregado que sacou o FGTS

Na época que o governo liberou os saques de FGTS de contas inativas, em 2018, eu assisti uma entrevista com um senhor de 58 anos que estava desempregado e descobriu que que tinha mais de R$ 18.000,00 nas contas do FGTS. Sacou e comprou um pacote de viagem para ele e a namorada para Porto Seguro. E disse que se na volta ainda tivesse dinheiro iria para o hotel Jequitimar no Guarujá.

  • Ele poderia ter usado seu talento, seja qual for, para trabalhar com ele e fazer esse dinheiro render. Existem centenas de meios para iniciar uma atividade com esse valor, mas ele preferiu torrá-lo.

Cabeleireira do Rio de Janeiro

Na mesma onda consumista, uma cabeleireira carioca concedeu entrevista para um programa de TV comentando que aproveitou as facilidades de crédito e financiou seu primeiro carro, trocou a geladeira e os móveis da casa, comprou TV LED 42” parcelado em 12 meses. E quando acabasse de pagar TV compraria equipamentos novos para o estúdio de beleza, incluindo condicionador de ar.

  • Ela deveria ter feito ao contrário, adquirindo primeiro os equipamentos para seu empreendimento, de onde vinha sua renda.

Outro exemplo inexplicável é que o Brasil é o segundo maior mercado mundial de artigos para pets, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Mas a renda média do americano é 7 vezes maior que a do brasileiro. Por lá, os salários costumam ser calculados de forma anual e não mensal como fazemos por aqui. De acordo com o Census Bureau (o IBGE americano), a renda familiar média dos EUA em 2024 foi de US$ 74,580 equivalente a US$ 6,215.00/mês.

Para melhor compreender a situação sugiro que não se deve fazer conversão de moeda para não distorcer o cálculo e vamos falar em unidade monetária. O americano ganha e gasta em dólares. O brasileiro ganha e gasta em Reais.

  • Mas, apenas para matar a curiosidade façamos uma comparação: para o brasileiro assalariado ter o padrão de vida do americano do mesmo estrato social precisaria ganhar R$ 383.617,00 no ano ou o equivalene a R$ 31.968,00 mensais, que para os padrõesbrasileiro é de Classe-A.

E como se explica que um país pobre consegue a proeza de alavancar o crescimento das vendas desse segmento em dois dígitos por ano há mais de uma década?

Vejam outras atitudes consumistas e intempestivas devido ao apego consumista

As pessoas fazem coisas mirabolantes sem levar em conta os compromissos já assumidos, mas a maioria acredita que são coisas normais. São atitudes intempestivas que trazem transtornos para as próprias pessoas e também os seus credores, suas famílias e outras pessoas que fazem parte do convívio e que não tem poder de interferir e, portanto é necessário conhecer a existência desses hábitos para estabelecer regras mais seguras sobre análise e concessão de crédito.

BERNARD SHAW (1856/1950) já dizia que a humanidade é movida mais pelos desejos que pelas necessidades

Casos das festas de exposição agropecuária e festas de rodeios pelo interior afora

O comerciante, varejista principalmente, precisa ficar atento a esses eventos pontuais que estrangulam a economia de uma pequena cidade. Isso ocorre com as feiras e exposições agropecuárias e festas de rodeio que geram dois tipos de desequilíbrio na economia local:

1 – No período que antecede a festa propriamente dita já são organizadas algumas atividades menores como jantares e bailes para eleger a rainha da festa, tudo isso como forma de pré-aquecimento para a festa principal. Isso leva parte da população se preparar para frequentar esses ambientes vestidos a rigor, tais como botas sofisticadas que chega a custa R$ 1.000,00, cintos, jeans, camisa xadrez e chapéus da moda na casa dos R$ 500,00 e como comércio aproveitou a oportunidade para inflacionar os preços desses itens a maioria gastam desordenadamente comprando à prazo porque não dispõe de renda suficiente para comprar à vista. Sem contar os casos em que a pessoa vende bens domésticos para poder gastar nesses eventos. Isso é CONSUMISMO desenfreado.

2 – No período pós-festa caem as vendas no comércio porque uma parcela da população gastou demais para se divertir e frequentar os vários dias de festejos e agora terão uma espécie de quarentena para depois começar consumir novamente e as vendas à prazo do período pré-festa entram na fase da inadimplência.

Operadora de telemarketing em São Paulo

Uma pesquisa com jovens sobre emprego e desemprego conversou com uma, cujos desejos de consumo reflete a falta de educação financeira aliada ao consumismo irresponsável.

Essa jovem que havia ficado desempregada por mais de um ano e naquele momento tinha acabado de passar pelo contrato de experiência e foi efetivada numa empresa de telemarketing, com jornada diária de 6 horas e remuneração de 1 salário mínimo.

