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A depressão está crescendo entre os adolescentes

Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, acessou dados de 176 245 adolescentes de 12 a 17 anos e de 180 459 adultos com 18 a 25 anos — isso no período entre 2005 e 2014. E o resultado foi preocupante: analisando as respostas de questionários ligados ao bem-estar psíquico, a taxa de jovens que reportaram ter sofrido algum episódio de depressão subiu 37%. O pior é que uma a cada seis meninas alegou manifestar o quadro no último ano.

Segundo Miguel Boarati, coordenador do Ambulatório de Transtornos Afetivos na Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o panorama não é exclusividade dos americanos: “Temos notado uma busca acentuada de adolescentes por tratamentos em saúde mental”, afirma o especialista. “Mas não temos um estudo formal para confirmar isso, como nos Estados Unidos”, atesta.

Os autores daquele trabalho não sabem responder com clareza o que está causando esse aumento significativo. Para Boarati, a maior cobrança por bons desempenhos e o cyberbullying podem ser apontados como alguns dos vilões. Mas por que as garotas estariam sendo mais afetadas? Questões hormonais e culturais podem estar envolvidas. Inclusive, o próprio padrão de beleza atual e as exigências por trás dele — que certamente são mais fortes no sexo feminino — teriam um papel importante nesse sentido.

Os impactos na adolescência

É nessa fase da vida que o desenvolvimento social e escolar evolui a pleno vapor. Daí porque a depressão pode ser particularmente perigosa quando ocorre entre os 12 e 17 anos “O adolescente é mais suscetível a apresentar um quadro grave rapidamente”, atesta Boarati. “Ele tem menos recursos que um adulto, que já está encaminhado na vida, para lidar com o problema”. Infelizmente, os sintomas depressivos são acompanhados de uma tendência a consumir álcool e maconha exageradamente e aumentam o risco de suicídio.

Agora um dado chocante: o levantamento americano aponta que as mortes por suicídio na faixa etária dos 10 aos 14 anos superam as por acidentes de carro. “Não temos ideia da extensão desse problema aqui no Brasil”, adverte Boarati. “Muitas vezes os casos não são divulgados. Mas notamos que estão de fato crescendo”. Ele observa que faltam serviços especializados para atender esse público, especialmente em postos de saúde próximos a escolas. Ao reconhecer sintomas suspeitos em um jovem, tenha sensibilidade, mas busque ajuda.

Fonte: MdeMulher