Ao final da entrevista perguntaram quais eram os seus sonhos e ela disse que o primeiro já havia conseguido que era o emprego e o seu próximo desejo de consumo era comprar um carro…..

Casamento luxuoso de um casal de baixa renda em Cuiabá-MT

Conheci um casal de jovens de famílias de baixa renda, que pouco tempo antes da pandemia fizeram a recepção do casamento na Associação de Magistrados e contrataram os serviços de um conceituado “buffet”, que preparou um jantar para 200 convidados, mas apenas 80 compareceram.

Mesmo assim, a mãe da noiva jactava-se que as duas famílias fizeram “economia de guerra” durante três anos para fazer aquela festa.

Taxista de Belém-PA

No auge da onda consumista incentivada pelo governo, um taxista de Belém-PA planejava trocar de carro, porque seu Santana estava com 5 anos de uso. Ocorreu que naquele período sua esposa estava grávida e não tinha renda, mesmo assim preferiram mobiliar o quarto do futuro bebê e gastaram o equivalente a 9 salários mínimo, parcelado em 12 meses e o bebê já nasceu endividado.

Quando acabasse de pagar o quarto é que finalmente, iria trocar de carro.

A Psicologia classifica 06 tipos de personalidade mais complicados para lidar com dinheiro

Esbanjador – Movido por uma ansiedade descomunal, assina cheque  ou saca o cartão de crédito sem pestanejar porque gastar alivia o peso interior, sentimento de culpa e autodestruição.

Vai às compras quando está deprimido como forma de autopunição.

Avarento – Pão-duro, unha-de-fome, sovina, mão de vaca, que também é chamado de muquirana e parece que “carrega um escorpião no bolso”. Síndrome de Tio Patinhas, não leva em conta os benefícios dos produtos ou serviços adquiridos e tem dificuldade em transferir dinheiro do seu bolso para um credor. Por receio de faltar dinheiro mantém patrimônio intocado

Generoso – É aquele que tem sempre uma frase pronta: “Deixa que eu pago”. Sempre disposto a bancar uma rodada de cerveja para os “amigos” aproveitadores. Empresta dinheiro mesmo sabendo que pode não receber, mas ele quer comprar a estima dos outros dando o mínimo de si.

Vive atormentado por sentimentos de culpa e tem enorme carência afetiva.

Anoréxico – Deseja ardentemente ter dinheiro mas tem vergonha disso e é incapaz de pedir aumento de salário ou reembolso, sem sentir remorso. Sentimento de culpa inconsciente e usa o dinheiro para comprar algo que nem deseja e por isso vive cercado de quinquilharias e bugigangas que aumentam a frustração

Voluntarioso – Desdenha o dinheiro e diz que é pobre por opção, quando na verdade tem medo de entrar na arena para competir.

Cultiva convicções anticapitalistas e rejeita o enriquecimento com medo de ser feliz. É incapaz de sentir prazer sem remorso porque associa prazer com coisas proibidas.

Infantil – Esse não sabe quanto ganha e nem quanto gasta e nunca controla se ainda tem saldo na conta bancária ou já está no cheque especial. Leva a vida sem lenço e sem documento.

Irresponsabilidade e infantilismo para mascarar a realidade e crê que alguém vai lhe ajudar e que um outro vem solucionar o problema.

Parece que está sempre à espera do Chapolin colorado.

Consequências da falta de educação financeira

Na Família

  • Atritos e conflitos conjugais e desentendimento entre casais
  • Deterioração no relacionamento familiar e social
  • Desentendimento entre pais e filhos
  • 60% das separações estão relacionadas à problemas financeiros
  • Hipertensão e Depressão
  • Instabilidade emocional
  • Reclusão

No trabalho

  • Absenteísmo acima da média
  • Rotatividade acima da média
  • Pedidos de vales frequentes
  • Pede adiantamento do 13º salário
  • “Vende” as férias para abater dívidas
  • Pede demissão para quitar dívidas com dinheiro do “acerto”
  • Horas extras desnecessárias para “engordar” o salário
  • Baixa produtividade
  • Baixa qualidade do trabalho
  • Dificuldade no relacionamento com Clientes
  • Atritos com colegas de trabalho
  • Reclusão

TUDO ISSO AFETA DIRETAMENE A QUALIDADE DE VIDA DESSAS PESSOAS!!

* Jose Ribeiro é Consultor, Mentor e Palestrante desde 1994.
Graduado em Administração pela Universidade Católica do Paraná, pós-graduado em Gestão de Custos pela Faculdade de Administração e Economia do Paraná (FAE).
Autor dos livros COMO REDUZIR O RISCO DE INADIMPLÊNCIA que será lançado em Fevereiro/25 e GESTÃO DE CUSTO E FORMAÇÃO DE PREÇOS, que será lançado em Maio/25
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